Impacto das medidas de desinvestimentos da Petrobras é tema de reunião da Diretoria da FIERN

4/09/2020   15h32

 

 

O impacto das medidas de desinvestimentos da Petrobras para o Rio Grande do Norte e as perspectivas para o mercado de petróleo e gás foram tema da reunião de Diretoria da FIERN, realizada na manhã desta sexta-feira (4/09), por meio de videoconferência. O encontro teve como convidados o secretário Executivo da Associação Brasileira de Produtores Independentes de Petróleo e Gás Natural (ABPIP), Anabal Santos Júnior, e o diretor-superintendente do Sebrae/RN, José Ferreira de Melo Neto.

 

O presidente do Sistema FIERN, Amaro Sales de Araújo, destacou as oportunidades que podem surgir para a economia do estado a partir da venda dos ativos da Petrobras, em terra e águas rasas, anunciada pela estatal, dia 24 de agosto, e a consequente entrada de empresas independentes para explorar e produzir no mercado de petróleo potiguar. “Vamos participar ativamente desse novo momento do onshore do Rio Grande do Norte. Temos a oportunidade ímpar de fortalecer a cadeia produtiva e o mercado de petróleo e gás do estado, com forte impacto na economia local. O setor passará a ser visto de forma diferenciada. A FIERN enxerga como uma oportunidade para o setor”, frisou.

 

A desmobilização por parte da Petrobras, lembra o presidente, já vem acontecendo há algum tempo no Rio Grande do Norte e foi acentuado a partir da política de desinvestimentos adotada pela companhia. “O Rio Grande do Norte vivenciou quase 15 anos sem grandes investimentos da Petrobras. Houve uma perda grande ao longo dos anos da produção, com forte representação também no PIB do estado. E, hoje, já vemos, com as novas empresas que aqui chegaram, os novos investimentos acontecendo. É uma mudança que vai acontecer, mesmo que não seja num estalar de dedos. Mas precisamos estruturar a nossa cadeia para apoiar os novos investidores”, disse. O presidente anunciou ainda que o Sistema Indústria, por meio do CTGAS, irá formatar e promover um fórum permanente de discussão para planejar um ambiente favorável à entrada de novas empresas.

 

O Rio Grande do Norte tem a maior produção onshore do Brasil. A produção terrestre que já chegou a atingir 117 mil barris/dia, nos últimos anos, declinou para 25 mil barris/dia. O setor já respondeu por 45% do PIB industrial, vem em queda desde 2010, com efeito direto na economia com a queda de produção e, consequentemente, de receita do Estado.

 

A transferência dos campos maduros à iniciativa privada, ressaltou Amaro Sales, já apresenta resultados exitosos. Nos primeiros seis meses de operação, a empresa Potiguar E&P que assumiu o campo Riacho da Forquilha, em Mossoró, registrou, em março, crescimento de 29,6% na produção terrestre de petróleo no Rio Grande do Norte, na comparação com a média de produção operada pela estatal.

 

O diretor primeiro tesoureiro da FIERN, Roberto Serquiz, destacou a importância do tema para elucidar dúvidas e questionamentos que surgirão com o anúncio do processo e vendas de cessão de ativos para exploração e produção na Bacia Potiguar. “Precisamos ver a questão pela perspectiva de novas oportunidades, para que estas novas empresas sejam recepcionadas e apoiadas. Reforço aqui o nome do presidente Amaro Sales para coordenar essa articulação do novo momento do setor de petróleo no estado”, disse.

 

O diretor Francisco Vilmar Pereira, presidente da Vipetro Construções e Montagens Industriais e do SIMETAL/RN, ponderou que já é perceptível a movimentação na economia de cidades como Mossoró, Carnaúbas, Felipe Guerra, Governador Dix-Sept Rosado, Apodi , a partir da entrada da empresa Potiguar E&P, subsidiária da PetroRecôncavo, que comprou 34 campos do Riacho da Forquilha. “Já se sente o impacto da entrada de novas empresas e os investimentos que estão sendo feitos, o movimento em demandar mais serviços para terceirizadas, fornecedores e prestadores de serviços da região, isso é importante para movimentar a economia do estado. Sem falar na excelente qualidade de pessoal formado pela Petrobras e pelo SENAI que o setor dispõe”, disse.

 

Marcelo Rosado, diretor da FIERN e CEO da BQMIL lembrou a formação da RedePetro no estado, que congrega fornecedores, com o apoio do Sebrae, e que agora terá um leque maior de oportunidades com novas empresas independentes sendo inseridas no mercado e buscando contratar pessoal, serviços e produtos locais. A empresa de argamassa potiguar desenvolveu pesquisa que resultou em produto de cimentação para poços de petróleo. “Investimos em pesquisa e inovação e desenvolvemos, em parceria com a UFRN, um produto certificado e reconhecido com vistas ao ressurgimento do setor de petróleo do estado”, destacou.

 

As oportunidades para a indústria de minerais também foram apontadas pelo diretor Mário Tavares, presidente do Sindicato da Indústria da Extração de Metais Básicos e de Minerais Não Metálicos do Estado do RN (SINDMINERAIS).

 

Por Sara Vasconcelos, jornalista Unicom/FIERN