O setor empresarial apresentará em outubro um documento consolidado com recomendações políticas para os líderes das 20 maiores economias do mundo, que integram o G20. Nomeado Business20 (B20), o grupo é o fórum de diálogo global do G20 com a comunidade empresarial e tem a tarefa de recomendar iniciativas que estimulem o crescimento e o desenvolvimento econômico. A Confederação Nacional da Indústria (CNI) é a representante do setor privado brasileiro no B20 desde 2010.
O B20 é um dos grupos de engajamento do G20 com setores da sociedade civil. o B20. Além dele, da área de negócios, há, por exemplo, o Women20 (W20), que aborda questões de gênero, o Labour20 (L20) de trabalho e o Youth20 (Y20) de juventude.
No B20, os temas são discutidos em forças-tarefas. Em 2021, na presidência italiana, foram instituídas sete forças-tarefas e um conselho de ação, criado em virtude da pandemia, para discutir como o setor privado pode se preparar para eventuais futuras crises sanitárias, desastres ambientais e na recuperação econômica sustentável.
O B20 levará oficialmente suas recomendações à presidência do G20, na reunião plenária final, agendada para 7 e 8 de outubro. O evento ocorrerá cerca de um mês antes da reunião da Cúpula dos Líderes de Governo e Chefes de Estado do G20, prevista para 30 e 31 de outubro.
Mais de 6,5 milhões de empresas do mundo estão representadas pelos membros do B20, que têm cerca de dois mil participantes da comunidade empresarial. A representação brasileira no B20 cresce em termos quantitativos e qualitativos a cada ano. Com novo recorde em 2021, a representação brasileira nas forças-tarefas do grupo soma 32 membros.
O envolvimento do empresariado brasileiro no B20 é fundamental para levar a visão do país aos demais membros e defender pontos nas recomendações que chegarão aos chefes de Estado.
“A pandemia da Covid-19 deixou ainda mais clara a importância de se ter um setor privado brasileiro atuante no B20. Foi no âmbito das forças-tarefas do B20 2020 e 2021 que ocorreram muitas das discussões sobre como as empresas e entidades podem contribuir para uma economia global mais inclusiva e resiliente. Estar à mesa permite a defesa dos interesses da indústria brasileira perante as maiores economias do mundo e a garantia de que nossa realidade será considerada”, destaca Constanza Negri.
Representante na FT de Comércio e Investimentos, a diretora executiva da Abimaq, Patrícia Gomes, aponta que as discussões permitiram a construção de um documento mais equilibrado.
“Um tema importante, acompanhado pela CNI e por nós, é o financiamento e a garantia a exportações para micro e pequenas empresas”, adianta. Ela reforça que é preciso buscar um reequilíbrio e lembrou que, no Brasil, é preciso uma reforma no sistema de créditos oficiais para exportações que consiga apoiar a todas as empresas.
Em Integridade e Compliance, a representação brasileira aponta como essencial o fortalecimento da cooperação público-privada. “A perspectiva é ampliarmos esse diálogo, para que as empresas entendam todo o risco envolvido ao negociar com o setor público, e para que o setor público esteja mais preparado para essa questão”, resume a conselheira da Comissão de Ética Pública Roberta Codignoto.
No Conselho de Ação em Sustentabilidade e Emergências Globais, o Brasil contou com um representante em posição de governança no B20. Ex-CEO de empresas, como a GranBio, Tetra Pak, Aché e InterCement e co-chair do Conselho, Paulo Nigro defendeu o posicionamento brasileiro, enfatizando o potencial do país em biodiversidade.
“Tratamos de métricas únicas que sigam como base para preservação e para busca de financiamentos globais para os mercados.” Na atuação no B20, ele enfatizou, por exemplo, a agenda positiva do Brasil na questão ambiental com ampla lista de boas práticas das empresas nacionais para serem compartilhadas.
Em busca de soluções que apontem mais diversidade e visando à equidade de gênero, em 2021, o B20 Itália criou a Iniciativa Especial para o Empoderamento Feminino. Contando com representantes de todas as forças-tarefas, os membros trabalharam considerando o empoderamento feminino como tema transversal.
Três pontos principais da iniciativa são: integrar mais mulheres no mercado de trabalho nas áreas de ciência, tecnologia, engenharias e matemática, trabalhar pela equidade de gênero, pela igualdade no trabalho remunerado e facilitar a liderança de mulheres nos negócios.
Os membros brasileiros do B20 já se reuniram com representantes do governo, dos Ministérios da Economia e das Relações Exteriores, para alinhar os pontos em discussão. Antes da plenária final do B20, que ocorrerá em Roma, na Itália, em formato híbrido nos dias 7 e 8 de outubro, os representantes brasileiros do B20 2021 Brasil também debateram os tópicos com os anfitriões, ou seja, os representantes italianos do B20.
O encontro, em 1º de setembro, teve a participação do presidente da CNI, Robson Braga de Andrade, e do sherpa brasileiro, o embaixador José Buainain Sarquis. O encontro dos setores empresariais das principais economias do mundo é realizado semanas antes do encontro de chefes de Estado no G20. Na plenária é apresentando um documento final com recomendações políticas da comunidade empresarial, que será apresentado aos líderes do G20.
Da Agência de Notícias da Indústria