A governabilidade do país, segundo o jornalista, sociólogo e cientista político, William Waack, depende da capacidade de articulação política e bom funcionamento do sistema político brasileiro, que na opinião dele, está esfarelado. Waack foi o segundo palestrante no Seminário Motores do Desenvolvimento, a falar na manhã desta segunda-feira (19), na Casa da Indústria, sobre “Os caminhos do Brasil na governança”. “A governabilidade está vinculada a capacidade de articulação política, no sentido mais amplo”, disse William Waack.

 

Para o jornalista, é preciso reconhecer que a atual crise econômica do país é resultado da quebra do pacto social. “O Brasil não conseguiu financiar o estado de bem estar social. Houve uma quebra, não conseguimos fazer este estado acontecer devido o crescimento constante dos gastos públicos. Como sociedade é importante reconhecer onde chegamos: uma situação em que a crise fiscal virou uma bomba”, afirmou ele durante sua palestra.

 

O país perdeu a capacidade de investimento e sem isso, reiterou: “não é possível avançar e a economia voltar a crescer”. Nos últimos dez anos, segundo dados do BC apresentados em sua palestra, o PIB (Produto Interno Bruto) teve queda de 10% e o déficit nominal do setor público gira em torno de R$ 78 bilhões, atualmente. “Metade de toda riqueza que é produzida no país trafega pelos estados”, afirma.

 

 

Para reverter a crise fiscal instalada, explica ele, é necessário a tomada de medidas de austeridade para um ajuste fiscal que devolva o equilíbrio das contas. Mas não só isso. O jornalista, que trabalhou 20 anos como correspondente internacional e cobriu várias crises econômicas e políticas mundo afora, pondera que a solução para o Brasil sair da atual crise passa pelo funcionamento do sistema político, que precisa ser revisto.

 

Com mais de 30 partidos políticos no País, ele avalia que “houve a deterioração dos partidos políticos que se especializaram em se apropriar da máquina pública”, frisou Mesmo sem citar nomes ou siglas de partidos, ele observa que este “esfarelamento” traz aspectos estruturais do chamado presidencialismo de coalizão e, mesmo com o capital político do presidente eleito, afeta a governabilidade. “O esfarelamento das siglas partidárias torna difícil o funcionamento do sistema político, sobretudo num período de crise fiscal. Estes partidos não são representativos da sociedade. Temos o pior sistema político do mundo”, ressalta.

 

Wiliam Waack destacou a importância da Operação Lava Jato, que é a manifestação do profundo descontentamento da sociedade, na tentativa de mudar a estrutura deste sistema como está estabelecido. “A Lava Jato implodiu o sistema político brasileiro, de dentro para fora. É a expressão de raiva e repúdio da sociedade contra ao que ela entende estar contra ela”, afirma.