Como financiar e desenvolver projetos de inovação na sua empresa

16/10/2018   16h29

 

Inovar é um dos principais fatores de competitividade das empresas. O percurso para colocar um novo produto ou processo no mercado, porém, pode ser burocrático e demorado no Brasil. Uma nova forma de financiar e desenvolver projetos de pesquisa & desenvolvimento (P&D) promete facilitar esse trajeto e estimular a inovação no país. A grande novidade é que o empresário consegue ter acesso, de uma só vez, a fomento, a infraestrutura e a pesquisadores para solucionar desafios de seu interesse. O processo também é mais rápido, flexível e com menor risco.

 

O arranjo surgiu com a criação dos Institutos SENAI de Inovação e da Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial (Embrapii), em 2013. Desde que começou a operar, o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI) entregou 241 projetos e desenvolve atualmente outros 256, que juntos movimentam R$ 527 milhões. Nesse período, a Embrapii investiu R$ 270 milhões em mais de 500 projetos desenvolvidos em parceria com 42 unidades credenciadas.

 

 

ADESÃO – O presidente da Embrapii, Jorge Guimarães, acredita que a alta adesão das empresas comprova o sucesso do modelo. “Foi um casamento perfeito o lançamento dos Institutos SENAI de Inovação e o aparecimento da Embrapii. As empresas perceberam que esse modelo atende àquela grande expectativa de apostar em um projeto com menor risco. Não é sem razão que a adesão das empresas é fantástica, sem precedentes no Brasil”, conta.

 

A inspiração para essa forma de inovar é a Sociedade Fraunhofer, a maior organização em pesquisa aplicada da Europa, contratada pelo SENAI para ajudar na estruturação da sua rede. “Os institutos do SENAI são um modelo bom e sólido, mas o governo brasileiro deve apoiar ainda mais o desenvolvimento de pesquisas orientadas para aplicações”, defende Holger Kohl, vice-diretor do Instituto Fraunhofer IPK.

 

INDÚSTRIA 4.0 – Na entrevista abaixo, o diretor-geral do SENAI e diretor-superintendente do Serviço Social da Indústria (SESI), Rafael Lucchesi, explica como as empresas podem ter ganhos de produtividade e como os empresários devem se inserir na Indústria 4.0:

 

AGÊNCIA CNI DE NOTÍCIAS – Qual é a novidade que o modelo implantado no SENAI e na Embrapii trouxe para o Brasil?

 

RAFAEL LUCCHESI – As empresas estão, cada vez mais, estimuladas a inovar pelo acirramento da competição. No Brasil, a sociedade investe pouco na produção de ciência, mas boa parte do recurso investido é na produção apenas de ciência e pouco na aplicação da ciência. O modelo da Embrapii e da rede do SENAI investe justamente em pesquisa aplicada para atendimento das demandas dos empresários. O SENAI é governado pela indústria e montou 25 Institutos de Inovação, que detêm o domínio profundo das principais competências transversais decisivas para as empresas.

 

AGÊNCIA CNI DE NOTÍCIAS – Quais são as vantagens para o empresário em fazer inovação nesse modelo?

 

RAFAEL LUCCHESI – A principal vantagem é o atendimento das empresas por instituições que têm cultura empresarial industrial. O SENAI tem 76 anos e compreende profundamente as necessidades da indústria. Outras vantagens são o fato de que essas instituições trabalham com as demandas das empresas, com timing empresarial, o tempo de mercado que possui uma lógica de agilidade; em regime de confidencialidade; com domínio profundo das informações, de tal forma que as empresas consigam capturar inovações tecnológicas que vão ser decisivas nos mercados nos quais atuam.

 

 

AGÊNCIA CNI DE NOTÍCIAS – Como as empresas podem ter ganhos de produtividade com inovação e tecnologia?

 

RAFAEL LUCCHESI  – A solução de problemas que incorporam inteligência ao processo fabril é um caminho importante para ganhos de produtividade. O exemplo maior disso é o da manufatura enxuta, o lean manufacturing. O SENAI, por meio dos seus 58 Institutos de Tecnologia, desenvolveu uma série de competências nesse campo, que foram utilizadas no programa Brasil Mais Produtivo. As empresas participantes tiveram ganho médio de produtividade de 52%, o que é notável. Os empresários se sentem então estimulados a ampliar seu elenco de projetos até chegar a uma agenda de inovação mais robusta, com a qual podem dar um novo salto em produtividade.

 

AGÊNCIA CNI DE NOTÍCIAS – Que conselho você daria a um empresário que ouve falar de indústria 4.0? Vale a pena investir?

 

RAFAEL LUCCHESI  – O conselho principal é procurar se informar sobre o tema. A indústria 4.0 vai redefinir todos os processos fabris e causar enorme impacto no deslocamento rápido da fronteira tecnológica, que cria um ponto de exclusão a quem não se inserir. Os empresários, para se manterem nos seus negócios, vão ter de se informar mais e melhor. A rede de Institutos SENAI de Inovação e de Tecnologia está pronta para dar o apoio necessário ao empresário brasileiro nesse campo.