Inovação e indústria 4.0 são fundamentais para o país caminhar rumo ao desenvolvimento

4/04/2019   09h56

 

O presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI) em exercício, Paulo Afonso Ferreira, defendeu a união entre o setor produtivo e o governo como caminho para o país avançar em relação à capacitação de profissionais e adequação de empresas para a realidade da quarta revolução industrial. Ele participou nesta quarta-feira (3), em Brasília, da solenidade de lançamento da Câmara Brasileira da Indústria 4.0, iniciativa do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC) e do Ministério da Economia. A criação da câmara faz parte de um pacote de medidas do governo para aumentar a produtividade, o emprego e a atividade econômica.

 

“A inovação e a Indústria 4.0 são fundamentais para caminharmos no rumo certo, no rumo do desenvolvimento. Temos que seguir todos na mesma direção. Isso é fundamental. Não adianta cada um achar que vai fazer sozinho, temos que agir em conjunto”, afirmou Paulo Afonso. Segundo o dirigente da CNI, a inserção da indústria 4.0 se dará a partir de tecnologias já disponíveis e de baixo custo.

 

Na mesa de abertura, ao lado de autoridades do governo federal, o presidente da CNI em exercício alertou que não há alternativa para o setor produtivo senão apostar na inovação e na tecnologia. “Não devemos acreditar que a Indústria 4.0 será para poucos. Precisamos ter a percepção que ela é permeável para a toda a sociedade”, disse. “A Indústria 4.0 demandará uma requalificação maciça de sua mão de obra. Esse é o grande desafio que temos hoje. Temos que gerar emprego e preparar gente qualificada para atender a essa demanda”, acrescentou.

 

A Indústria 4.0 é o resultado do uso de diversas tecnologias digitais no chão de fábrica e na gestão dos negócios, que tornarão a forma como se produz hoje obsoleta. Entre as tecnologias que vão nortear a quarta revolução industrial estão a inteligência artificial, internet das coisas e nanotecnologia.

 

FINANCIAMENTO – O presidente do BNDES, Joaquim Levy, alertou que o banco será um importante parceiro das empresas na implantação da Indústria 4.0, por meio de linhas de financiamento. “O nosso papel de governo é facilitar e criar infraestrutura para que os investimentos aconteçam. O que o Brasil mais precisa agora é de emprego e maior produtividade”, enfatizou.

 

O secretário-executivo do MCTIC, Júlio Semeghini, destacou, por sua vez, que a CNI será uma importante parceira do governo rumo à digitalização das indústrias. “Quero agradecer ao Paulo Afonso, com quem tivemos uma reunião muito produtiva na semana passada. Tenho certeza que vocês terão papel muito importante na proposta e realização de toda essa transformação”, destacou Semeghini, referindo-se à reunião de líderes da Mobilização Empresarial pela Inovação (MEI), realizada pela CNI na última sexta-feira (29/4), em São Paulo.

 

De acordo com o secretário especial de Produtividade, Emprego e Competitividade do Ministério da Economia, Carlos da Costa, a recém-criada câmara concentrará ações voltadas para a implementação da Indústria 4.0 que antes estavam dispersas pelo governo. Ele observou que um dos desafios será apresentar essa nova forma de produzir aos empresários brasileiros. “A grande maioria das empresas sequer sabe o que é indústria 4.0”, frisou

 

 INDÚSTRIA 2027 – Palestrante do painel sobre o panorama atual e iniciativas existentes da Indústria 4.0, a diretora de Inovação da CNI, Gianna Sagazio, contextualizou que, embora seja a 9ª maior economia do mundo, o Brasil aparece apenas na 85ª colocação em relação à inovação de produtos no Índice Global de Inovação. “Essa posição não é compatível com a economia e a grandeza do país”, avaliou. Ela destacou o importante papel da MEI – movimento coordenado pela CNI que reúne mais de 300 empresas – de ampliar a capacidade de inovação das indústrias. “O nosso papel é apoiar tanto a área empresarial quanto o poder público a implementarem a agenda da inovação, que é tão importante para o país”, afirmou.
Gianna apresentou os principais resultados do projeto Indústria 2027, realizado pela CNI, a MEI e o Instituto Euvaldo Lodi (IEL), com execução técnica dos institutos de economia das universidades Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e Estadual de Campinas (Unicamp). A pesquisa feita com 759 grandes e médias empresas mostrou que 21,8% projetam ter o processo produtivo totalmente digitalizado em um horizonte de 10 anos. Atualmente, apenas 1,7% das empresas brasileiras operam nos padrões da Indústria 4.0.

 

“Estamos numa curva de aprender o que está acontecendo no chão de fábrica. São empresas normalmente pequenas, de famílias, que não têm técnicas de produtividade. O cenário não é favorável. Ou a gente investe em tecnologias de aumento de produtividade ou a gente estará perdido no Brasil”, destacou. Prim acrescentou que o secretário Carlos da Costa deseja que o SENAI atenda a 100 mil empresas nos próximos quatro anos com o Brasil mais produtivo.

 

 

Integrarão a Câmara Brasileira da Indústria 4.0 a CNI, o Ministério da Economia, o MCTIC, BNDES, Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), Conselho Nacional de Pesquisa (CNPq), Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) e Associação Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial (Emprapii).