Com projeto voltado a pacientes com câncer, SESI-RN disputa Olímpiada do Futuro

3/11/2020   11h30

Equipe Nutrinim

 

Um projeto desenvolvido por estudantes do 2º e 3º ano do Novo Ensino Médio das Escolas SESI Natal e São Gonçalo do Amarante, que compõem a equipe Nutrinim, traz esperança para pacientes oncológicos e pode melhorar a qualidade de vida. Trata-se da ‘Jujuba Nutrinim’, um doce capaz de mitigar os efeitos de perda e restituir o paladar e olfato de pacientes em tratamentos contra o câncer, como quimioterapia e radioterapia. Formada pelos alunos Cailany Cavalcante, Gustavo Henrique e Marialice Gomes do 2º ano da Escola SESI Natal, Elton Oliveira e Dailton Lima, do 2º e 3º anos, respectivamente, da Escola SESI SGA, sob a orientação do professor de Física Josinaldo Araújo, a equipe está na etapa semifinal e disputa, com outras 21 equipes de todo país, vaga para a final, prevista para ocorrer São Paulo, nos dias 12 e 13 de dezembro.

 

A jujuba é composta por óleo essencial de hortelã pimenta, responsável por estimular as papilas gustativas e permitindo o retorno sensitivo do paladar, além de servir como descongestionante nasal, influenciando no retorno sensitivo do olfato; e por glutamato monossódico, que proporciona o gosto ‘umami’ – o quinto gosto básico do paladar humano -, estimulando alguns receptores específicos da língua, influenciando diretamente nos sabores; além de outros ingredientes naturais. E não possui açúcar, lactose e glúten.

 

Jujuba Nutrinim desenvolvida pelos alunos do SESI-RN

 

O projeto tem um foco especial em pacientes que são expostos a tratamentos com quimioterapia e radioterapia e têm diversos efeitos colaterais devido ao desses dois métodos atuarem basicamente na destruição das células cancerígenas, sem distinguir células normais das malignas. E, assim, como outras partes do corpo, a boca também é afetada e os pacientes apresentam sintomas como disgeusia ou ageusia, condição que pode distorcer o paladar ou causar a perda permanente; hiposmia ou anosmia, que é a incapacidade de sentir odores ou a diminuição do olfato; e a xerostomia, associada a baixa produção de saliva pelas glândulas salivares.

 

Pacientes que possuem um ou mais desses distúrbios sofrem na hora de se alimentar, pelo fato de não conseguirem identificar cheiro ou sabor dos alimentos, o que pode deixá-los desmotivados na hora de ingerir as refeições. ”Deve ser no mínimo indescritível ir comer a sua comida favorita e simplesmente não sentir o gosto ou o cheiro dela, algo tão simples. Do nada, não conseguir mais sentir o de nenhuma comida, é muito triste isso”, observa Gustavo Henrique, um dos integrantes da Nutrinim.

 

Gustavo Henrique, Equipe Nutrinim

 

A partir dessa desmotivação, os pacientes podem adquirir problemas, como anorexia, desnutrição, quadros depressivos e redução significativa da qualidade de vida, o que o faz passar por momentos realmente difíceis, tornando a sua rotina ainda mais complicada.

 

“Considerando todos esses fatos, a equipe desenvolveu a jujuba Nutrinim, um doce capaz de solucionar todos os problemas já citados, promovendo uma melhor qualidade de vida a esses pacientes”, explica a estudante Cailany Cavalcante, team leader (líder da equipe, em tradução livre do inglês).

 

Cailany Cavalcante, foi selecionada entre mais de 20 mil participantes de todo o Brasil para montar uma equipe e criar um projeto para concorrer a Olimpíada do futuro – Sapientia. Para ser classificada entre os 32 líderes, ela realizou quatro fases da seleção, compostas por três provas objetivas com o conteúdo voltado para a Medicina. E foi selecionada na 4ª fase como uma das participantes com o melhor rendimento durante as provas, bem como o integrante Gustavo Henrique, que também foi medalhista de Ouro, para montar a equipe.

