Safra de melão e fabricação de açúcar puxam empregos com carteira em julho no RN, mostra Novo CAGED

10/09/2025   17h10

 

O saldo do Novo CAGED no Rio Grande do Norte correspondeu, no mês de julho de 2025, a 3.438 vagas abertas, com variação de 0,63% no total de empregados com carteira assinada, resultantes de 23.756 admissões e 20.318 desligamentos. Trata-se do maior saldo do ano, após o menor nível do período em junho, com 1.489 vagas.

 

Apesar do impulso do mês, o total de empregos gerados ficou abaixo do patamar verificado em julho de 2024 quando 6.015 postos de trabalho foram abertos e o estoque (total) de empregados cresceu 1,17%. No período janeiro-julho, foram criados 10.109 empregos (1,88%), ante 19.281 (3,84%) no mesmo período de 2024; e em 12 meses, 24.926 vagas (4,78%), contra 32.237 (6,18%) em igual período do ano anterior.

 

O súbito incremento de vagas abertas entre junho e julho tem explicação sazonal, representada pela safra do melão 2025-2026, pelo início da moagem da cana de açúcar e na movimentação turística típica do meio do ano.

 

Por outro lado, a perda de força das contratações líquidas, em comparação com iguais períodos de 2024, conforme já pontuado em sumários recentes, tem explicação no nível elevado das taxas de juros — ou seja, taxa básica Selic em 15% ao ano desde agosto de 2024 —, cuja finalidade é controlar a inflação, mas tem como efeito o desaquecimento da economia e quedas no consumo e no nível do emprego.

 

O cenário verificado no Rio Grande do Norte é reflexo da conjuntura nacional. Segundo o IBGE, o crescimento do PIB do país já vem desacelerando desde o quarto trimestre de 2024. Na passagem do primeiro para o no segundo trimestre do presente ano, o crescimento da atividade atenuou de 2,9% para 2,2%, o consumo das famílias de 2,6% para 1,8% e a taxa de investimento de 9,1% para 4,1%.

 

Quanto ao custo financeiro para os tomadores finais de crédito, de acordo com o Banco Central do Brasil, no mês de julho, as taxas de juros com crédito livre às pessoas jurídicas atingiram, em média, 25% ao ano e às pessoas físicas, 57,7% ao ano. Voltando ao volume das 3.438 vagas do mês de julho, em termos de grandes setores, a Agropecuária registrou o maior saldo de contratações (1.631 vagas), destinadas, principalmente, ao cultivo do melão e, em proporções menores, ao corte da cana de açúcar e algumas culturas permanentes. O Comércio foi o segundo destaque (759), com ênfase na modalidade varejista de alimentos.

 

Na sequência, vieram os Serviços (733), com destaque das Atividades administrativas e serviços complementares, Transporte rodoviário de carga e Serviços de como alojamento e alimentação, puxadas pelo turismo. O conjunto da Indústria ficou na última posição (309), sendo o maior volume de vagas no subsetor de Transformação (669).

 

Os demais segmentos apresentaram os seguintes saldos, por ordem decrescente: Água, esgoto, gestão de resíduos e descontaminação, 62; Eletricidade e gás, -1; Extrativas, -2; e Construção, -419. No conjunto do Brasil e do Nordeste, os balanços de julho também foram positivos, mas com menor intensidade de crescimento em relação ao mesmo mês de 2024. No país, foram 129.775 novas contratações, ante 206.373, e na Região, 39.038 empregos contra 40.625, na mesma ordem.

 

Destaques da indústria potiguar em julho

 

O conjunto da indústria potiguar criou 309 vagas em julho, após o saldo negativo de -1 vaga em junho e +2.283 em julho de 2024. O setor de Transformação abriu +669 vagas ante +221 em junho e +1.479 em julho de 2024. Nota-se, portanto, que a perda de força das contratações também é nítida no setor industrial, apesar da alta sazonal do setor sucroalcooleiro, que explica o crescimento do mês. Neste caso, a abertura de vagas para a Fabricação de açúcar foi decisiva para o balanço positivo do conjunto do setor industrial, ao contrabalançar as -419 vagas cortadas pelo setor da Construção. Mas no caso desta, o saldo negativo continua concentrado nas obras de infraestrutura.

 

Quanto aos destaques individuais da Indústria em julho, o maior volume de vagas foi aberto em Produtos Alimentícios (617), com ênfase na Fabricação de açúcar, e, em menor proporção, de outras manufaturas como Panificação, e Balas e caramelos. A Construção de edifícios ficou na 2ª posição (191), e a cadeia da atividade ganhou reforço dos Serviços especializados para construção (45) em 5ª. O segmento de Esgotos e atividades relacionadas (75) ficou em 3ª posição, puxado pelas obras de saneamento que vem sendo executadas em Natal.

 

Por outro lado, o maior volume de cortes no mês foi verificado no segmento e Obras de infraestrutura (-655), com ênfases em Obras de arte especiais e Obras de infraestrutura para energia elétrica. Contudo, cabe ponderar que as mesmas vagas abertas e classificadas como de Esgotos e atividades relacionadas, acima mencionadas, são também obras de Infraestrutura, o que vale para amenizar a percepção do volume de cortes no segmento. A 2ª posição negativa ficou a cargo da Manutenção, reparação e instalação de máquinas e equipamentos (-57).