Programa Prioritário de Interesse Nacional em Bioinformática vai promover pesquisa, desenvolvimento e inovação nas áreas de TICs e bioeconomia

Gustavo Leal, diretor-geral do SENAI Nacional (esquerda), Luciana Santos, ministra da Ciência, Tecnologia e Inovação (meio) e Alex Carvalho, presidente da FIEPA (direita). Foto: Augusto Coelho/CNI
Um novo programa nacional vai impulsionar as áreas de Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC) e ciências biológicas por meio de incentivos à pesquisa, desenvolvimento e inovação (PD&I) da Lei de Informática.
O Programa Prioritário de Interesse Nacional em Bioinformática (PPI BioinfoBR) foi lançado pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), nesta quarta-feira (12), no estande da Confederação Nacional da Indústria (CNI) na COP30, em Belém. O Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI) propôs o modelo e participará do programa.
O PPI cria oportunidades para o desenvolvimento de hardware, software, algoritmos, infraestrutura de dados e serviços digitais aplicados à biotecnologia, integrando a política industrial de TICs com a agenda de bioeconomia e soberania tecnológica do país.
A bioinformática é um campo interdisciplinar que integra ciências biológicas, tecnologias da informação e comunicação, matemática e estatística para a coleta, organização, análise e interpretação de grandes volumes de dados biológicos de alta complexidade de análise, como genomas.
Como vai funcionar o programa
A Lei de TICs (Lei nº 8.248/1991) já estabelece incentivos fiscais e obrigações de investimento – percentual mínimo da receita bruta – em PD&I para empresas que produzem bens e serviços de tecnologia da informação e comunicação no Brasil.
Empresas do setor habilitadas pelo MCTI poderão aportar parte desses recursos no programa. Além do incentivo fiscal, a empresa tem como vantagem o acesso a tecnologias e centros de pesquisa credenciados para atuar na Lei de TICs que desenvolvem novas soluções e fortalecem não só o próprio negócio, como a cadeia produtiva como um todo
Durante o lançamento do programa, a ministra Luciana Santos destacou que é preciso colocar tecnologias brasileiras para desenvolver soluções a partir dos ativos próprios da natureza. “Abraçamos a proposição do SENAI para o PPI da Bioinformática com muita convicção. Nós precisamos cada vez mais associar tecnologias disruptivas, como softwares, computadores de alto desempenho e soluções de inteligência artificial, ao maior patrimônio do nosso país, que é a nossa biodiversidade”, afirmou.
O diretor-geral do SENAI, Gustavo Leal, observou que a instituição contribui para o programa com a experiência na operação do Mover e dos Institutos SENAI de Inovação.
“Responsável pela maior mobilização de projetos no programa Mover, o SENAI utilizará esta experiência para atuar no PPI de Bioinformática com a rede de Institutos SENAI de Inovação, com universidades e ICTs nacionais. Dos 28 institutos, 12 possuem atuação direta em temáticas de bioeconomia e sete em TICs, cobrindo toda a cadeia de valor, desde o uso de dados biológicos, seu processamento em alta velocidade e larga escala, até a criação de produtos e processos de alto valor agregado”, pontuou.
A rede do SENAI tem atuação nacional, distribuída em diferentes estados, para atender demandas industriais de elevada complexidade e promover conexões estratégicas entre indústria, academia e governo. Os institutos e seu corpo técnico são especializados em áreas de conhecimento e prestam serviços de pesquisa, desenvolvimento e inovação.
Para o presidente da Federação das Indústrias do Estado do Pará (Fiepa), Alex Carvalho, não haveria momento mais oportuno que a Conferência do Clima para o lançamento do programa.
“Além de descortinar as realidades regionais, descortina-se também uma floresta gigante de novas oportunidades. Ao trazer ciência associada a pesquisas que possam criar os nossos bioativos e bioinsumos, promovemos novos mercados que podem trazer a capacidade de internalização de renda, de emprego à sociedade e à Amazônia, criando um ambiente de integração que tanto defendemos”.
Objetivos do PPI BioinfoBR
Ao processar os dados biológicos com precisão e alta velocidade, a bioinformática possibilita a transformação das informações biológicas em soluções inovadoras de alto impacto. Os objetivos do programa são:
O programa está em fase final de modelagem, podendo agregar novas demandas industriais e da academia, além de parceiros.
Bioinformática vai alavancar a bioeconomia
Segundo projeções da Associação Brasileira de Bioinovação (ABBI), um investimento de US$ 257 bilhões pode alcançar um retorno anual de US$ 593 bilhões em diferentes áreas da bioeconomia no país. Até 2050, projetam-se reduções expressivas nas áreas degradadas (de 225 para 108 milhões de hectares) e a expansão de cadeias produtivas sustentáveis, como proteínas alternativas (de 0 para 9,8 milhões de toneladas), bioquímicos (de 0,2 milhões para 15 milhões de toneladas) e biocombustíveis (81 Mm³ para 570 Mm³).

Projeto do ISI Biossintéticos e Fibras com MDCI mostrou que aplicações com 39 plantas da biodiversidade amazônica podem resultar em um impacto econômico de mais de US$ 1 bilhão. Foto: Iano Andrade/CNI
Esses avanços não apenas atraem investimentos de grande escala, como também podem reduzir significativamente as emissões acumuladas de CO₂, de 41 Gt para 12 Gt no período de 2020 a 2050.
O PPI BioinfoBR está alinhado com outros programas como o Mais Inovação Brasil – Bioeconomia e a Plataforma Brasil de Investimentos Climáticos e para a Transformação Ecológica (BIP). Além de planos como o de Transformação Ecológica, Plano Clima, Nova Indústria Brasil e Transição Energética, que reforçam o compromisso do país em desenvolver soluções sustentáveis.
Segundo o MCTI, para além da área de TICs, há potencial de desenvolvimento de soluções e negócios em diversos setores industriais, como agroindústria, alimentos, saúde, transformação, energia, biocombustíveis e biotecnologia.
CNI na COP30
A participação da CNI na COP30 conta com a correalização do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI) e do Serviço Social da Indústria (SESI).
Institucionalmente, a iniciativa é apoiada pela Associação Brasileira de Energia Eólica (ABEEólica), Câmara Americana de Comércio para o Brasil (Amcham Brasil), Câmara de Comércio Árabe-Brasileira (CCAB), First Abu Dhabi Bank (FAB), Sistema FIEPA, Instituto Amazônia+21, U.S. Chamber of Commerce e International Organisation of Employers (OIE).
A realização das atividades da indústria na COP30 recebe o patrocínio de Schneider Electric, JBS, Anfavea, Carbon Measures, CPFL Energia, Instituto Brasileiro de Petróleo e Gás (IBP), Latam Airlines, MBRF, Pepsico, Suzano, Syngenta, Acelen Renováveis, Aegea, Albras Alumínio Brasileiro S.A., Ambev, Braskem, Hydro, Instituto Brasileiro de Mineração (IBRAM), Itaúsa e Vale.
Agência de Notícias da Indústria