Equipe SESI e SENAI leva projeto inovador com energia solar para Torneio Internacional de Robótica

1/08/2022   17h30

 

O potencial do Rio Grande do Norte na geração de energias renováveis será ressaltado e aproveitado pela equipe de robótica SESI-SENAI P0T1BOT, que desenvolveu um projeto que utiliza a energia solar para a recarga de baterias do robô construído para o torneio off season da FIRST Robotics Competition (FRC), no Festival Internacional SESI de Robótica. O campeonato acontece dentro do evento SESI Robotics International Open Brazil, entre os dias 5 e 7 de agosto, no Rio de Janeiro – para onde a equipe de estudantes embarca na próxima quinta-feira (4).

 

O professor Diego Cavalcante, um dos técnicos da equipe, explica que a ideia do projeto surgiu como um olhar para o futuro. “Assim como todas as temporadas de competições de robótica da FIRST, a de 2023 terá um tema central, que será o uso de energias renováveis. A partir disso, nos antecipamos para desenvolver algo com essa temática já nesta temporada para podermos aprimorar para o ano que vem”, afirma.

 

“Algo que é prestigiado pelos juízes é a evolução ao longo dos anos. Por isso, neste ano levaremos o projeto voltado para o robô, mas já pensamos para a próxima temporada fazer com que toda eletricidade para as ferramentas da equipe seja gerada com energia solar”, acrescenta o professor.

 

Utilizando um sistema elétrico de corrente contínua, o projeto desenvolvido pela P0T1BOT tem como componentes um módulo solar que transmite até 90 Volts, dois disjuntores que evitam a sobrecarga e o descarregamento da bateria, como também um controlador que mostra a quantidade de carga e a transmissão de energia.

 

Diego Cavalcante, professor do SESI e técnico da P0T1BOT

 

O ecossistema de energias renováveis em torno do Laboratório de Robótica do SESI-RN também colaborou para a escolha da temática do projeto. Ponto de encontro da equipe, o laboratório fica no prédio do Centro de Tecnologias do Gás Natural e Energias Renováveis (CTGAS-ER) e do Instituto SENAI de Inovação em Energias Renováveis (ISI-ER).

 

“É algo vocacional do SENAI e do SESI vislumbrar questões de sustentabilidade, como nas energias renováveis, o que também faz ligação com o propósito da nossa equipe de pensar a sustentabilidade”, aponta Cavalcante. “Nosso próprio robô tem muitos materiais reaproveitados da última temporada, como também aproveitamos equipamentos que não estavam sendo utilizados para construir nosso projeto de inovação”, completa o professor.

 

P0t1bot: uma grande família

Criada em 2021 e pioneira na modalidade FRC no estado, a P0T1BOT é atualmente formada por oito alunos do Novo Ensino Médio da SESI Escola Natal: Beatriz Bezerra (17 anos), Débora Raquel (17), Letícia Silva (17), Levi Tavares (18), Marcos Silva (18), Maria Eduarda Dantas (17), Rozianny Freire (17) e Vinícius Fernandes (18); e duas alunas do Ensino Médio da Sesi Escola São Gonçalo do Amarante: Débora Gabrielle (15) e Thainá Rute (15); além dos técnicos o professor de geografia da SESI Escola, Diego Cavalcante, e o professor e engenheiro eletricista do SENAI-RN, Thiago Castro.

 

O time também conta com uma equipe de mentores externos, que envolvem profissionais de diversas áreas do CTGAS-ER e do ISI-ER, como também ex-integrantes da equipe, que já estão no ensino superior, mas voltaram para auxiliar nos trabalhos.

 

“Eu costumo dizer que a aprendizagem é uma via de mão-dupla. Ao mesmo tempo que ensino, eu aprendo, o mesmo acontece com os estudantes. Alguns vêm de um contexto social e familiar duro, além de ter que conciliar esse projeto com as outras obrigações e com o lazer. Por isso, enquanto educador, ver essa força de vontade neles é fascinante e ver o crescimento deles, chegando a uma competição internacional de robótica é gratificante. Isso dá sentido ao trabalho de educador”, conclui o professor.

 

Além de levar as potencialidades do estado nas energias renováveis, a equipe fez questão de acrescentar no robô e carregar no peito, sobre o escudo, a estrela em memória de Ludmila Barros, integrante original da “grande família” P0T1BOT que faleceu em 2021, em decorrência da Covid-19.

 

Boas expectativas, dedicação e entusiasmo

Nesta semana, de sexta a domingo (7), o desafio internacional de FRC será presencial e deve reunir cerca de 30 equipes no Pier Mauá, no Rio de Janeiro. Na próxima quinta-feira (4), a equipe embarca para a capital fluminense levando boas expectativas, muitas horas de trabalho e dedicação, além de entusiasmo.

