Giannetti defende reformas, revisão do pacto federativo e melhoria do gasto público

23/05/2018   22h03

 

Em Sessão Magna em Homenagem ao Dia da Indústria, o economista, filósofo e escritor Eduardo Giannetti fez palestra sobre “Perspectivas do cenário político e econômico brasileiro” e defendeu as reformas da Previdência e Tributária, a revisão do pacto federativo, como fatores para o reequilíbrio fiscal e a melhoria do gasto público. O evento, realizado no Teatro Riachuelo, na noite desta quarta-feira (23), faz parte da Semana da Indústria, que este ano comemora os 65 anos de fundação do Sistema FIERN. A programação se estende até o próximo sábado, 26 de maio.

 

“O equilíbrio das contas públicas depende sobretudo da aprovação da reforma da previdência e de maior qualidade dos gastos públicos”, destacou o economista. Um dos principais focos da crise fiscal, segundo ele, é o desequilíbrio das duas previdências existentes hoje no país. O déficit da Previdência de 4 milhões de inativos e pensionistas da União, Estados e municípios é maior que o de 29 milhões de inativos do INSS. O gasto com o sistema previdenciário brasileiro consome de 12% a 13% do PIB.

 

Em paralelo, a reforma previdenciária é necessário implementar as reformas tributária e política no país. A carga tributária brasileira é de 33%, muito acima do padrão de um país de renda média, avalia o economista. Apesar da alta taxação e arrecadação, Giannetti considera que “o Brasil não consegue prover os serviços essenciais a sociedade, não tem indicadores sociais favoráveis, nem investimento em infraestrutura, o que aponta para a baixa qualidade do gasto público”, disse.

 

O economista cita que 9% do PIB é gasto em saúde e que os indicadores são muito abaixo do razoável. Situação semelhante ocorre em educação, onde o gasto equivale a 6% do PIB e o resultado do país no Pisa (Programa Internacional de Avaliação de Estudantes) é semelhante ao da Colômbia, que destina bem menos.

 

Ele destaca que enquanto o país arrecada 34% do PIB, o gasto é 6% maior. Sendo que 40% de toda riqueza gerada no país transita no setor público, sendo que a principal política de assistencialismo, o Bolsa Família, corresponde a 0,5% do PIB. “Umas migalha que cai da mesa”, disse. Já a capacidade de investimento caiu para 2,5%.

 

“O governo virou um grande gestor de folha de pagamento. É preciso recuperar a capacidade de gestão, de investimento. Equacionar os gastos públicos, encontrar o equilíbrio. Não podemos continuar com 92% do orçamento federal com despesas obrigatórias”, ressalta o economista.

 

Segundo Giannetti, há um problema de pacto federativo mal resolvido, gerado pela Constituição de 1988. “É preciso repensar a arrecadação de cada ente e a destinação de responsabilidade”, comenta.

 

 

Brasil saiu da recessão e o cenário é de normalização do crescimento

 

A boa notícia, segundo ele, é que o país saiu da recessão. “Foi uma longa e árdua recessão. E os empresários que conseguiram sobreviver a ela provam que estão com o sistema imune em ordem”, disse. Para 2018, a projeção é de normalização do crescimento econômico de 2,5%, puxada pelo mercado externo e pela qualidade da gestão pública, após o impeachment da presidente Dilma Rousseff, com a estratégia econômica de reformas.

 

A recuperação da economia depende ainda da definição do quadro político, que deve ser renovado com o pleito deste ano, geração de emprego e retomada de investimentos. “O desemprego é uma variável de resposta lenta. E os empregos que estão sendo criados são de baixa qualidade e de baixa remuneração. O empregos formal e de qualidade ainda é claudicante”, afirma.

 

O mineiro Eduardo Giannetti da Fonseca é economista e filósofo. Graduado nas duas áreas pela Universidade de São Paulo, tem doutorado pela Universidade de Cambridge (Reino Unido), onde deu aulas em dois períodos. Também foi professor da Universidade de São Paulo e autor de uma série de livros.

 

Após a palestra, colaboradores e visitantes prestigiaram o show “SESI Big Band Convida Guilherme Arantes”.