Presidente da FIERGS visita a FIERN e defende importância da aprovação da Reforma Tributária

28/05/2021   16h19

Gilberto Petry, Presidente da FIERGS

 

O Presidente da Federação das Indústrias e do Centro das Indústrias do Rio Grande do Sul (Fiergs/Ciergs), Gilberto Porcello Petry, participou nesta sexta-feira (28), da reunião de Diretoria da FIERN, realizada de forma remota. Petry, que também preside o Conselho de Assuntos Tributários e Fiscais da Confederação Nacional da Indústria (CNI), abordou a necessidade de uma Reforma Tributária ampla, além de compartilhar os desafios enfrentados pela indústria gaúcha durante a pandemia. Em visita presencial ao presidente da FIERN, Amaro Sales, Gilberto Petry avaliou o enfrentamento da pandemia pela indústria brasileira e concedeu a entrevista abaixo:

 

Como está a indústria brasileira diante dos desafios impostos pela pandemia?

A indústria como um todo até que vem se portando bem. Lá no estado do Rio Grande do Sul, quando decretaram o fechamento as fábricas, eu falei: “governador, nós não lidamos com público, quem lida com o público é o comércio. Nossos funcionários dentro das empresas já são preparados. A indústria sempre seguiu protocolos muito rígidos”. Ele concordou e baixou um novo decreto para a indústria operar com 75% de sua capacidade, e desde lá nós estamos operando assim. Tem setores altamente afetados como transporte aéreo, transporte intermunicipal, municipal, hotelaria, turismo. Mas no todo a indústria tem se comportado bem. Os resultados do primeiro trimestre desse ano mostram para alguns setores resultados excepcionais, em que houve até falta de estoque.

 

Em diversos estados, como é o caso do Rio Grande do Norte, a indústria entrou na linha de frente no apoio a outros setores na articulação da economia, e até com ações sociais, como é o caso de Ação Pela Vida do Sistema FIERN, aqui no RN, que já contribuiu para vacinar mais de 40 mil pessoas. A indústria tem cumprido um papel social importante nesse momento?

Sim. Nós temos o SESI e o SENAI que são duas instituições muito fortes em termos de apoios às comunidades, à indústria, e às pessoas. Para se ter uma ideia, o Rio Grande do Sul é o estado que mais vacina no Brasil, em número proporcional. Então eu ofereci ao estado a estrutura do SESI e do SENAI para vacinar, nós temos capacidade de vacinar 200 mil pessoas por dia, o governador aceitou, mas disse que a questão é que não temos vacina em quantidade para isso. Porque a Secretaria de Saúde de lá consegue vacinar bem. Porto Alegre está com 34% de pessoas vacinas com a primeira dose, e 20% com a segunda dose. E a indústria contribuiu bem para isso. Por outro lado, sobre fornecer insumos, nós temos o Banco de Alimentos do RS que forneceu muito alimento para as pessoas gratuitamente e sei que em outros estados, as federações se portaram dessa maneira também.

 

Estamos numa discussão nacional em torno da Reforma Tributária que já está no Congresso e possivelmente deve andar fatiada. Como o senhor tem acompanhado esse quadro e o que o senhor defende com relação à Reforma Tributária?

Eu sou o presidente do Conselho de Assuntos Tributários e Fiscais da CNI e nós temos feito um trabalho muito grande. Desde o início, eu disse que só defenderia a Reforma Tributária com uma condição: que a indústria pudesse pagar menos, para que outros pagassem mais, e equilibrasse um pouco. Hoje 45% da carga tributária quem paga é a indústria, isso é um absurdo. Então foi concordado e nós defendemos muito a PEC 45, ela andou bem, mas quando mudou o presidente, esse novo presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, ele tratou diferente, pegou um pouco da proposta do Luís Miranda, de Brasília. O ministro Paulo Guedes deu uma declaração que é importante há uns dias, ele diz que os estados queriam uma compensação de R$ 500 bilhões para aprovar a pauta de Reforma Tributária, que a nação não iria ceder a isso. Porque o que tem na Reforma Tributária é que como todos os estados, a maioria dos municípios, e o governo federal têm déficit fiscal, ninguém quer perder receita. Essa é uma questão que afeta a todos. Então os estados dizem aprovar, mas querem uma compensação, e essa compensação de R$ 500 bi Paulo Guedes disse que não ia fazer, então ela deu uma parada. Agora eu acho que vai ser tratado só o PIS/COFINS, que sofreu muito pra futuro em função em da decisão do STF de tirar o ICMS da base de cálculo do PIS/COFINS. Eu acho que ela vai andar mais devagar, mas deve emplacar alguma coisa ainda esse ano, esses dois itens.

 

Qual a importância de se emplacar esses dois itens neste ano?

Isso daria uma ideia de que o Brasil está procurando se tornar mais moderno do ponto de vista tributário operacionalmente.  No Brasil é um cipoal de tributos que se tem, e isso tem que ser ajustado, para a gente poder trabalhar em um nível como os Estados Unidos, Europa ou a própria Índia que fez uma reforma e deu sucesso. Ela faz um crescimento de 7% por cento há mais de 10 anos depois que fez a reforma. Então eu tenho a impressão de que é importante ser aprovado esse ano para nós sinalizarmos aos investidores do mundo que aqui também está numa linha mais moderna.

 

O Sr. está em Natal acompanhando a programação da Semana da Indústria?

Vim conversar com Amaro alguns assuntos de interesse do setor industrial, tanto do nosso estado Rio Grande do Sul, do Estado do Rio Grande do Norte e das demais federações brasileiras, que formamos uma Confederação Nacional. Coincidiu de eu pegar aqui a Semana da Indústria e estou aproveitando para acompanhar a programação, que está muito interessante.