Abertura do Encontro Econômico Brasil Alemanha é marcada por compromissos com a cooperação econômica

16/09/2019   13h04

 

 

O 37º Encontro Econômico Brasil Alemanha (EEBA) começou na manhã desta segunda-feira (16), com compromissos de ampliação da cooperação bilateral que amplie as possibilidades de desenvolvimento para o país, a partir do estreitamento das relações do Nordeste com a economia alemã. Esta foi a ênfase dos pronunciamentos do presidente da República em exercício, Hamilton Mourão; do presidente da CNI, Robson Andrade; do presidente da FIERN, Amaro Sales; da governadora do Rio Grande do Norte, Fátima Bezerra; do presidente da Federação das Indústrias Alemãs (BDI), Dieter Kempf; do vice-ministro da Economia e Energia da Alemanha, Thomas Bareiss; e do secretário de Negociações Bilaterais no Oriente Médio, Europa e África, Ministério das Relações Exteriores, Kenneth da Nóbrega.

 

O encontro reúne, nesta segunda (16) e terça-feira (17), no Centro de Convenções de Natal, líderes do setor empresarial e representantes dos dois governos para discutir oportunidades de cooperação e de estreitamento das relações econômicas entre os dois países. O 37º Encontro Econômico Brasil Alemanha (EEBA) é realizado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) e pela Federação das Indústrias Alemães (BDI) com o apoio da Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Norte (FIERN).

 

 

 

O presidente da República em exercício, general Hamilton Mourão, destacou que a inserção internacional do país é fundamental para a próxima etapa do processo de desenvolvimento econômico brasileiro. “Estamos executando uma agenda econômica para recolocar o Brasil nos trilhos do desenvolvimento, com reequilíbrio das contas públicas e elevação da produtividade”, destacou.

 

Para ele, o EEBA é uma oportunidade para apresentar a visão do governo aos empresários dos dois países. “Essa é uma oportunidade de apresentar a visão do governo a um grupo de empresários, que acreditam na retomada do crescimento da economia. Temos a clara percepção do papel de cada país e isso é importante, porque a Alemanha é a principal economia europeia, a quarta maior mundial e o principal parceiro comercial do Brasil na Europa, um importante investidor no setor industrial e tradicional defensor e integrador europeu”, disse Mourão, ao ressaltar a importância da relação econômica dos dois países.

 

O presidente da FIERN, Amaro Sales de Araújo, frisou em seu discurso, na abertura do evento, que tudo converge a favor de uma grande aliança entre a Alemanha e o Brasil, a partir da região Nordeste e, em particular, do Rio Grande do Norte. Ele ressaltou a importância do acordo comercial entre o Mercosul e a União Europeia para a região. “Estamos acompanhando com muito interesse as tratativas do Mercosul e da União Europeia, aliança comercial estratégica para o Nordeste e que deve ser defendida por todos como uma causa de interesse nacional”, enfatizou Amaro Sales, ao apresentar as potencialidades econômicas do estado e da região.

 

Foto: Moares Neto

 

Além de uma matriz econômica diversificada – com destaque para energias renováveis, petróleo, mineração, fruticultura, indústria têxtil e de confecções, sal marinho, cerâmica vermelha e turismo -, pontua o presidente da FIERN, o Estado possui o melhor IDH do Nordeste; apresenta um bônus demográfico com mais 54% da população na faixa ativa para trabalho; e mesmo com a crise, entre 2010 e 2016, o PIB potiguar cresceu 5,8%, enquanto a média nacional ficou em 2,3%.

 

“O Nordeste e o Rio Grande do Norte devem ser considerados como novas fronteiras para as relações bilaterais Brasil e Alemanha, considerando não apenas o extraordinário potencial turístico e a matriz econômica diversificada que apresentamos, mas a proximidade entre nossas instituições e o firme propósito dos líderes – de todos as esferas – em consolidar este caminho de diálogo e bons negócios”, frisa Amaro Sales.

