SENAI Nacional capacita instrutores para qualificar trabalhadores no Haiti

6/05/2022   17h26
A ação terá duração de 2 anos, iniciada em setembro de 2020 e que se encerra em setembro de 2022

 

 

A baixa qualificação de mão de obra é um dos muitos desafios enfrentados pelo Haiti no processo de reconstrução de sua economia, abalada por desastres naturais e crises políticas nos últimos anos. A superação desse gargalo, porém, conta com o apoio do Serviço Nacional de Aprendizagem Industria (SENAI), em parceria com o Instituto Nacional de Formação Profissional (INFP), o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) e s Agência Brasileira de Cooperação (ABC), que desenvolveram, ao longo dos últimos dois anos, um projeto para apoiar a formação técnica e profissional no país caribenho.

 


“Esse projeto tem como grande objetivo apoiar o governo haitiano a reconstruir o país, contribuindo para a empregabilidade da população, sobretudo a dos jovens. A ampliação da oferta de mão de obra qualificada é essencial para a expansão do setor privado, a geração de renda e, consequentemente, a redução da pobreza”, afirma o superintendente de Negócios Internacionais do SENAI.


 

A ação terá duração de 2 anos, iniciada em setembro de 2020 e que se encerra em setembro de 2022. No Modelo SENAI de Gestão Escolar e Rotinas Administrativas, foram qualificados 12 gestores e pessoal administrativo do INFP, na modalidade EAD em 2020 e 2021 e na modalidade presencial, no Brasil, em fevereiro de 2022, no idioma francês. Esses profissionais são Diretores, Coordenadores Pedagógico e Secretários Escolares dos Centros de Formação Profissional, localizados em Les Cayes, Fort Liberté e Saint Marc, onde atuarão, junto com os novos instrutores, na formação dos futuros profissionais.

 

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Em outra frente, na Metodologia SENAI de Educação Profissional, foram qualificados 30 instrutores do INFP, na modalidade EAD em 2020 e 2021, especificamente nas 5 áreas, escolhidas em alinhamento com o INFP, em razão da maior demanda por cursos, dado o cenário atual do Haiti, e pela maior possibilidade dos alunos virem a empreender o próprio negócio: metalmecânica, construção civil, tecnologia da informação, refrigeração e climatização e mecânica automotiva, que foi adaptada e customizada no idioma francês, idioma oficial do Haiti. Esse grupo, agora, passará dois meses no Brasil em 2022, para capacitação presencial. Com a missão de formar os futuros alunos, eles contarão com a plataforma online do SENAI, que ficará disponível pelos próximos cinco anos.

 

No Modelo SENAI de Gestão Escolar e Rotinas Administrativas, foram qualificados 12 gestores e pessoal administrativo do INFP

No Modelo SENAI de Gestão Escolar e Rotinas Administrativas, foram qualificados 12 gestores e pessoal administrativo do INFP

 

A capacitação é apenas o começo do desenvolvimento profissional

A economia haitiana passa por grandes desafios, desde 2010, quando um grande terremoto devastou a capital Port-au-Prince e região. Foram mais de 80 mil habitantes que perderam suas casas e há 25 mil famílias na capital que ainda vivem em condições precárias. De acordo com o Fundo Monetário Internacional (FMI), o produto interno bruto (PIB) do Haiti, em 2019, caiu 1,7%, em decorrência dos níveis de violência e piquetes viários, o que resultou em semanas de paralisia econômica no país. Enquanto em 2020, com a pandemia de Covid-19, o PIB sofreu uma queda maior de 3,7%, além da depreciação da moeda em quase 30%.

 

A economia, atualmente, está concentrada em 85% das riquezas do país monopolizadas nas mãos de uma minoria de 5% da população, além do desequilíbrio econômico no que se refere à exportação e importação, em que a minoria de insumos é importada.

 

Por conta da alta desigualdade, a indústria haitiana foi destruída em favor de um modelo industrial voltado paro o exterior, dependente do capital estrangeiro. Há também outros fatores como a falta de capital destinado a financiar a industrialização do país e a ausência de política de industrialização do estado.

 

Esse grupo, agora, passará dois meses no Brasil em 2022, para capacitação presencial

Esse grupo, agora, passará dois meses no Brasil em 2022, para capacitação presencial

 

A educação é uma ponte promissora para o crescimento industrial do Haiti

A educação profissional no Haiti não apresenta um padrão de qualidade e, por isso, é preciso uma ação focada na adequação entre a oferta formativa e as necessidades de mão de obra qualificada das empresas. É necessário, também, a promoção da qualidade da formação oferecida nos Centros de Formação profissional e estabelecimento de mecanismo de financiamento para ajudar as pequenas e médias empresas.

 

A capitação do SENAI foi apenas o começo das ações. O projeto também apostou em:

  • Planos de cursos e recursos didáticos nas 5 áreas tecnológicas;
  • Critérios de seleção de alunos customizados, visando o início da oferta de cursos de formação profissional; e
  • Condição técnica adequada para a realização de avaliações periódicas das máquinas, instrumentos e equipamentos adquiridos e entregues no Centro de Formação Profissional.

 

Como o país conta com uma população jovem, além da abundância de recursos naturais, 3 mil quilômetros de costa e forte potencial turístico, a economia pode, ao longo dos anos, com o foco na educação, melhorar as condições precárias, criar um espírito empreender no país e ofertar melhores oportunidades de desenvolvimento.