Sondagem Especial do RN: Mercado de insumos e matérias-primas na indústria potiguar

4/11/2020   15h31

A pandemia do novo coronavírus provocou uma paralisação geral nas cadeias de oferta e demanda de produtos e serviços no mundo inteiro. O ápice do impacto econômico no Brasil e Rio Grande do Norte ocorreu em abril, quando se verificaram quedas acentuadas na produção industrial, no comércio, serviços e aumento no número de desempregados.

 

A recente reabertura da economia veio acompanhada do desafio de se conviver com limites impostos pela realidade da Covid-19, como é o caso da manutenção das medidas de distanciamento social, sem contar a súbita pressão da demanda que ficou represada durante o período em que a economia parou.

 

Do ponto de vista da atividade industrial potiguar, um dos problemas mais evidentes do período julho-setembro, captado pelas sondagens das indústrias Extrativas e de Transformação e a da Construção, diz respeito à escalada dos preços médios das matérias primas. O indicador correspondente, em ambas as sondagens, atingiu o ponto mais alto da série histórica trimestral iniciada em 2012. Outro aspecto que chama a atenção é a dificuldade das Extrativas e de Transformação de pequeno porte em recompor seus estoques de produtos finais. Considere-se, ainda, os prováveis efeitos da desvalorização do real em relação ao dólar sobre os custos de produção, uma vez que parte da indústria nacional e potiguar depende de fornecedores estrangeiros.

 

Com o objetivo de apurar mais detalhadamente as dificuldades enfrentadas pela indústria para levar a cabo o atendimento dos pedidos de seus clientes no cenário atípico que ainda enfrenta após a reabertura da economia, a FIERN, em parceria com a CNI, realizou a Sondagem Especial Mercado de Insumos e Matérias-primas na Indústria Potiguar. As consultas ocorreram entre os dias 1º e 14 de outubro, com a participação de 41 empresas, sendo 27 das indústrias Extrativas e de Transformação e 14 da construção.

 

O primeiro aspecto a ser destacado dos resultados consolidados da Sondagem Especial diz respeito ao fato de que, embora não constitua maioria, é bastante significativa (40%) a proporção das empresas consultadas que afirmam enfrentar dificuldades para atender as demandas recebidas. Entre as indústrias Extrativas e de Transformação, o problema ocorre com 44% das empresas; e na Construção, com 30%.

 

A principal dificuldade mencionada decorreria da impossibilidade de aumentar a produção, citada por 56% das empresas que enfrentam o problema. Já 55% indicam falta de estoques, 29% problemas de logística e 18% afirmam que a demanda está maior do que a capacidade de produção.

 

Entre as empresas que declararam não poder aumentar a produção, os motivos apontados dizem respeito à falta de insumos e/ou matérias-primas e à falta de recursos/capital de giro, ambos com 67% das assinalações; 33% das empresas mencionaram, ainda, falta de trabalhador.

 

No que diz respeito, especificamente, aos insumos e/ou matérias-primas, do total de empresas consultadas, 72% afirmam estar com dificuldade para conseguir tais produtos produzidas no país e 72% das empresas que utilizam regularmente insumos importados, estão com dificuldade em adquiri-los.

 

As quatro principais dificuldades assinaladas pelas empresas para obter insumos de origem nacional são as seguintes por ordem de importância, considerando a indústria potiguar como um todo: o Fornecedor não tem estoques (72%); os Preços estão elevados por razão de oferta e demanda (62%); a Demanda está maior do que a capacidade do fornecedor (60%); e o Preço está elevado porque é atrelado à taxa de câmbio (40%).

 

Quanto aos preços, tomando por referência o terceiro trimestre, em comparação com o trimestre anterior, 78% das empresas perceberam aumento no preço médio de insumos e matérias-primas. Para 41% delas, esse aumento foi considerado acentuado.

 

Em relação às expectativas de normalização do mercado de produtos finais e de insumos, na percepção da maior parte da indústria potiguar, as dificuldades não se resolverão em 2020. Mais da metade, 82% das empresas, esperam que o atendimento aos seus clientes seja normalizado apenas em 2021. Além disso, 81% das empresas esperam que a situação dos mercados de insumos e matérias-primas nacionais se normalize apenas em 2021 e 96% têm a mesma expectativa em relação aos importados.

 

Para mais informações, favor acessar a Sondagem Especial do RN