ISI-ER apresenta novo mapeamento offshore que fará no Brasil em reunião da ABEEólica

25/02/2022   12h34

O projeto terá duração de dois anos e vai identificar as áreas mais promissoras à implantação de parques eólicos na Margem Equatorial Brasileira

 

O Instituto SENAI de Inovação em Energias Renováveis (ISI-ER), sediado no Rio Grande do Norte e referência do SENAI no Brasil em Pesquisa, Desenvolvimento & Inovação (PD&I) em energia eólica, solar e sustentabilidade, apresentou, nesta quinta-feira (24), detalhes do novo mapeamento offshore que fará no Brasil, em convênio com o Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI). Será o primeiro mapeamento da Margem Equatorial Brasileira e o mais abrangente já realizado no país para identificar o potencial de geração de energia eólica com turbinas implantadas no mar.

 

A apresentação ocorreu a convite do Grupo de Trabalho (GT) de Energia Eólica Offshore da ABEEólica e reuniu representantes de pelo menos 20 empresas do setor, além de instituições como GWEC – Global Wind Energy Council (Conselho Global de Energia Eólica), Empresa de Pesquisa Energética (EPE), Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais (Ibama) e U.S. Commercial Service, parte do Departamento de Comércio Internacional do governo dos Estados Unidos. Também participaram integrantes da equipe do ISI e representantes da ABEEólica, entre eles a presidente da Associação, Elbia Gannoum, o diretor técnico, Sandro Yamamoto, e o analista técnico André Themoteo.

 

Na abertura da videoconferência, Rodrigo Mello, diretor do ISI-ER, ressaltou “o longo histórico do Instituto na liderança de projetos com foco no offshore Brasil afora”. São aproximadamente 10 anos de trabalhos desenvolvidos, o que posiciona a instituição como a primeira no Brasil a medir em campo o potencial de geração eólica nessa nova frente de investimentos, que já é realidade na Europa, na Ásia e nos Estados Unidos, e que, em território brasileiro, começa a despontar também como oportunidade.

 

Os primeiros projetos no país estão à espera de licenciamento e um decreto federal publicado este ano estabelece as diretrizes iniciais para o desenvolvimento do setor nacionalmente. Os projetos têm 80,40 Gigawatts (GW) em potência somada e estão distribuídos entre seis estados. Apenas no Rio Grande do Norte são 12,84 GW, o equivalente a 15,97% do total cadastrado, e ao dobro do total de 6,43 Gigawatts que o estado já tem em capacidade instalada nos parques eólicos em terra – a maior entre os estados do Brasil.

 

Pesquisadores do ISI-ER também detalharam a trajetória de atividades e estudos de variáveis que interferem no comportamento do vento

 

Estudos
Luciano Bezerra, pesquisador líder do Laboratório de Energia Eólica do ISI-ER, detalhou a trajetória de atividades e estudos de variáveis que interferem no comportamento do vento. As informações, observou ele, são validadas pelo Instituto por meio de medições para dar a melhor previsão possível para a produção de energia a partir da fonte eólica, ajudar a interpretar melhor o comportamento do vento e a validar a modelagem sobre grandes áreas – ou seja, os dados medidos confirmam estudos realizados anteriormente.

 

Antonio Medeiros, coordenador de Pesquisa & Desenvolvimento (P&D) do ISI-ER, explicou que o projeto de mapeamento de novas fronteiras energéticas na Margem Equatorial Brasileira nasce no contexto da “importância e necessidade de se ter dados confiáveis e gratuitos disponíveis no mercado brasileiro, para que seja possível atrair investidores”.

 

“Vamos instalar sete pontos de medição, do Oiapoque, no Amapá, até o Rio Grande do Norte”, disse ele na reunião. “Há um desafio significativo em fazer medições em regiões remotas e muita coisa ainda a ser desbravada para entendermos melhor o comportamento desse recurso eólico”.

 

O projeto
Formalizado em dezembro de 2021, o convênio com o MCTI deverá resultar no maior mapeamento eólico do Brasil de olho no potencial offshore, no mar.

 

O projeto terá duração de dois anos e prevê investimento de R$ 5 milhões para identificação das áreas mais promissoras à implantação de parques eólicos na Margem Equatorial Brasileira. A região abrange seis estados, incluindo o Rio Grande do Norte, onde equipamentos de medição serão instalados nas regiões de Areia Branca e Touros.

 

Abrangência
A área total inserida no levantamento corresponde a 38,6% do litoral brasileiro e também inclui os estados do Ceará, Piauí, Maranhão, Pará e Amapá.

 

O projeto prevê a identificação das melhores áreas de potencial eólico para fomentar o desenvolvimento de projetos de usinas e, além disso, auxiliar os fabricantes de equipamentos a dimensionarem aerogeradores, torres e fundações adequados ao perfil de vento do país.

 

Os trabalhos incluem medições de velocidade e direção dos ventos em pontos estratégicos e o mapeamento de áreas para projetos eólicos offshore.

 

A liberação de recursos para o desenvolvimento das atividades é fruto de articulação realizada em 2021 pelos senadores da República Jean-Paul Prates, Davi Alcolumbre e Marcio Bittar.

 

Segundo o ISI-ER, o projeto ajuda a consolidar estudos concluídos e em curso sobre o offshore em áreas que já são grandes polos de investimentos do setor em terra no país – como o RN e o Ceará -, mas também contribui para suprir o vazio de dados que existe sobre o potencial de geração especialmente na região Norte.

 

A expectativa é que as estações de medição do projeto sejam instaladas ainda no primeiro semestre de 2022 e que os resultados sejam reunidos em um Atlas. O projeto se soma a outros no portfólio do Instituto, como um novo Atlas Eólico e Solar para o Rio Grande do Norte, desenvolvido para o Governo do Estado, além de estudos das Bacias Rio Grande do Norte-Ceará e do Rio de Janeiro para a Petrobras.

 

Na abertura da reunião, Rodrigo Mello, diretor do ISI-ER, falou sobre o alcance da rede de Institutos SENAI de Inovação e sobre a experiência do ISI-ER no offshore

 

SOBRE O ISI-ER

O Instituto SENAI de Inovação em Energias Renováveis (ISI-ER) faz parte da maior rede privada de institutos de pesquisa, desenvolvimento e inovação criada no Brasil para atender as demandas da indústria, composta por 26 Institutos SENAI de Inovação. A Rede tem como foco a pesquisa aplicada, o emprego do conhecimento de forma prática no desenvolvimento de novos produtos e soluções customizadas para as empresas ou de ideias que geram oportunidades de negócios. Desde que foi criada, em 2013, mais de R$ 1,2 bilhão foram mobilizados em 1.332 projetos de PD&I. O ISI-ER está em operação no Hub de Inovação e Tecnologia (HIT) do SENAI-RN em Natal desde 2018, e foi oficialmente inaugurado em junho de 2021, com a conclusão das instalações e a operação plena dos laboratórios.