Webinar debate os desafios da segurança dos alimentos em momentos de crise

25/05/2020   18h17

 

Frente as mudanças de hábitos de consumo e no sistema de produção devido a pandemia de Covid-19, o SENAI/RN promoveu, na tarde desta segunda-feira (25), o webinar “Desafios da segurança dos alimentos em momentos de crise” dentro da programação da Semana da Indústria, que segue de hoje até a sexta-feira (29). Esta é a primeira de uma série de webinars promovida pelo SENAI/RN  em comemoração ao Dia da Indústria, que terão abordagens pertinentes para o atual momento e que agregarão à carreira profissional ou às empresas interessadas em adquirir mais conhecimento.

 

A engenheira química Andréa Amaral, mestra em Engenharia Química pela UFRN e consultora do SENAI Centro de Educação e Tecnologias Clóvis Motta, na área de Soluções em Tecnologia e Inovação (STI), foi a mediadora da discussão com a palestrante, a nutricionista Sônia Fernandes, doutora em Ciências da Saúde pela UFRN e chefe do Serviço de Plantão da Vigilância Sanitária.

 

A abertura foi feita pelo diretor regional do SENAI/RN, Emerson Batista, que deu boas vindas e destacou a singularidade do momento que o mundo atravessa e a necessidade de buscar novas soluções. “ É um momento de reinvenção, em que buscamos adaptar nossos produtos e serviços e trazer eficiência aos nossos processos para superarmos as dificuldades. É um momento novo, de articulações como esta que estamos promovendo, e que temos que nos adaptar”, disse.

 

Sônia Fernandes enfatizou a necessidade de o processo de produção, seja na indústria, serviço ou comércio, ser pensado e executado dentro da lógica de saúde púbica, na perspectiva da pandemia, junto com os órgãos reguladores. Para isso, as empresas precisam acompanhar a saúde dos colaboradores, entendendo que ele é peça fundamental para o processo de produção. E o colaborador se conscientizar da pandemia e dos cuidados que precisam ser tomados dentro e fora do ambiente de trabalho.

 

A chefe do Serviço de Plantão da Vigilância Sanitária ressalta que muitos manuais de boas práticas de fabricação, sobretudo na indústria, já contemplam normas de segurança e saúde. E empresas que já adotam essas práticas também vem realizando melhorias em suas instalações. E que aquelas em que ainda precisam ser implementadas há uma dificuldade maior para as mudanças e mesmo para continuidade das atividades

 

“Na pandemia, é preciso reforçar o uso das ferramentas de saúde e segurança no trabalho, é mais evidente ainda a questão do colaborador para garantir a segurança, com o uso de máscaras, medidas de controle e de segurança da saúde do manipulador. O uso de equipamentos de proteção individual (EPIs) é fundamental. As empresas precisam entender a importância do uso e também de dar condições de manutenção e limpeza desses equipamentos, como ter um local para se paramentar e desparamentar, onde deixar objetos pessoais”, disse a doutora em Ciências da Saúde.

 

Ela lembra que, diferente do setor de comércio e serviços, na indústria há protocolos mais definidos e utilizados tanto para uso de EPIs, de procedimentos na área de produção, bem como para entrada de visitantes. E ainda alerta ao fato que há disponível atualização de manuais para incluir normas e medidas de segurança nesta pandemia, inclusive com registro e ferramentas de controle. “A indústria deve estar mais a frente em protocolos, no comércio há maior defasagem nas normas”, observa.

 

A Vigilância Sanitária vem caminhando com o Sistema S para subsidiar as empresas no processo de controle de segurança do alimentos, explica a doutora em Saúde Pública, de forma a conseguir uma performance mais próxima do setor regulado. Para isso, é preciso engajar mais a população. “A população é o usuário do sistema de saúde, que consome os produtos e precisa cobrar também essa segurança dos alimentos”, afirma Sônia Fernandes.

 

Os desafios já existentes no setor de comércio de alimentos fiou mais evidenciado com a pandemia do novo coronavírus, na avaliação de Sônia Fernandes, devido a fatores como a diversidade de estabelecimentos que vai desde grandes redes de supermercados, delivery, padarias, restaurantes, até pequenos empreendimentos de produção caseiro, artesanal. Outro desafio deste setor se refere a capacidade instalada divergente entre os estabelecimentos de grande, médio e pequeno portes. E as diferenças que os estabelecimentos têm de conhecer, absorver e adotar as boas práticas de fabricação.

 

Ela ainda enfatizou o papel do setor de gestão de pessoas nos procedimentos dentro das empresas, a necessidade inovação e de planejamento pra o período de pandemia e pós-pandemia. “O mercado como um todo sofrerá perdas econômicas e passará por mudanças no processo de produção, se não houver inovação que valorize as pessoas. É preciso um comprometimento com as melhorias a serem implementadas para um processo de produção mais seguro”, afirma Sônia Fernandes.

 

A consultora do SENAI/RN e engenheira química Andréa Amaral pontuou que a indústria já atua com as boas práticas de fabricação e vem revisando os procedimentos, reforçando higiene, limpeza e segurança do colaborador. Entre as medidas adotadas pelo setor estão a adequação da demanda à capacidade produtiva, para garantir a segurança do trabalhador, bem como a redução do número de trabalhadores por turno e ampliação do número de turnos, horários diferenciados para refeição, reforço na disponibilização de itens de higiene, fixação de placas de acrílico, criação de comitês gestor e, em algumas empresas, a higienização de uniformes.

 

“É um momento de desafio para o setor como um todo, para a indústria também de como fazer o que já se fazia de forma segura para os profissionais e para o produto. Num contexto de pandemia, com estabelecimentos fechando por contaminação na linha de produção, é preciso repensarmos o que precisa ser modificado. Mesmo que o alimento não seja considerado como vetor disseminador do vírus, é urgente repensar, reeducar colaboradores, empresas, funcionários”, disse a engenheira química.

 

Ela destacou a importância da testagem entre os colaboradores e reforçou a necessidade de comunicação, monitoramento e registro formal de casos. “É uma responsabilidade casada da empresa, colaborador e população como um todo”, disse a mediadora.

 

Por Sara Vasconcelos, Unicom/FIERN