Indústrias do RN aumentam produtividade em mais de 40% com tecnologias da indústria 4.0

9/12/2019   17h46

 

Duas indústrias genuinamente potiguares, a Água Mineral Cristalina e a Chapinha, indústria de produção de sorvetes e polpa de frutas, conseguiram elevar a produtividade em 41%, a partir da implementação e uso de tecnologias digitais da Indústria 4.0. O ganho veio a partir da participação no programa-piloto Indústria Mais Avançada, executado pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI). Em todo país, 43 empresas de 24 estados participaram do programa, sendo estas as únicas do Rio Grande do Norte a integrar o programa.

 

 

O rendimento foi quase duas vezes superior à média nacional, cujo o ganho médio de produtividade foi de 22%.  O projeto é pioneiro em testar no Brasil, em todas as regiões do país, o impacto na produção do uso de ferramentas de baixo custo, como sensoriamento, computação em nuvem e internet das coisas (IoT).

 

 

O programa do governo federal, executado pelo SENAI, elevou em 52%, em média, a produtividade de três mil micro, pequenas e médias indústrias de todo o país por meio de técnicas de manufatura enxuta (lean manufacturing). Após as duas etapas de atendimento de consultores do SENAI, o resultado nacional foi o aumento de 85%, em média, na capacidade das companhias de produzir sem alterar o quadro de funcionários. Entre os estados, as empresas do Piauí, do Rio Grande do Norte, do Acre e de São Paulo apresentaram os melhores resultados com a digitalização da linha de produção.

 

 

Os pilotos foram realizados entre maio de 2018 e outubro deste ano em empresas dos segmentos de Alimentos e Bebidas, Metalmecânica, Moveleiro, Vestuário e Calçados.

 

 

Os especialistas do SENAI instalaram sensores, que coletam dados, e coletores, que os armazenam. Em seguida, as informações são transmitidas para a plataforma Minha Indústria Avançada (MInA), que permite acesso aos dados de produção da máquina sensoriada. Por meio de tablets e celulares, os gestores podem acompanhar, em tempo real, o desempenho da linha de produção e, com isso, ter maior controle de indicadores do processo, assim como antecipar-se a eventuais problemas. O equipamento custou até R$ 3 mil.

 

 

No Rio Grande do Norte, a Água Mineral Cristalina, localizada em Macaíba, teve instalado pelo SENAI sensores na máquina de lavagem e esterilização do garrafão de 20 litros. O objetivo foi reduzir os defeitos causados pela máquina de lacre da embalagem. Na empresa, são produzidos 1.500 garrafões por hora. O resultado foi um ganho de 14% em produtividade. “O maior benefício do uso equipamento é ter a história real da sua capacidade produtiva versus a eficiência, e isso nos dá a oportunidade de melhorar o processo produtivo”, conta o proprietário, Djalma Barbosa da Cunha Junior.

 

O programa-piloto foi a primeira experiência na Cristalina de Natal de uso das tecnologias digitais na produção. Agora, a empresa desenvolve projeto com a Universidade Federal do Rio Grande Norte (UFRN) para implantar plataforma que ajude na manutenção preditiva das máquinas. A indústria, de 60 funcionários, havia passado pelo Brasil Mais Produtivo, com ganhos de 83%.

 

 

 

Já a indústria de polpa de frutas Chapinha, localizada em Macaíba, a 28 quilômetros de Natal, obteve ganho de 68% em produtividade com uso de sensores na máquina ensacadora de polpas de fruta. O objetivo foi reduzir as paradas por manutenção, o que aumentou a quantidade produzida. A indústria já tinha obtido ganho anterior de 50% com a consultoria do SENAI em manufatura enxuta, no âmbito do programa federal.

 

 

Com as mudanças implementadas, a produtividade diária passou de 1.200 peças/hora para 2.034 peças/hora. Entre os resultados estão também o melhor aproveitamento do maquinário e de pessoal, qualificação e capacitação da equipe de funcionários em plataforma e ferramentas usadas na melhoria do processo.

 

 

O projeto permitiu a empresa uma análise e alinhamento de processos produtivos, a instalação de sensores em máquinas de envasamento das polpas e equipamentos para coleta de dados sobre a produção. Com isso, foi possível levantar informações detalhadas da operação para controle, qualidade e tomada de decisão. Os dados coletados são analisados por meio de sistemas computacionais a fim de aperfeiçoar a cadeia de valor, integrando fornecedores e clientes ao processo produtivo.

 

 

Nas duas etapas do programa, aumento da produtividade chega a 85%

 

A maioria das empresas participantes já possuía bom índice de produtividade antes do piloto, pois tinha passado pelo Brasil Mais Produtivo. O programa do governo federal, executado pelo SENAI, elevou em 52%, em média, a produtividade de três mil micro, pequenas e médias indústrias de todo o país por meio de técnicas de manufatura enxuta (lean manufacturing). Após as duas etapas de atendimento de consultores do SENAI, o resultado nacional foi o aumento de 85%, em média, na capacidade das companhias de produzir sem alterar o quadro de funcionários.

 

 

“O objetivo do SENAI com a experiência-piloto, chamada de Indústria mais Avançada, é refinar um método de baixo custo, alto impacto e de rápida implementação, que ajude as empresas brasileiras a se inserirem na 4ª Revolução Industrial”, explica o diretor-geral da instituição, Rafael Lucchesi. “A iniciativa do SENAI prova que a Indústria 4.0 é para todos: qualquer tipo de empresa, em qualquer estado do Brasil. O resultado nacional é relevante, e, principalmente, houve ganhos significativos para todas as empresas atendidas”, completa.

