Pré-candidata do PCdoB à presidência defende referendo para reformas

25/07/2018   12h42

 

Após participar do Fórum FIERN Caminhos do Brasil, nesta quarta-feira, 25, a pré-candidata do PCdoB à Presidência da República, deputada federal Manuela D’Ávila, concedeu entrevista coletiva onde tornou a defender o referendo revogatório de medidas adotadas, como a reforma da legislação trabalhista e a Emenda Constitucional 95, do Teto dos Gastos Públicos, como também a unidade de partidos de esquerdas. Confira os principais trechos da entrevista.

 

REFERENDO REVOGATÓRIO

 

Eu defendo a realização de um referendo revogatório para um conjunto de medidas do governo, entre elas a reforma trabalhista, a emenda constitucional 95, as mudanças da TJLP, que destroem o BNDES. Um conjunto de medidas adotadas por este Governo, que a meu ver merecem ser levadas ao escrutínio público, já que foram aprovadas sem ser submetidas ao debate público. É uma proposta bem simples, um referendo revogatório.

 

UNIDADE DA ESQUERDA

 

Eu defendo publicamente a unidade dos partidos de esquerda, tanto em primeiro quanto em segundo turno. Defendo que busquemos construir a maior unidade possível, agora no primeiro turno, porque sabemos que juntos há mais chances de vencermos. E acredito que o campo político a que eu pertenço, que é a esquerda brasileira, que busca o desenvolvimento econômico brasileiro, a distribuição de riquezas, o combate à desigualdade social, precisa colocar no centro das ações, não suas vaidades, seus projetos partidários, mas a busca da vitória eleitoral. Somos quatro candidaturas de esquerda, aqueles signatários, por meio dos seus partidos, a um programa de desenvolvimento do Brasil mínimo, estabelecido no final do ano. Mas se só existem espaço para dois, eu não serei óbice na construção dessa unidade. Porém, ao que tudo indica, isso não vai acontecer. Uma vez que na Convenção, dia 4 de agosto, meu nome será confirmado candidata do meu partido à Presidência da República.

 

 

SEGUNDO TURNO

 

Ciro é candidato do mesmo campo político pelo programa de Governo que adota. E cada um está tentando validar sua candidatura. Mas acho que estão tentando criar divisões. Claro, que temos diferenças partidárias, algumas diferenças de programa, mas eu acho que esse debate de tentar valorar ou de tirar alguém do nosso campo, só serve aos que estão preocupados com isso, como o Alckmin, o Henrique Meirelles. De mim, não esperem que eu crie divisão que não existe. Eu não sou candidata para contar no meu currículo, eu sou candidata porque o Brasil enfrenta uma crise e eu quero que o Brasil volte a se desenvolver, que os brasileiros não vivam com o desemprego que cresce diariamente, eu quero porque é preciso uma reforma do programa de segurança pública que salve vidas.

 

CANDIDATURA DE LULA

 

Não entendo como ser primeiro lugar em todas as pesquisas, que é o lugar que está o presidente Lula, pode prejudicar a unidade da esquerda. Não sei fazer esse cálculo de como isso pode prejudicar, eu não consigo perceber.

 

PARTICIPAÇÃO DAS MULHERES NA POLÍTICA

 

Algumas nações tem um desempenho de 20% a 25% da participação de mulheres nos parlamentos, que é o aferido mundialmente e é uma posição melhor do que a participação das mulheres na política do Brasil, já que as mulheres representam 52% da população do país. Mas é preciso ter claro que não é apenas uma questão de aumentar o número de mulheres na política, porque há países com esse índice de 20% de mulheres no Parlamento, o que não quer necessariamente dizer que há mais políticas que beneficiam o conjunto de mulheres ou enfrentam as desigualdades entre mulheres e homens. Então, como feminista, eu defendo o combate às desigualdades de classes, de gênero e também de raça.

 

 

VOTO FEMININO

 

Eu acredito que esta eleição será reveladora. Porque mesmo que as pesquisas mostrem que menos mulheres desejam votar nas eleições deste ano, o cenário de crise e as saídas que o atual governo resolve dar para a crise, punem sobretudo as mulheres. A Emenda Constitucional 95 é pior para as mulheres do que para os homens, porque são elas que são obrigadas a largar o trabalho, porque não tem creche para os filhos, são as mulheres que ficam no posto de saúde esperando a consulta médica do SUS. Quem usa esses serviços ou recebe de herança da ausência de política pública a estrutura de cuidados que deveria ser pública, são mulheres. De quem é a maior parcela do desemprego do Brasil? É de nordestino, é de mulher e de negros. Eu defendo que, para a saída da crise, se coloque no centro a questão de gênero e não numa pasta. É preciso pensar no todo.

 

AUTOCRÍTICA DA ESQUERDA

 

Temos críticas a um conjunto de medidas implementadas pelos Governos de esquerda sobretudo no último ciclo, do qual fizemos partes, como as medidas macroeconômicas que foram levados a cabo pelo ministro Joaquim Levy. Algumas muito parecidas com as adotadas com o Governo atual. Acho que faz parte de uma narrativa que serviu para mentir ao povo brasileiro, durante o processo de impeachment, de que esta é uma crise brasileira. Esta é uma crise mundial, que vem desde 2008, e que por um largo período conseguimos evitar que ela chegasse com mais intensidade aqui no Brasil. É por isso que é tão crucial lançar um projeto de nação agora.

 

COMBATE AS DROGAS

 

Contraditoriamente, mesmo em ambiente de crescimento de uma intensidade conservadora, esta é a eleição que o maior número de candidatos conservadores colocam no debate a questão da legalização da maconha. Isso porque é gritante o fracasso da guerra às drogas, há um número grande de candidatos de direita falando que esta é uma questão a ser tratada. Eu defendo que a gente tribute, mas não é só pela questão econômica, até porque só legalizar não resolve um conjunto de outros problemas da segurança pública. Mas defendo que tribute e use os recursos para reparar comunidades que são as atingidas pelaS guerras às drogas e também para ampliação de programas de combate ao consumo abusivo de drogas lícitas, como é o caso do álcool, porque o alcoolismo é um problema também.