Há 12 anos, todo dia 19 de outubro é destinado a comemorar avanços e, sobretudo, estruturar o desenvolvimento de uma agenda de inovação competitiva e próspera. Na avaliação da Confederação Nacional da Indústria (CNI), apesar do consenso entre lideranças e instituições empresariais sobre a relevância do tema, o Brasil ainda está bem distante de ter uma economia puxada pela inovação, pois os governos, ao longo dos anos, não têm priorizado investimentos nessa área tão estratégica.
Para alcançar esse objetivo, é preciso reduzir o atraso tecnológico, fortalecer a pesquisa e elevar a qualidade da educação, por meio da busca de novas estratégias de inovação capazes de facilitar a absorção, a adaptação e a geração de tecnologias pelas empresas.
“O Brasil tem investido muito pouco em inovação e tem políticas públicas que precisam ser aprimoradas e melhoradas para que possam contribuir com as empresas e com o ambiente de negócios que nós vivemos para que a inovação seja uma referência e um norte para toda a economia brasileira”, afirma o presidente da CNI, Robson Braga de Andrade.
Na série histórica de 2000 a 2019, os dispêndios nacionais em pesquisa e desenvolvimento (P&D) feitos pelo setor empresarial ultrapassaram o investimento público em 7%. De acordo com o Sistema Integrado de Administração Financeira do Governo Federal (Siafi) e Secretarias Estaduais de Ciência e Tecnologia, foram injetados R$ 43,2 bilhões, em 2019, frente a R$ 26,1 bilhões, em 2010.
Já de dispêndios empresariais levantados pela Pesquisa de Inovação (Pintec), em igual período comparativo, foram R$ 46,3 bilhões, em 2019, e R$ 24,4 bilhões no primeiro ano analisado pela série histórica. A pesquisa é realizada, a pedido do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI), a partir de dados fornecidos por empresas estatais federais.
Em relação ao Produto Interno Bruto (PIB), o Brasil destinou em 2019 apenas 1,21% à inovação, sendo que o pico identificado no intervalo de 2000-2019 foi em 2015, quando 1,37% foram aportados em P&D. Em 2010, era somente 1,05%. Torna-se, portanto, indispensável a construção de uma estratégia nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação (CT&I) ambiciosa, de longo prazo e bem coordenada, com vistas a posicionar o país entre as economias mais inovadoras do mundo.
O perfil da inovação no setor privado
O Perfil Setorial da Indústria, ferramenta interativa da CNI, mostra que de cada R$ 100 investidos pelas empresas brasileiras em Pesquisa e Desenvolvimento (P&D), R$ 69 vêm da indústria. Entre 2016 e 2019, em valores correntes, o aporte em inovação de processos e produtos cresceu 33,4% — de R$ 12,7 bilhões para R$ 16,9 bilhões, percentual acima dos 11,2% da inflação acumulada no período (IPCA), o que reforça o empenho do setor industrial em preservar os investimentos em inovação mesmo depois da crise de 2015 e 2016, que prejudicou fortemente a condição financeira das empresas.
Nesse movimento, alguns setores se destacam, como o de produtos farmoquímicos e farmacêuticos, que ampliou seus investimentos em 63,9%, na década, passando de R$ 955 milhões para R$ 1,6 bilhão. Só de 2018 para 2019, o incremento no valor investido do setor foi de 7,9%, ou R$ 115 milhões. Já as empresas de veículos automotores representam as que mais investiram em P&D no período: mais de R$ 2,8 bilhões apenas no ano de 2019. Em seguida, vem o setor de químicos, com investimento da ordem de R$ 2,5 bilhões em P&D.
As novas tecnologias digitais e inovação
Para a CNI, o esforço pela sustentabilidade se apresenta como uma oportunidade para a definição clara do foco e das prioridades a serem seguidas. A criação de ambiente propício à inovação requer a mobilização de todos os atores do ecossistema, mediante a execução de ações em diversas frentes e a ampla representação de distintos segmentos da sociedade.
O êxito de políticas e programas nessa direção está diretamente relacionado ao envolvimento dos órgãos centrais de governo, conforme sugerem experiências internacionais. Portanto, é fundamental que as instâncias de governança tenham seu ponto de partida no núcleo central de poder.
Inovação: o motor do crescimento
Desde 1994, a Confederação Nacional da Indústria (CNI) apresenta à sociedade e aos candidatos sugestões para melhorar o desempenho da indústria. Em 2022, a CNI elaborou um conjunto de propostas, distribuídas em 21 documentos, que foram discutidas e entregues aos pré-candidatos à Presidência da República. Principais propostas para inovação enviadas aos presidenciáveis:
- Estruturação de política de CT&I de longo prazo e de instâncias de governança bem definidas
- Melhoria do ambiente regulatório de CT&I
- Investimento em CT&I em patamares internacionais
- Formação de recursos humanos para inovação