O fortalecimento das relações entre os dois países é uma das prioridades da indústria brasileira apontada pelo presidente da CNI, Robson Braga de Andrade. De acordo com ele, haverá um esforço para implementar mudanças sugeridas pelos debatedores até a próxima edição do EEBA, nos dias 20 e 22 de outubro de 2022, em Belo Horizonte (MG).
“Neste período vamos trabalhar nas propostas colocadas e nos projetos junto ao governo brasileiro e ao Congresso para que as medidas necessárias possam ajudar nesse relacionamento do Brasil com a Alemanha e principalmente vamos trabalhar com empresários para facilitar o comércio, aumentar a transferência de tecnologia e implementar investimentos entre os dois países”, afirmou Andrade.
Maior evento empresarial entre Brasil e Alemanha, o EEBA é organizado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) e pela Federação das Indústrias Alemãs (Bundesverband der Deutschen Industrie – BDI), em parceria com a Câmara de Comércio e Indústria Brasil Alemanha (AHK). Neste ano, o formato foi online pela primeira vez.
Confira as principais ideias debatidas pelos debatedores:
O diplomata brasileiro afirmou que o Brasil tem compromissos bastante sérios com a conservação ambiental, como a contribuição no âmbito do Acordo de Paris, e garantiu que o país está aberto para elaboração de um documento adicional no acordo entre Mercosul e União Europeia a fim de contemplar questões ambientais. “Não se trate de renegociar o acordo, mas estamos abertos a continuar conversando sobre essa preocupações que vemos como legítimas e justas”, afirmou Magalhães em resposta ao ministro alemão no painel sobre cooperação entre os dois países.
Participante do painel sobre o futuro das cadeias de valor, o empresário alemão destacou que a incorporação da neutralidade climática no comércio global é inevitável e que a tecnologia pode ser uma aliada nessa transformação. “Não vamos alcançar a neutralidade sem tecnologia e a digitalização pode ajudar a acelerar processos”, afirmou. De acordo com ele, o novo governo alemão deveria alinhar a agenda sustentável com o reforço da estabilidade. “Queremos ser um país neutro em termos climáticos, mas também queremos continuar sendo um país de inovação e exportação”, completou.
Também no painel sobre as cadeias de valor, o representante da empresa brasileira apontou as ameaças cibernéticas como desafios da digitalização, mas mostrou otimismo no pós-pandemia de Covid-19 com uma melhor integração global. Schneider ressaltou a necessidade de reformas tributária, administrativa e política no Brasil para “melhorar o modelo de negócios e a inserção na economia internacional de forma mais competitiva aproveitando vantagens comparativas” do país.
No âmbito das cadeias globais, o empresário classificou como muito sólida a parceria entre Brasil e Alemanha e apontou como principais temas da agenda global pós-pandemia a digitalização e o crescimento sustentável. Ele afirmou que a Bayer faz uma gestão contínua da cadeia de produção alinhada com o compromisso da empresa de atingir a neutralidade de carbono em 2030. “É preciso entender a responsabilidade e o impacto social e ambiental para uma melhor visão integral”, afirmou.
Para o executivo da multinacional alemã especializada em softwares, “não existem alternativas à digitalização” e 70% das empresas alemãs e brasileiras apostam nessa tendência. Para ele, empresas pequenas podem adotar projetos flexíveis. Ele citou como exemplo um aplicativo desenvolvido por alemães no início da pandemia para ajudar com a repatriação. “Não precisam ser grandes projetos para transformação. São projetos voltados para criar valor agregado em poucas semanas ou poucos meses”, afirmou Mucic no painel sobre digitalização como estratégia de resiliência para os negócios.
Na avaliação do CEO da empresa brasileira de softwares, o fator mais importante para resiliência no processo de digitalização é a disposição para mudanças dentro da cultura empresarial. “O grande desafio é ter a visão de negócios no caminho certo. Se tiver um mindset que dificulta mudanças, se tem uma cultura na empresa que dificulta a adoção de novas tecnologias, você vai ter uma dificuldade grande para enfrentar uma mudança repentina como foi a mudança que a pandemia trouxe”, afirmou.
Para o representante da multinacional brasileira especializada em gases, o desenvolvimento do mercado de hidrogênio verde (produzido a partir de fontes renováveis) no Brasil é fundamental para o crescimento econômico. “Se a gente pretende fazer esse país crescer precisa investir em hidrogênio verde”, afirmou no painel sobre o uso do combustível sustentável. Bastos ressaltou que para alcançar o potencial de produção são necessárias políticas públicas claras, regulamentação para padronização da produção e do armazenamento e atuação de agências certificadoras de produtos verdes para exportação.