Artigo do Cônsul Honorário: Encontro Econômico Brasil Alemanha 2019

4/09/2019   13h52

 

Axel Geppert – Cônsul Honorário da Alemanha no RN

 

Parabéns a CNI, a BDI e a FIERN por trazerem esse Encontro Econômico para o RN e para o Nordeste brasileiro. Em 36 anos de existência do evento, só havia sido realizado uma única vez nessa região do Brasil, em Fortaleza.

 

A Região Nordeste, formada por seus nove Estados, conta com uma população aproximada de 55 milhões de habitantes e tem um interessante potencial econômico a ser desenvolvido e explorado em diversas áreas, tais como: Energias renováveis (eólica, solar, biomassa e bio-gás), petróleo, gás natural, fruticultura irrigada, agroindústria, criação de bovinos, ovinos, caprinos e galináceos, mineração, pedras preciosas e ornamentais, pesca profunda de atum, criação de camarão, sal marinho e seu derivados, turismo, indústria têxtil, indústria química, montadora de veículos, e outros tantos setores.

 

Importante destacar que do ponto de vista logístico, em um raio de 7 horas de voo partindo de Natal, é possível alcançar toda a América do Sul, parte da América Central, parte da África, chegar a Portugal e quase chegar a Miami. Observa-se que a região é dotada de uma infraestrutura com vários aeroportos, portos, e estradas que vêm se modernizando, demonstrando ser um setor também de interessantes oportunidades.

 

Percebe-se que, aos poucos, empresas alemãs de diversos seguimentos vêm aumentando seu interesse pelo nordeste. Como exemplo, a BASF está no pólo químico de Camaçari – Bahia, a Fraport detém a concessão do aeroporto de Fortaleza – Ceará, a DHL está com uma base logística em Recife – Pernambuco, a Wintershall com a concessão de exploração de petróleo e gás no litoral do Rio Grande do Norte, a Nordex investe em vários parques eólicos no Nordeste, além de uma fábrica de pás para as suas turbinas eólicas, dentre outras. No que tange as empresas alemãs médias e pequenas, essas têm também conseguido, aos poucos, abrir mercado para seus produtos no Nordeste. De Natal, saem semanalmente dois voos da Lufthansa cargo direto para Frankfurt, levando 120 toneladas semanais de frutas, pescados e outros.

 

Por outro lado, as Universidades Federais dos Estados do Nordeste têm desenvolvido interessantes parcerias e cooperações com Universidades alemãs. Como exemplo, a UFRN (do Rio Grande do Norte) com seus 40 mil estudantes, tem cooperações com mais de 10 universidades na Alemanha, em áreas como neurociências, física, engenharia de materiais, engenharia mecânica, geologia/ geociência, música, direito, entre outros. O Instituto SENAI de Inovação em Energias Renováveis – ISI/ER, está sendo formatado e implantado em Natal, com a consultoria do Fraunhofer Gesellschaft. A GIZ tem participado e apoiado vários projetos no SENAI/CTGAS-ER, em Natal.

 

Dentro deste contexto, o Estado alemão da Renânia Palatinado e o Estado do Rio Grande do Norte vêm desenvolvendo uma parceria desde 2009. As instituições alemãs RLP AgroScience, IHK e HWK Trier, com apoio de empresas, tem cooperando com as instituições do RN, SENAI, Senac e Senar, o que possibilitou, através de alguns exitosos projetos financiados pelo Governo Federal da Alemanha, transferir know how em qualificação de mão de obra para energia eólica, energia solar, biogás, tratamento de água, turismo e edificações com eficiência energética. Com 33 novos cursos disponibilizados no mercado, a qualificação profissional no turismo ganhou o Prêmio nacional do Ministério Federal do Turismo brasileiro.

 

Esses projetos também possibilitaram implementar unidades piloto de tecnologias trazidas da Alemanha, tais como um dessalinizador solar, que funciona dentro de um container e pode ser instalado em qualquer região; um biodigestor implantado em uma indústria de camarão, como solução para processar a cabeça e a casca  (antes um lixo de difícil solução); a primeira casa edificada no Brasil e na América do Sul sob o conceito de Passivhaus (eficiência energética) e certificada pela Alemanha.

 

Em vários setores da economia do Nordeste percebe-se a presença de cooperações ou investimentos alemães. E, por outro lado, nota-se um interessante potencial a ser desenvolvido.

 

Desejamos a todos os participantes do Encontro Econômico Brasil-Alemanha muito sucesso!