Inadimplência: entenda os impactos disso no fluxo de caixa

5/06/2020   12h17
A inadimplência pode causar problemas em série para empresas de todos os tamanhos. Entenda como calcular seus impactos para saber como e quando evitá-la. Como muitos empresários e gestores de finanças sabem, o fluxo de caixa é a força vital de um negócio. Afinal, é ele que mede a saúde financeira de uma empresa. Um fluxo de caixa positivo significa que as coisas vão bem e o negócio gera lucro. Já um fluxo de caixa negativo mostra que alguma medida precisa ser tomada para que a organização seja rentável. Por isso, é essencial que as empresas — pequenas ou grandes — gerenciem de perto seus fluxos de caixa e evitem possíveis ameaças. Uma delas é a inadimplência.

A inadimplência pode significar não receber uma entrada que era esperada em consequência de uma venda. Como você deve imaginar, os impactos de não possuir essa quantia tendem a ser grandes. Mas como eles podem ser demonstrados?

 

Quais são os efeitos da inadimplência dos clientes no fluxo de caixa?

 

De acordo com os últimos dados do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC) e da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL), as empresas brasileiras fecham o mês devendo uma média de R$ 5.517,07.

 

Os motivos para a inadimplência podem ser muitos — especialmente com a expectativa de retração do PIB devido à crise do coronavírus, a ausência de um planejamento financeiro eficaz da empresa ou a falta de pagamento dos seus clientes tendem a impactar gravemente o fluxo de caixa.

 

No entanto, independentemente dos motivos para que um pagamento devido não seja realizado, as consequências no fluxo de caixa são as mesmas.

 

Para que o fluxo de caixa de uma empresa seja positivo, é preciso receber uma quantia maior do que aquela que sai das contas. O maior problema quando um pagamento não é realizado no prazo combinado é desequilibrar essa balança para o lado negativo, fazendo com que as saídas sejam maiores que as entradas.

 

Isso pode resultar na incapacidade de fazer a gestão de custos e pagar as despesas básicas, como aluguel, compras de matéria-prima, folha de pagamento e aquisição de equipamentos, entre outras.

 

Esse problema afeta principalmente as micro e pequenas empresas, que não costumam ter uma reserva financeira tão robusta para cobrir esse déficit. No pior dos cenários, o resultado leva à falência do negócio.

 

Já no caso das médias e grandes organizações, a inadimplência pode não ter um impacto tão drástico, mas a incapacidade de pagar todas as despesas também tende a levar a uma série de problemas.

 

Primeiramente, será difícil atender a todos os pedidos de vendas. Como não há recursos para comprar matérias-primas, é menos provável que as encomendas dos clientes sejam entregues a tempo. Isso pode afetar o relacionamento entre a empresa e os consumidores e incentivar esses últimos a trocarem de fornecedor.

 

Além disso, a falta de recursos disponíveis pode afetar o relacionamento com a equipe interna da empresa. Um dos efeitos do fluxo de caixa insuficiente é a incapacidade de pagar os salários dos funcionários a tempo. Isso tende a levar a níveis de estresse elevados e diminuir a motivação deles. Se a situação persistir, a força de trabalho pode até ficar sem opção a não ser deixar o negócio.

 

Além disso, atrasos nos pagamentos dificultam uma previsão realista do fluxo de caixa. Afinal, como é possível planejar uma despesa quando não há certeza de quando os próximos pagamentos serão devidamente recebidos?

 

A previsão de fluxo de caixa é importante para que as decisões sobre o negócio sejam tomadas com base em informações acionáveis.

 

Como calcular os impactos da inadimplência no fluxo de caixa?

 

É importante mensurar os impactos do atraso nos pagamentos em números. Eles podem ser calculados pela Taxa de Inadimplência.

 

A Taxa de Inadimplência possui a seguinte fórmula:

TI = T90/TT

Sendo:

  • TI: Taxa de Inadimplência;
  • T90: valor total da inadimplência com mais de 90 dias de atraso;
  • TT: valor total das cobranças emitidas a prazo em cada um dos meses.

Para exemplificar, considere a situação a seguir.

 

A análise da Taxa de Inadimplência de uma empresa, realizada no primeiro dia de julho de 2019, considerou os meses de janeiro, fevereiro e março do mesmo ano. Ou seja, aquelas dívidas que possuíam mais de 90 dias e menos de 180 dias de atraso.

 

Durante os referidos meses, o valor da inadimplência total na empresa foi de:

  • Janeiro: R$ 1.000;
  • Fevereiro: R$ 1.300;
  • Março: R$ 1.200;

A T90, portanto, será a soma desses valores, ou seja, R$ 3.500.

 

Durante o mesmo período, o valor das cobranças emitidas foi de:

  • Janeiro: R$ 10.500
  • Fevereiro: R$ 11.000
  • Março: R$ 9.500

A TT, portanto, será o total dessas cobranças, ou seja, R$ 31.000.

 

Usando a fórmula da Taxa de Inadimplência, teremos:

TI = R$ 3.500/R$ 31.000

TI = 0,11 ou 11%

Sendo assim, a taxa de inadimplência analisada no mês de julho de 2019 está em 11%.

 

Isso significa que 11% do total de faturas emitidas não foi pago. Portanto, é preciso tomar medidas para que não impactem negativamente o fluxo de caixa. Entre elas, cobrar os clientes inadimplentes de maneira efetiva.

 

Como vimos, manter um balanço saudável entre as saídas e entradas da empresa é fundamental para o sucesso dela. Para isso, acompanhar o fluxo de caixa e calcular a Taxa de Inadimplência é fundamental.

 

Ficou com alguma dúvida sobre o assunto? Enfrenta dificuldades com a inadimplência?

 

Entre em contato com o Núcleo de Acesso ao Crédito (NAC) instalado no Espaço Empresarial da Casa da Indústria, sede do Sistema FIERN. O NAC-FIERN está com o atendimento Remoto durante o isolamento, disponível para orientação e consultoria aos empresários interessados em obter financiamentos para atividades produtivas.

 

Os empresários podem entrar em contato com Maria do Carmo, responsável pelo NAC-FIERN, pelo e-mail nac-rn@fiern.org.br ou pelo Whatsapp (84) 99452-8501.

 

O NAC atende ao setor empresarial e oferece serviço de informações sobre o crédito, por equipe qualificada, com vistas à aproximação entre demanda e oferta de financiamentos.

 

Fonte: NAC-CNI – atualização Jô Lopes – jornalista -FIERN