Segundo o IBGE, o PIB do RN caiu menos do que o do Nordeste em 2015

20/11/2017   16h08

 

O Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro caiu 3,5% em 2015, segundo dados divulgados na semana passada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Pela primeira vez, a queda foi registrada em todas as unidades da Federação desde o início da série histórica em 2002.

 

O Nordeste praticamente acompanhou a retração nacional, com uma queda de -3,4, mas o Rio Grande do Norte caiu menos, -2,0, devido ao aumento da participação da indústria de transformação em 1,8 ponto percentual. De acordo com o IBGE, entre 2014 e 2015 a participação do Rio Grande do Norte no PIB Nacional aumentou de 0,9% para 1,0%.

 

Segundo a economista Sandra Barbosa Cavalcanti, da Unidade de Economia e Estatística da Federação das Indústrias do RN, o resultado se deve ao desempenho do refino de petróleo e a uma maior participação do setor de eletricidade (energia eólica), gás e água.

 

 

O presidente do Sistema FIERN, Amaro Sales de Araújo, explica que o destaque mais importante de todo o PIB potiguar, no período 2014 – 2015, em meio a grave crise econômica, foi o crescimento de 11,4% no setor de eletricidade, gás e água. “Trata-se, também, do 3º maior crescimento do país, depois do verificado nos Estados ligados à usina hidrelétrica de Belo Monte, Rondônia (35,4%) e Acre (26,4%)”, disse.

 

Sandra Barbosa também analisou os dados do PIB potiguar referentes ao período compreendido entre 2002 a 2014, em que a indústria extrativa apresentou declínio médio de -2,8% (queda na produção, na exploração e nos investimentos da Petrobras), e a de transformação com crescimento de 0,3% ao ano (têxteis e confecções e alimentos). De acordo com Sandra Barbosa, os setores têxteis e confecções, vêm sendo muito atingidos pelas oscilações do câmbio, perdendo competitividade internacional em todo o país.

 

“No segmento de alimentos indústrias importantes encerraram suas atividades; o segmento de processamento de pescados também perdeu competitividade devido a valorização do câmbio; e o fim do boom da carcinicultura também pesou desfavoravelmente na indústria”, explica a economista da FIERN.

 

Outro fator que prejudicou a performance econômica do estado, segundo a economista, foi a seca, principalmente a produção e processamento de castanhas. “Estamos importando a matéria-prima para processar e exportar. A fabricação de laticínios também declinou com a seca. Tivemos também o fechamento de uma indústria de fabricação de açúcar (a Vale do Ceará Mirim)”, afirma Sandra Barbosa.

 

Os dados relativos ao período 2002-2014 provocaram intensa repercussão no Estado. A economista reconhece que a contração nos setores extrativo e de transformação é preocupante porque representa pouco mais da metade da indústria estadual, mas faz uma ressalva: “Faltou mencionar o desempenho dos demais setores industriais que, juntos, representam 46% e cresceram acima da média nordestina”.

 

Entre os setores que cresceram figuram a construção civil (4,8% ao ano), com a quarta maior taxa do Nordeste, e a indústria de eletricidade, gás e água, que cresceu 5,1% ao ano, a quinta maior do Nordeste. “Esta última se deve, particularmente, aos novos investimentos no setor de geração eólica do qual, o Rio Grande do Norte desponta como a maior potência instalada”, analisa o presidente da Federação das Indústrias, Amaro Sales de Araújo.

 

Os dados divulgados pelo IBGE indicam que no mesmo ano, apenas cinco estados responderam por 64,7% do PIB nacional: São Paulo, com 32,4%; Rio de Janeiro (11%); Minas Gerais (8,7%); Rio Grande do Sul (6,4%); e Paraná (6,3%). Juntos, no entanto, eles tiveram a participação encolhida no total da economia brasileira em 0,2 ponto percentual, em relação a 2014.

 

Para Sandra Barbosa, apesar da situação delicada dos setores industriais tradicionais, como extração de petróleo e gás e da cadeia de têxteis e confecções, uma nova matriz industrial está sendo criada no Rio Grande do Norte, a geração de energia eólica.