 

 

NORDESTE – No piloto Indústria Mais Avançada, as empresas da região Nordeste, com aumento médio de 28,2%, foram as que mais tiveram ganhos de produtividade. A Japastel, pequena indústria de Salvador que produz massas para pastel e pizza, por exemplo, conseguiu elevar em 32,8% sua capacidade produtiva com uso de sensores na máquina de empacotamento de pizza. A empresa já havia alcançado ganho de 100% ao passar pelo Brasil Mais Produtivo. Ou seja, ao participar das duas etapas, a companhia mais que dobrou sua produção com o mesmo time de colaboradores e sem aumentar o custo.

 

 

“A tecnologia ajudou a otimizar o tempo e diminuiu o desperdício. Com isso foi possível aumentar o lucro, pois conseguimos utilizar melhor a matéria-prima”, explica Rose Fukuhara, dona da Japastel. Ela conta que hoje tem outra percepção do que é a Indústria 4.0. “Antes eu achava que o investimento seria muito alto”, diz ela.

 

 

Os resultados também foram expressivos no Centro-Oeste, com aumento médio de 22,44%. Em seguida, estão empresas do Norte (22,29%), do Sudeste (18,42%) e do Sul (6,37%).

 

GANHO MÉDIO DE PRODUTIVIDADE POR REGIÃO

REGIÃO AUMENTO MÉDIO
Nordeste 28,2%
Centro-Oeste 22,44%
Norte 22,29%
Sudeste 18,42%
Sul 6,37%

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Em relação aos estados, as empresas do Piauí, do Rio Grande do Norte, do Acre e de São Paulo foram as que mais tiraram proveito da digitalização de sua linha produção.

 

GANHO MÉDIO DE PRODUTIVIDADE POR ESTADO

 

ESTADO

AUMENTO MÉDIO
Piauí 55%
Rio Grande do Norte 41%
Acre 37%
São Paulo 37%
Bahia 33%
Mato Grosso 32%
Paraíba 29%
Distrito Federal 28%
Amazonas 25%
Minas Gerais 24%
Rondônia 24%
Amapá 23%
Sergipe 22%
Pará 16%
Paraná 13%
Rio de Janeiro 12%
Alagoas 10%
Ceará 10%
Roraima 10%
Mato Grosso do Sul 9%
Santa Catarina 7%
Espírito Santo 5%
Pernambuco 5%
Rio Grande do Sul 2%

 

 

O gerente-executivo de Inovação e Tecnologia do SENAI Nacional, Marcelo Prim, explica que as empresas que obtiveram maiores ganhos com as tecnologias digitais foram aquelas que utilizavam menos técnicas de gerenciamento da produção antes de participar do programa. “A técnica nova, ao ser introduzida em uma empresa que utiliza poucos métodos de gestão, proporciona um ganho maior em produtividade”, afirma.

 

 

Em relação ao segmento da empresa, Marcelo Prim avalia que todas as áreas atendidas tiveram, em média, um ganho significativo, porém, com pequenas diferenças em relação a quanto cada um conseguiu incorporar a nova tecnologia a seu processo produtivo. “Concluímos que o ganho de produtividade está mais relacionado com o quanto se aprende com o processo produtivo, e como esse aprendizado se transforma em ações concretas. Trata-se mais de uma ciência de dados e de capacitação de pessoas do que de automação de processos produtivos”, diz.

 

 

GANHO MÉDIO DE PRODUTIVIDADE NACIONAL POR SEGMENTO

 

SEGMENTO AUMENTO MÉDIO
Moveleiro 23,91%
Alimentos e Bebidas 22,14%
Metalmecânica 17,8%
Vestuário e Calçados 16,87%

 

 

O gerente do SENAI explica ainda que as microempresas foram as que mais se beneficiaram do uso inicial de tecnologias digitais. “É provável que tenha sido a primeira vez que a empresa parou para analisar seu processo produtivo e conseguiu compreendê-lo de uma forma ampla. Com isso os ganhos são imensos”, afirma. “Observamos que as tecnologias da Indústria 4.0 são uma grande oportunidade especialmente para a micro e pequenas empresas”, complementa Prim.

 

 

 

As grandes companhias não participaram deste piloto, pois foram selecionadas, como regra, empresas atendidas pelo Brasil Mais Produtivo, programa direcionado a pequenos e médios negócios.

 

 

 

GANHO MÉDIO DE PRODUTIVIDADE NACIONAL POR PORTE DAS EMPRESAS

 

PORTE AUMENTO MÉDIO
Micro           44,82%
Alimentos e bebidas 75%
Moveleiro 19,28%
Vestuário e calçados 10%
Pequena 23,23%
Metalmecânica 36,71%
Alimentos e bebidas 21,6%
Moveleiro 28,22%
Média 11,55%
Moveleiro 24,24%
Metalmecânica 11,5%
Alimentos e bebidas 10%

 

 

 

A análise dos resultados nacionais do programa-piloto também mostrou que a percepção do ganho obtido com a tecnologia é muito afetada pelo porte da empresa. As médias e grandes empresas tendem a investir em tecnologias da Indústria 4.0 para dar continuidade aos esforços de aumento de produtividade. Os micro e pequenos empresários, por sua vez, valorizam mais a agilidade permitida pela plataforma.

 

 

 

“O sistema permite aprender com o processo produtivo, diminuindo o tempo de resposta, tornando-o mais ágil e previsível. Garantir que aquilo que o empresário planejou será entregue nos prazos que ele combinou com o mercado traz um nível de competitividade maior para a pequena empresa e ela consegue se inserir mais facilmente nas cadeias de valor”, analisa Prim.