Nordeste Forte reúne empresários em roadshow no Ceará

5/09/2017   16h00

Um ponto de convergência pelo desenvolvimento regional do Nordeste, em meio ao cenário difuso da política. É desta forma que o presidente da Federação das Indústrias do Ceará, Beto Studart, define a iniciativa, com a retomada de atuação da Sudene e a mobilização das Federações das Indústrias dos estados nordestinos, por meio da Associação Nordeste Forte, em debater e planejar ações para o crescimento da economia regionalmente.

 

Studart defendeu, em discurso de abertura do roadshow “Investimento e Desenvolvimento do Nordeste” no Ceará, uma política regional diferenciada. O encontro realizado na sede da FIEC, em Fortaleza, na manhã desta terça-feira (05) reúne empresários cearenses, representantes da Sudene, Nordeste Forte, Apex, BNB e CNI. “O Nordeste anda difuso no entendimento político e esses encontros convergem para o interesse comum que o desenvolvimento da região, com a recriação de uma Sudene, com um posicionamento mais consistente, que vem divulgar mecanismos de financiamento e atender empresários, junto com as demais entidades parceiras. Os estados precisam sobretudo de infraestrutura”, destaca ele.

 

O presidente da FIEB e vice-presidente da Nordeste Forte, Ricardo Alban, destaca a necessidade de maior articulação entre os estados. “É importante pensarmos a economia como parte de um estado, de uma nação e trabalhar na estruturação de uma política especial, que atenda as especificidades da região, os potenciais e necessidades. É isso que buscamos com o roadshow, trazer essa convergência e entendimento de ações que venham agregar”, disse Alban.

 

Para o economista e consultor da FIEC, Firmo de Castro, que proferiu palestra “A questão Nordestina: evolução recente e perspectivas”, o restabelecimento de uma política de desenvolvimento do Nordeste só é possível na perspectiva de um novo governo. Entretanto, pontua ele, há projetos tramitando no Congresso Nacional de interesse regional, como a convalidação dos incentivos fiscais estaduais, a defesa e proteção dos fundos regionais (FNE e FDNE), a regularização da carteira de FNE e Finor, que apresentam um passivo superior a R$ 30 bilhões. Além disso, ele destaca a necessidade de acompanhar a discussão da reforma tributária e da criação da TLP, que poderá ser “prejudicial ao Nordeste”, segundo Castro.

 

“Sensível a isso, o roadshow é uma iniciativa importante para que estas demandas sejam debatidas e também transportadas para Brasília, para que sejam efetivadas ações parlamentares de uma política regional”, enfatiza o consultor econômico da FIEC.

 

Financiamento e incentivos fiscais

 

A criação de condições diferenciadas para reduzir as desigualdades regionais foi a tônica do discurso do superintendente da Sudene, Marcelo Neves. A autarquia apresentou mecanismos de fomento como incentivos fiscais e financiamento com recursos do fundo próprio, o FDNE, como forma de atração de investimentos. O fundo tem R$ 2 bilhões para financiamento, com baixo custo, prazos de 12 a 20 anos, podendo financiar até 80% do investimento total. “Os incentivos fiscais, como a redução do imposto de renda, ainda são responsáveis pela captação de empresas e manutenção das atividades”, frisa Neves.

 

O superintendente destaca o potencial da região no setor de energias renováveis, por exemplo, com 59% de toda energia consumida na região ser gerada de fontes renováveis, como eólica e solar. “Temos uma série de oportunidades, de instrumentos que podem viabilizar a indústria, a economia nordestina e precisamos discutir ações”, afirma Neves.

 

O superintendente do Banco do Nordeste no Ceará, Jorge Bagdêve, espera que medidas recentes de redução da taxa de juros para linhas de financiamento com recursos do Fundo Constitucional para o Nordeste (FNE) permita a maior acesso ao crédito. “O banco tem ferramentas para colocar o FNE em circulação, tanto na atividade produtiva, quanto em infraestrutura. São medidas que melhoraram ainda mais a tomada seja para capital de giro e custeio, seja para investimento”, afirma. O orçamento do FNE para a região é de R$ 26 bilhões, sendo para o Ceará R$ 4,4 bilhões.

 

Para aumentar a competitividade das empresas, sobretudo em momento de crise, o gerente executivo de investimentos da Apex Brasil, Sérgio Ferreira, destaca os programas e incentivos para as exportações. “É uma solução anticíclica direcionar a empresa para o mercado externo”, afirma. Em 2016, as empresas apoiadas pela Apex exportaram US$ 42,5 bilhões, o que representa 22% do total de US$ 185 bilhões exportado em todo o país.
Ferreira apresentou os números das exportações brasileiras entre 2015 e 2016, com ênfase na atuação da região Nordeste, que ocupa a quinta posição na pauta de exportações entre as regiões brasileiras.