 

Com o tema da temporada, “Rapid React” (reação rápida), a competição explora a capacidade das equipes de criarem robôs rápidos e com capacidade de arremesso em longa distância. O robô terá a missão de coletar uma bola e arremessar em uma cesta dentro do tempo de 2min15 no tele-operado (com controle remoto) e de 15seg no controle automático.

 

“O Boy”, robô da equipe de robótica da SESI Escola, P0T1BOT

 

“O Boy”, expressão característica da capital potiguar para se referir a crianças e jovens, é como foi batizado o robô da P0T1BOT. Outra referência ao local de origem da equipe está no nome — P0T1 brinca tanto com a linguagem binária de programação, que utiliza os algarismos 0 e 1, como com o termo “potiguar”.

 

A expectativa para o campeonato é das melhores. “Eu acho que o SESI nunca teve uma equipe tão preparada para um torneio. Todo o beabá foi cumprido e vamos almejando fazer um trabalho muito bom. O prêmio é consequência”, declara o técnico.

 

Já o estudante e integrante da equipe Marcos Silva, de 18 anos, acrescenta que a inexperiência da maioria dos competidores é um elemento que aumenta a expectativa. “Cerca de 70% da equipe é de novatos, o que foi um grande desafio. Além das mudanças na virada da temporada, também tivemos que reformular no meio da temporada”, relata. “Em um curto período de tempo tivemos que aprender e colocar tudo em prática. Isso graças ao empenho de todos em estar no laboratório todos os dias, inclusive durante as férias. Por isso as expectativas são as mais altas possíveis”, conta o estudante.

 

Marcos Silva, aluno SESI e integrante da P0T1BOT

 

Em 2021, o Departamento Nacional do SESI, que é operador oficial das outras modalidades da FIRST (FLL, FTC e F1 in Schools) no Brasil, promoveu uma competição de nível nacional da FRC, de maneira remota.

 

Nessa edição, a P0T1BOT conquistou o prêmio de Gracious Professionalism, que é entregue a equipes que visam, acima da competição, a busca pelo conhecimento e colaboração. “Nossa equipe se sagrou campeã dessa categoria graças ao nosso trabalho em equipe e, apesar da nossa inexperiência, estarmos sempre buscando aprender”, afirma o estudante Marcos Silva.

 

Outra premiação foi a de Estudante Destaque, entregue à aluna SESI-SENAI e membro da P0T1BOT Rozianny Alves, de 17 anos.

 

Off-season da FRC

A FIRST Robotics Competition (FRC) é conhecida como a olimpíada da robótica. A modalidade é a mais antiga e complexa do rol de competições da organização sem fins lucrativos FIRST (For Inspiration and Recognition of Science and Technology) e combina a adrenalina dos esportes com o rigor da ciência e da tecnologia.

 

Alunos do ensino médio formam equipes compostas por, pelo menos, 10 estudantes com idades entre 14 e 18 anos, que contam com apoio de técnicos e mentores para construir e comandar um robô semiautônomo de porte industrial, com até 55 kg e 1,5 metro de altura. Além disso, os jovens precisam desenvolver uma marca, conseguir financiamento para o projeto e desenvolver iniciativas realizada à ciência e tecnologia junto à comunidade.

 

Ações com a comunidade e p0t1cast

Além da construção do robô e do desenvolvimento do projeto inovador, uma das tarefas da equipe é realizar ações junto à comunidade local. Por isso, a P0T1BOT realizou ao longo do ano as P0T1 Trips, visitas a instituições sociais, escolas públicas e comunidades da região metropolitana de Natal.

 

Durante as visitas, os membros da equipe realizaram dinâmicas com crianças e adolescentes utilizando kits de robótica da LEGO. Entre as ações mais recentes, está a visita ao Centro de Acolhida e Referência para Refugiados, Apátridas e Migrantes (CARE), onde estão refugiados indígenas da tribo Warao, da Venezuela. Além das dinâmicas envolvendo robótica, a equipe também entregou uma doação de cerca de 230 peças de roupas para os abrigados.

 

Outro projeto da P0T1BOT voltado para a comunidade é o POT1CAST, um podcast semanal conduzido pelos próprios alunos. Os programas contam com entrevistas a profissionais da área e competidores de outras modalidades para debater robótica e ouvir e contar histórias nesse universo. Os episódios estão disponíveis no canal do YouTube da P0T1BOT: https://www.youtube.com/channel/UCQnNCHqvEXX_WssuNshhNaA/.