Empreendedorismo feminino cresce em ritmo acelerado

22/11/2021   10h29

 

Mais de 3,2 milhões de mulheres no Brasil são empreendedoras. Desse total, 30% têm um negócio com pelo menos um funcionário contratado e as demais são autônomas. Cerca de 350 mil optaram por empreender na indústria. Os dados são da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua do segundo trimestre de 2021, do IBGE.

 

Segundo o levantamento, a participação feminina no total de empreendedores ainda é minoria – representa 37% do total de empresários formais no país. Mas tudo indica que esse quadro deve mudar em breve: entre o último trimestre de 2015 e o segundo trimestre de 2021 o número de empreendedoras formais cresceu 29%, enquanto no público masculino o aumento foi de 16%.

 

O incremento da presença feminina é ainda mais acelerado na indústria, onde o total de mulheres cresceu 52% no mesmo período comparado. Entre os homens, o crescimento foi de apenas 3%.

 

Outra pesquisa feita pelo IBGE – a Demografia das Empresas e Estatísticas de Empreendedorismo – mostra que as empresas de alto crescimento têm obtido participação crescente de pessoal assalariado do sexo feminino. A participação cresceu de 32%, em 2010, para 38% em 2019.

 

 

Empreender na pandemia

A terapeuta capilar e colorista Maria Gontijo Araújo, de 39 anos, é dona de um salão de beleza em Brasília desde 2008 e, em 2020, assim como muitos donos de negócios, teve de fechar as portas por alguns meses, por causa da pandemia, e se reinventar. A nova fonte de renda veio de um mercado que ainda é novidade no Brasil: shampoos e condicionadores em barra.

 


“Ficamos 5 meses com o salão fechado e eu, que já vinha em um processo pessoal de buscar um estilo de vida mais saudável, resolvi estudar cosmetologia natural. A ideia da Fika surgiu da minha vontade de levar para o salão o que eu estava vivendo na minha vida pessoal. O conceito da Fika é de você escolher, na sua vida, o que vai e o que fica”, conta a empreendedora.


 

Os shampoos e condicionadores são 100% naturais, sem testes em animais e com embalagens recicláveis e biodegradáveis

 

Os produtos são 100% feitos com matérias primas naturais, sem testes em animais, sólidos, sem uso de água e sem produzir lixo, já que as embalagens são de papel compostável e reciclável.

 

“Quando a gente voltou da pandemia eu substitui todos os nossos shampoos e condicionadores convencionais pelos sólidos e nós conseguimos diminuir em quase 40% o resíduo plástico que descartávamos com os frascos de grandes marcas. Agora estamos começando a revender nossos produtos em barra para outros salões”, explica.

 

A ideia da Fika surgiu da vontade de Maria de levar para o salão o que ela estava vivendo na vida pessoal

 

Mulher de negócios

Maria conta que criar a marca durante a pandemia foi um processo feito totalmente online e deu muito certo. Mas lembra que já passou por uma grande dificuldade ao empreender no passado por ser mulher.

 


“Quatro anos depois que abri o meu primeiro salão, em 2008, fui despejada pelo proprietário, porque ele queria o imóvel de volta. O homem era árabe e disse que não negociava com mulheres. Chegou a pedir para eu chamar o meu pai para conversar com ele, porque comigo ele não negociaria”, lembra a empresária. 


 

Segundo Maria, em questão de um mês ela teve que deixar o salão, onde havia acabado de investir R$ 100 mil para uma reforma. “Não foi fácil. Tive que recomeçar por um preconceito de gênero. Hoje eu sou muito exigente em relação a negociações e projetos. Gosto de estar a frente de tudo. Sou eu que tenho que resolver e as pessoas tem que me tratar com respeito.”

 

Da Agência de Notícias da Indústria