FIERN apresenta Plano de Retomada Gradual da Economia ao Comitê Científico

13/05/2020   12h24

A FIERN apresentou, na última terça-feira (12), o Plano de Retomada Gradual da Economia do RN ao Comitê Científico, formado por pesquisadores e professores dos mais diversos setores de universidades do Rio Grande do Norte. Durante a videoconferência, que teve participação de cerca de 15 cientistas, foi exposto o documento que consta de uma Agenda Pública Urgente, um conjunto de ações e protocolos, além de cenários e prognósticos compilados pela equipe do Mais RN no monitoramento do novo coronavírus no estado. O Comitê Científico tem assessorado o governo estadual na tomada de decisões para o enfrentamento da pandemia de COVID-19 no Rio Grande do Norte.

 

O assessor técnico de Economia e Pesquisa da FIERN, Pedro Albuquerque, responsável pela apresentação, conta que tem acompanhado os dados divulgados pelos órgãos de saúde e feito projeções que apontam momentos de crise que deverão ocorrer no estado, com o agravamento do quadro de infectados e óbitos, e que indicam a urgência na abertura de leitos de Unidade de Terapia Intensiva. “Os prognósticos buscam alertar o governo de medidas urgentes que precisam ser tomadas, agora, para quando este agravamento ocorrer o estado está melhor preparado”, disse.

 

 

Ele lembra que o Plano traz uma Agenda Pública Urgente com medidas previstas para serem concretizadas, propostas para o período de 5 a 20 de maio, como forma de aparelhar as diversas secretarias e autarquias no combate a pandemia e aos efeitos na economia. O documento sugere, sem especificar data e condicionando a retomada à evolução da curva de casos, uma reabertura dividida em três blocos e com adoção de um conjunto de protocolos de funcionamento.

 

O Plano mostra a tendência de curva de disseminação da COVID-19 e de abertura e ocupação de leitos de UTI como condicionantes a retomada das atividades. E estabelece como cenário ideal para o retorno quando a ocupação dos leitos públicos de UTI estiver entre 50% a 60%.

 

O quadro atual, no entanto, é crítico. Esta semana, a Secretaria Estadual de Saúde Pública informou que o Rio Grande do Norte está com ocupação máxima dos leitos públicos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) para pacientes graves com COVID-19 nas duas principais cidades, Natal e Mossoró. “Nossas projeções, indicadores estão calibrados e apontavam, com dados do final de abril, para essa superlotação no dia 14. Ocorre que com 100% dos leitos de UTI ocupados, hoje, não em situação segura”, afirma Albuquerque.

 

Para compreender a real curva no RN o melhor indicador são as internações por COVID-19 em UTI. Atualmente, segundo dados do Boletim da Sesap de 12 de maio, há 115 pessoas internadas, o que representa aproximadamente 96% da oferta pública de leitos. A tendência de curva também não está estabilizada. Ontem (12), o Brasil bateu recorde de óbitos por dia, com 881 óbitos nas últimas 24h. “Esse dado influencia o RN, pois até o momento o estado acompanha essa tendência nacional com alguns dias de atraso, significando que nos próximos dias o quadro pode piorar aqui no estado”, avalia.

 

Os prognósticos para o RN, explica o assessor da FIERN, é de que se não houver esforço máximo na aquisição de novos respiradores (para abertura de novos leitos), até o final da semana (entre os dias 16 e 17) a situação pode entrar em colapso. Nessa linha, acrescenta o assessor, com a taxa de isolamento social muito abaixo do recomendado, deve haver um esforço conjunto para manter o isolamento social, o uso de máscaras em qualquer espaço público e a adoção dos protocolos nos ambientes em funcionamento.

 

“Nosso trabalho não é apontar cenários para no futuro dizer que estava previsto no Plano, mas sim apontar cenários e apresentar prognósticos e sugestão de medidas para o planejamento, uma agenda de ações que precisam ser realizadas”, reforça Pedro Albuquerque.

 

Por outro lado, a partir de informações da Sesap, há previsão de que até o final da semana 62 novos leitos de UTI para pacientes da COVID-19 sejam abertos no RN. “Se isso se confirmar, nossa curva de demanda se estabiliza e fica abaixo dos 80% até por volta do dia 20. Assim, deve existir um plano de novas aberturas de leitos para aquela data. Conforme comportamento da curva,os quase 200 leitos de UTI Covid-19 podem manter o RN numa situação segura”, enfatiza.

 

Na comparação com outros estados do Nordeste, o RN é considerado um dos mais seguros, tanto no número de óbitos, infectados e letalidade do vírus o que, na análise do assessor da FIERN, coloca o estado numa situação vantajosa para planejar uma saída gradual, planejada e controlada.

 

O Comitê Científico considerou o trabalho responsável por não ter fixado data para esta reabertura e por trabalhar com os mesmo dados oficiais usados pelo comitê. As condicionantes para a reabertura e ações transversais sugeridas no Plano de Retomada Gradual da Economia, apresentado pelo MAIS RN, também coincidem com os indicadores e pressupostos analisados pelo grupo de cientistas e pesquisadores. O ponto mais importante do Plano, enfatizado pelo Comitê, é a conciliação das agendas econômica e de saúde para apresentar um planejamento mais seguro.

 

“O que preocupa é o tempo em que as medidas serão adotadas. Precisa ser o mais breve, hoje, fazermos acontecer esse planejamento de uma nova realidade futura para o estado, pois a que está projetada não é boa. Para isso, temos buscado mobilizar o setor empresarial, universidades, governo, federações, forças produtivas para estarmos muito alinhados em torno de uma agenda comum. O objetivo do Plano é trazer todos para um trilho e conciliar as agendas”, destacou Pedro Albuquerque.

 

O assessor da FIERN lembra que a as ações foram apresentadas também ao governo, que parabenizou a iniciativa, mas ainda está sendo efetivada. “O estado não tem conseguido, de forma rápida, realizar essa agenda”, observa.

 

O Plano de Retomada Gradual da Economia do RN foi desenvolvido por um grupo multidisciplinar formado, a partir da Sala de Situação do Mais RN, por representantes das Federações do setor produtivo – FIERN, Fecomércio, Fetronor, Faern -, do Sebrae, da AGN, do governo do Estado, com participação de professores da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN).

 

Por Sara Vasconcelos, jornalista UNICOM/FIERN