Pesquisa mostra que 38% das indústrias do RN concretizaram os investimentos planejados

24/02/2021   12h15

 

As intenções de investimentos na indústria nacional do ano que se inicia e o balanço do que realmente se efetivou no período anterior vêm sendo sondados, anualmente, pela CNI em parceira com as Federações de Indústria desde 2012. A partir de 2019 a Pesquisa Investimentos na Indústria, mudou de formato, e passou a ser apurada como um bloco especial, não trimestral, da Sondagem Industrial. No caso do Rio Grande do Norte, a pesquisa Investimentos na Indústria 2020-2021, contou com a participação de 29 empresas das Indústrias Extrativa e de Transformação, entre os dias 4 e 15 de janeiro de 2021. A pesquisa mostrou que 38% das indústrias potiguares consultadas concretizaram os investimentos planejados para 2020, ante 50% na pesquisa do ano anterior, sendo, também, o percentual mais baixo da série histórica iniciada em 2012.

 

Os resultados da pesquisa Investimentos na Indústria Potiguar 2020-2021 apontam claramente os impactos da pandemia de covid-19 tanto em termos de frustração de investimentos que estavam planejados para 2020, como também nas expectativas em relação ao presente ano. Ou seja, somente 38% das indústrias potiguares consultadas concretizaram os investimentos planejados para 2020, ante 50% na pesquisa do ano anterior, sendo, também, o percentual mais baixo da série histórica iniciada em 2012. Por sua vez, a intenção de investimento relativa a 2021 foi manifestada por 59% das empresas, ante 68% das que planejavam investir no início de 2020, com queda 9 pontos percentuais.

 

A reavaliação quanto ao mercado doméstico foi a principal razão atribuída para a não realização dos investimentos planejados para 2020, assinalada por 67% das empresas respondentes. No levantamento anterior, esse percentual era de 29%. O recuo está relacionado, principalmente, aos impactos da pandemia, que paralisaram os mercados de bens e serviços em todo o país. Em contrapartida, a razão relativa à dificuldade de acesso ao crédito ou alto custo do crédito/financiamento recuou de 57% – a principal dificuldade na pesquisa anterior – para 17% na atual (última posição). Essa melhoria no acesso ao crédito tem sua explicação nas linhas de crédito emergenciais disponibilizadas pelo governo federal às empresas durante o segundo semestre de 2020, inclusive com flexibilização de acesso, como foram os casos do Programa Nacional de Apoio à Microempresas e Empresas de Pequeno Porte (Pronampe) e do Programa Emergencial de Acesso ao Crédito (PEAC). A queda nas taxas de juros foi outro fator que contribuiu para a melhora no acesso ao crédito em 2020. Em que pese a chamada “segunda onda” do coronavírus em 2021, essas linhas não tiveram continuidade.

 

Quanto às fontes de recursos empregados nos investimentos realizados em 2020, em média, 48% foram financiados com recursos próprios. Embora com peso ainda significativo, essa participação recuou em relação aos anos de 2018 e 2019, quando os percentuais foram de 75% e 60%, respectivamente. Em contrapartida, 52% das fontes dos financiamentos efetivados em 2020 tiveram como origem recursos de terceiros, com uma expansão de 12 pontos percentuais relativamente ao levantamento anterior (40%). Outra mudança significativa em relação à situação do ano anterior diz respeito à participação do de bancos oficiais de desenvolvimento versus bancos comerciais privados. Ou seja, o peso dos bancos oficiais no financiamento recuou de 34% para 29%, enquanto os bancos comerciais privados aumentaram de 5% para 15%. Aqui há que se considerar dois aspectos. Em primeiro lugar, que as linhas emergenciais de crédito também podiam ser operacionalizadas pelo setor privado; e o segundo pode estar relacionado à redução do papel do BNDES como agente de investimento empresarial, desde 2019.

 

Mesmo com recuo em relação a 2020, a intenção de investimento da indústria potiguar para 2021, manifestada por 59% das empresas, está direcionada aos desafios impostos pela nova realidade e necessidades de adaptações exigidos durante a pandemia e que têm continuidade no presente ano: melhoria do processo produtivo atual (41%), aumento da capacidade da linha (de produção) atual (23%), introdução de novo produtos (12%) e introdução de novos processos produtivos (12%). Mas a principal mudança a ser destacada sobre essa questão diz respeito às assinalações direcionadas à manutenção da capacidade produtiva, que foram de apenas 6%, contra 35% na pesquisa anterior. Isso mostra que realmente as empresas industriais potiguares estão cientes de que o cenário ainda é desafiador e de que mudanças precisam ser implementadas no processo produtivo.

 

Comparando-se os resultados da pesquisa do Rio Grande do Norte com os divulgados no dia 23/02 pela CNI para o conjunto do Brasil, observa-se que, de uma maneira geral, as avaliações convergiram. No entanto, há que se chamar a atenção na distinção das composições amostrais de cada pesquisa. A análise nacional inclui apenas empresas de grande porte (250 ou mais empregados), enquanto os resultados potiguares incorporam empresas de todos os portes (a partir de 10 empregados). Dessa maneira, os resultados potiguares são também influenciados pela situação das pequenas empresas, segmento que costuma enfrentar maiores dificuldades em situações de crise econômica. Portanto, apesar da queda no percentual das indústrias nacionais que reportaram ter investido em 2020, a saber 69% (ante 74% no ano anterior) elas ainda se encontram em franca vantagem em relação ao cenário potiguar 38% (ante 50%). No que diz respeito às intenções de investimentos relativas a 2021, estas foram assinaladas por 82% das indústrias nacionais de grande porte (ante 84% no ano anterior), enquanto o conjunto da indústria do RN (todos os portes) registrou 59% de intenções (ante 68% do levantamento de 2019-2020).

 

Principais Resultados do RN:

  • 38% das empresas investiram em 2020, contra 50% de 2019;
  • 46% das empresas que investiram, o fizeram parcialmente e 27% o realizaram como planejado (em 2019, esses percentuais eram de 37% e 53%, respectivamente);
  •  67% das empresas apontaram a reavaliação do mercado doméstico dos seus produtos como principal fator de limitação à decisão de investir em 2020;
  • 48% dos investimentos realizados em 2020 foram financiados com capital próprio, contra 60% em 2019;
  • 100% dos investimentos realizados em 2020 foram destinados à compra de máquinas e equipamentos novos e/ou usados, contra 89% de 2019;
  • 59% das empresas pretendem investir em 2021, proporção abaixo dos 68% que planejavam investir em 2020;
  • 41% das empresas pretendem direcionar os investimentos de 2021 para a melhoria do processo produtivo atual;
  • 71% dos investimentos previstos para 2021 estarão voltados, exclusivamente ou principalmente, para atender ao mercado interno.

 

 

Para informações detalhadas sobre  a Pesquisa Investimentos na Indústria potiguar, acessar o link:

https://www.fiern.org.br/wp-content/uploads/2021/02/Investimentos-na-Industria-do-RN_2020-2021.pdf

 

Para informações sobre Investimentos na Indústria nacional, acessar o link:
http://www.portaldaindustria.com.br/estatisticas/investimentos-na-industria/