 

 

Foto: Moraes Neto

O principal tema da agenda do setor privado, de acordo com presidente da CNI, Robson Braga de Andrade, é o lançamento de negociações para a celebração de um novo acordo para evitar a dupla tributação. “O acordo, que define a competência para tributar entre as autoridades fiscais dos dois países e reduz a carga tributária agregada para operações bilaterais, é essencial entre nações com fluxo intenso de comércio e investimentos”, disse o presidente da CNI. Braga enfatizou que, para obter avanço nas deliberações, é necessário que os dois governos estabeleçam uma agenda para discutir o modelo de acordo e definam pontos focais com poder decisório para participarem dessas discussões.

 

A implementação de reformas estruturais, como da Previdência, “essencial para dar sustentabilidade às contas públicas”, e tributária “que permitirá melhores condições competitivas ao eliminar o excesso de obrigações burocráticas que prejudicam os empreendedores e o comércio internacional”, na avaliação de Braga, é essencial para a retomada do crescimento econômico do país. “Acredito ser este o momento ideal para retomarmos nossa colaboração e ampliarmos o comércio e os investimentos bilaterais, restaurando a confiança, o crescimento e a prosperidade”, frisou o presidente da CNI.

 

 

Foto: Moraes Neto

 

O presidente da Federação das Indústrias Alemãs – BDI, Dieter Kempf, fez uma enfática defesa da cooperação e da economia liberal como o caminho para o crescimento e da industrialização do Brasil e da Alemanha. Ele também afirmou é preciso manter os acordos climáticos e comerciais e lamentou o tom de conflito adotado pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Ele classificou como algumas medidas adotadas pelo atual governo norte-americano como de isolamento e contrárias às necessidades do desenvolvimento global.

 

O presidente da BDI também defendeu uma ação para preservar a Amazônia e o combate às queimadas na região. “Os incêndios na Amazônia nessa época são normais, o que não é normal é a dimensão dos atuais. É preciso olhar para isso porque a Amazônia diz respeito a todos nós. É um tema de interesse não só dos brasileiros, mas da humanidade”, declarou. Kempf apontou que a Amazônia é o “desafio do século XXI”.

 

Para ele, é essencial também garantir que o acordo entre o Mercosul e a União Europeia não só seja preservado como possa avançar. Ele disse que o diálogo sobre o problema da bitributação deve solucionado.

 

Secretário de Negociações Bilaterais da Ministério das Relações Exteriores, Kenneth da Nóbrega, afirmou que a confiança é um dos principais aspectos do intercâmbio entre o Brasil e a Alemanha. Ele disse que mais do que o sexto destino das exportações brasileiras, a economia alemã, hoje, tem um relacionamento de confiabilidade com as empresas brasileiras. Ele informou que o ministro Ernesto Araújo (Relações Exteriores) estará em Berlim para novas rodadas de diálogos sobre ampliação do intercâmbio.

 

 

Foto: Moraes Neto

Para Thomas Bareiss, vice-ministro da Economia e Energia da Alemanha, é necessário empenho no acordo que foi firmado entre o Mercosul e a União Europeia. “Precisamos de soluções conjuntas e na Comissão Mista Brasil-Alemanha poderemos discutir a questão a bitributação e encontrar soluções [negociadas]”, acrescentou.

 

Para a governadora Fátima Bezerra, a interação entre as economias com potenciais de desenvolvimento como as do RN e dos estados alemães precisa de segurança jurídica e um ambiente de negócio favorável. “Nossa diretriz é a formação de um ambiente favorável aos negócios. Tenho certeza que, em breve, nosso Estado não será conhecido apenas por suas praias paradisíacas, sua natureza estonteante, Sol e vento constantes, mas por ser uma terra de excelentes oportunidades de negócios. Sejam muito bem vindos! Voltem sempre ao Rio Grande do Norte”, ressaltou.

 

Por Aldemar Freire, Jornalista Unicom/FIERN