Novos projetos eólicos no mar entram em análise no Ibama com o dobro da potência terrestre do RN

31/01/2022   15h46

Imagem mostra parte das áreas com projetos no Ibama. De acordo com o Mapa atualizado, 15,97% da potência total em processo de licenciamento no órgão é para o RN

 

Novos complexos eólicos offshore previstos para o Rio Grande do Norte – aqueles que terão turbinas para geração de energia implantadas no mar – entraram em processo de licenciamento este ano, elevando para 12,84 Gigawatts (GW) a potência total cadastrada em projetos para o estado.

 

O número é o dobro do total de 6,43 Gigawatts que o RN já tem em capacidade instalada nos parques eólicos em terra, a maior registrada entre os estados do Brasil.

 

O mapa atualizado dos complexos em processo de licenciamento ambiental foi divulgado pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), e mostra que dois novos projetos para o estado foram cadastrados em janeiro – aumentando o total dos que deram entrada no órgão, desde o ano 2000, para sete.

 

De acordo com a relação, os complexos eólicos que esperam licenciamento no Rio Grande do Norte preveem a instalação de um total de 875 aerogeradores no mar, as turbinas que convertem a energia dos ventos em energia elétrica. Atualmente, o estado tem 2.655 aerogeradores em parques eólicos terrestres.

 

Potencial

“São números que sinalizam o potencial gigantesco deste novo setor, tanto no que se refere à perspectiva de investimentos e de geração de energia, quanto do ponto de vista do emprego”, analisa Rodrigo Mello, diretor do Centro de Tecnologias do Gás e Energias Renováveis (CTGAS-ER) e do Instituto SENAI de Inovação em Energias Renováveis (ISI-ER), instituição responsável pelas primeiras medições do potencial offshore no Brasil – e que agora se prepara para realizar o mapeamento em toda a Margem Equatorial Brasileira.

 

“Estudos iniciais divulgados no Brasil sugerem que o offshore pode gerar quase o dobro de empregos temporários e aproximadamente cinco vezes mais empregos permanentes que os parques em terra. Atualmente, para cada novo Megawatt (MW) instalado temos 15 empregos diretos e indiretos gerados, segundo a Associação Brasileira de Energia Eólica (ABEEólica)”, acrescenta Mello. “Com isso, temos agora perspectivas para um futuro em que essas oportunidades serão certamente multiplicadas”, observa.

 

Números sinalizam o potencial gigantesco deste novo setor, diz o diretor do ISI-ER e do CTGAS-ER, Rodrigo Mello

 

No Brasil
Dados da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), vinculada ao governo federal, mostram que o potencial eólico brasileiro no mar gira em torno de 700 GW e o do Rio Grande do Norte é estimado em cerca de 140 GW. “Ou seja, 20% de todo o potencial está na costa potiguar, então certamente teremos um impacto importante, de mais essa atividade no ramo das energias limpas”, frisa Rodrigo Mello.

 

O mapa de projetos em processo de licenciamento no Ibama dá sinais do que está por vir. O Rio Grande do Norte aparece como uma das zonas mais promissoras para os investimentos, com 15,97% da potência total cadastrada no órgão. De forma global, a relação mostra 80,40 GW para o país, distribuídos entre seis estados.

 

Um passo considerado fundamental para dar mais segurança aos investidores com projetos registrados ou ainda no gatilho foi dado na semana passada pelo governo.

 

Trata-se do decreto 10.946, de 25 de janeiro, que estabelece diretrizes para a atividade, dando início à construção do ambiente legal para que possa se desenvolver no Brasil.

 

O decreto prevê duas modalidades de cessão de áreas no mar para projetos eólicos ou atividades de pesquisa e desenvolvimento tecnológico relacionados, e normas complementares são esperadas em um prazo de 180 dias – a contar a partir do início da vigência do documento, previsto para 15 de junho deste ano.

 

“Começamos o jogo propriamente dito no país, mas já na partida enxergamos um ponto que precisa ser melhorado, que é o número de instituições envolvidas para conceder a cessão de uso das áreas. São 9 ao todo e o setor produtivo espera que isso se resuma a uma instituição e dentro do governo essa instituição se encarregue de resolver com as demais”, disse ainda o diretor do CTGAS-ER e do ISI-ER.