 

Cailany Cavalcante, Equipe Nutrinim

 

“Pretendemos chegar até o final da olimpíada e trazer o primeiro lugar para o SESI RN, representar nossa escola em uma Olimpíada tão grande como essa é muito gratificante, ainda mais quando estamos lutando por uma causa tão importante como a que nós escolhemos, com o sonho de salvar vidas. Assim, pretendemos continuar o projeto, quando está edição acabar, e acreditamos que conseguiremos expandir a nossa jujuba para todo o país e, quem sabe, para o mundo”, ressalta a líder, em nome de toda a equipe.

 

Na sexta etapa, a Semifinal, os estudantes estão desenvolvendo um vídeo, pitch (ferramenta de apresentação para atrair investimentos) e site para divulgação do projeto, além de entrar na fase de testes da jujuba, para isso, estão em contato com ONGs e hospitais.

 

Devido a pandemia do novo coronavírus (Covid-19), a Olímpiada do Futuro – Sapientia foi realizada, até agora, de forma remota, contudo, a final deverá ocorrer de forma presencial.

 

Para o professor de Física Josinaldo Araújo orientar jovens estudantes em projetos que visam melhorar a vidas das pessoas é sempre uma tarefa empolgante para o docente. “É notório o engajamento durante a iniciação científica, como também é perceptível a evolução de habilidades e competências desenvolvidas nos discentes no decorrer do processo. A oportunidade de participar de uma Olimpíada, de fazer parte de uma equipe e desenvolver um projeto de pesquisa promove o protagonismo e o pensamento crítico do aluno, habilidades importantes para sua vida pessoal e profissional”, avalia o orientador da equipe Nutrinim.

 

Josinaldo Araújo, professor de Física e orientador da equipe Nutrinim

 

Mais do que medalhas, prêmios e certificados de participação, as olimpíadas científicas proporcionam aos estudantes novas descobertas, novos lugares, ideias, técnicas e conhecimentos. Esse somatório é, na opinião do professor, o grande legado para os participantes. “A participação em olimpíadas como esta estimula os jovens a desbravar novas possibilidades podendo, inclusive, influenciar na escolha de sua trajetória profissional. Além disso, eles desenvolvem diversas habilidades importantes, como a capacidade de resolver problemas e de se trabalhar em equipe”, observa Araújo.

 

As expectativas para esta fase semifinal e para a final, em dezembro, segundo ele, são as melhores possíveis. “Baseado no trabalho bem desenvolvido, a equipe apresenta confiança para representar nosso estado e disputar os prêmios de excelência da olimpíada. Além disso, o grupo pretende continuar com o projeto mesmo depois da conclusão do evento, o que ratifica o envolvimento dos alunos com todo trabalho desenvolvido”, ressalta o professor.

 

Olímpiada do Futuro – Sapientia

A Sapientia aborda as disciplinas estudadas em sala de aula a partir de uma perspectiva conectada às questões do nosso tempo. Os conteúdos abordados são pautados pela Agenda 2030 da ONU e enriquecidos pela visão de pensadores do século 21. As provas propõem uma abordagem transdisciplinar do conhecimento, buscando conectar as disciplinas curriculares clássicas a matérias mais contemporâneas como Economia, Sustentabilidade, Medicina & Saúde e STEAM (sigla em inglês para Ciência, Tecnologia, Engenharia, Artes e Matemática).

 

Esta é a primeira olimpíada a fomentar a produção de projetos que impactem de forma efetiva e real a sociedade civil do país, e onde as ideias propostas pelos alunos são avaliadas pelo grau de inovação, impacto socioambiental e factibilidade de implantação da proposta.

 

 

Por Sara Vasconcelos, Unicom/FIERN