Reabertura exige avaliações constantes, atenção com protocolos e diálogo permanente

2/07/2020   15h37

 

A autorização oficial para o reinício progressivo das atividades econômicas que estavam impedidas de funcionar abre perspectivas, mas exigirá um acompanhamento frequente, avaliações constantes e o diálogo sobre medidas complementares com as diversas esferas de governos. No caso da indústria, que mantinha alguma produção, a atenção deve continuar com os protocolos de biossegurança. Esta é síntese da análise feita por lideranças do setor industrial sobre o novo momento a partir da retomada gradual das atividades econômicas em Natal e nos demais municípios do Rio Grande do Norte, que começou na terça-feira, 30 de junho (na capital) e na quarta-feira (em todo Estado), dia primeiro, quando foram publicados os decretos de reabertura da governadora Fátima Bezerra e do prefeito Álvaro Dias.

 

‘É prematura uma opinião definitiva sobre resultados com base no que possamos ter observado nestes primeiros dias de reabertura. Afinal o plano é gradual e vai acontecendo dentro de uma avaliação dia a dia. Mas podemos afirmar que havia, sim, uma necessidade de um ponto de partida para esse reinício, até por uma questão motivacional para quebrar a incerteza sobre o momento do reinício, para acabar com e a ansiedade”, afirma Roberto Serquiz, diretor primeiro tesoureiro da FIERN e presidente da Comissão Temática do Meio Ambiente (COEMA). “A reabertura tem este ponto que vejo como positivo. Temos um problema grave de saúde pública, mas, na mesma proporção, na questão econômica. E considero que a importância deste reinício está neste valor como novo ponto de partida, para começar a dar esta esperança de forma real”, destaca.

 

Roberto Serquiz diz que a indústria estava funcionando parcialmente em função de uma redução da procura, provocada pelas restrições na atividade comercial. Ele lembra que os produtos só podem voltar a ser comercializados no ritmo anterior à pandemia, se houver uma recuperação dos mercados. “Caiu a produção muito mais em função do mercado, de redução da demanda”, diz.

 

Com relação aos protocolos, ressalta, a indústria já tinha adotado as medidas recomendas para as quais teve o apoio do SESI e do SENAI. Roberto Serquiz, que também é presidente do Sindicato das Indústrias de Reciclagem e Descartáveis do Rio Grande do Norte, afirma que é importante prosseguir com esses cuidados e intensificar a colaboração. O êxito do plano de retomada, acrescenta, depende do engajamento da indústria, do comércio e da sociedade, que devem atualizar práticas contínuas e ter prudência.

 

O diretor de Inovação do Sistema FIERN, Djalma Barbosa Júnior, afirma que, neste momento é preciso observar a adaptação das empresas em quatro aspectos mais relevantes: financeiro, biossegurança, gestão de pessoas e apoio do Poder Público. “É importante, para a empresa, ver o nível de endividamento e como está a questão do faturamento na atual circunstância, porque esses protocolos são intensos e exigem investimentos”, diz. “Por isso, a análise desse aspecto financeiro, cada empresa deve fazer com muita atenção e cuidado”, acrescenta.

 

Ele destaca que os protocolos de biossegurança são fundamentais para garantir tranquilidade aos colaboradores e para assegurar que os produtos estão fora de risco sanitário. “Há atividades industriais que não pararam e que já vinham adotando seus protocolos. A nossa atividade, por exemplo, desenvolveu protocolos internos para assegurar segurança ao colaborador, mas também para o consumidor final. Empresas que vão retomando vão precisar desse mesmo cuidado de bioprevenção, com mecanismo para preservar a saúde”, afirma Djalma, que também é presidente do Sindicato da Indústria de Cervejas, Refrigerantes, Águas Minerais e Bebidas em Geral do Rio Grande do Norte (SICRAMIRN).

 

“Outra questão é saber o que a empresa aprendeu neste período no aspecto das pessoas, se o home office funcionou, por exemplo. Então, deve avaliar se há necessidade de redesenhar organograma, repensar a estrutura organizacional, seus talentos e capacidade de inovação”, comentou.

 

O quarto aspecto importante para empresas nesta conjuntura, na análise de Djalma Júnior, tem relação com as decisões governamentais. Ele afirma que falta uma política de incentivos tributária melhor definida por parte dos governos estadual e municipal. Segundo o empresário, neste período de pandemia, o governo estadual não estabeleceu incentivos de ICMS mais significativos voltados para as empresas locais. Também não houve medidas nesta direção, afirmou, por parte do município.

 

Djalma Júnior alerta que os empresários estão na expectativa de uma definição sobre uma possível prorrogação, semelhante ao que houve com o ajuste emergencial de R$ 600 aos desempregados, da Medida Provisória que permitiu a suspensão de contrato de trabalho ou redução de jornada de trabalho e salário por três meses, como compensação ao trabalhador.

 

“Em um momento como este há fragilidades na economia, claro, e muitas tomadas de decisões nas empresas estão atreladas ou pelo menos podem ser melhor dimensionadas se houver definições dos governos estadual e federal com relação a políticas tributárias e possíveis programas de incentivos ou apoios que ainda não estão claros”, destaca.

 

Por Aldemar Freire – jornalista FIERN