O presidente da FIERN, Roberto Serquiz, afirmou que o eleito em outubro do próximo ano para governar o Rio Grande do Norte deve assegurar prioridade ao ajuste fiscal. Ele defende que sejam adotadas medidas firmes para que o governo mantenha as contas equilibradas e chegue a uma condição que permita ao Estado retomar os investimentos em infraestrutura. Sem isso, além de não superar a dependência federal para qualquer projeto estruturante, afirmou, há o risco de se retornar ao ponto de atrasar salários. “Isso ninguém quer”, alertou.
As afirmações do presidente da Federação das Indústrias foram feitas durante entrevista ao Podcast Fala, Indústria!, nesta quinta-feira (18), no qual ele destacou as principais ações à frente da instituição em 2025 e as perspectivas para 2026.
O Fala, Indústria! está disponível no canal do YouTube do Sistema FIERN: https://www.youtube.com/@SistemaFIERN

Privatização como alternativa
Uma das medidas para que o Estado avance na direção da retomada da capacidade de investimento próprio que o presidente da FIERN apresentou foi a privatização. Segundo Roberto Serquiz, diante das informações e análises de dados feitas pelo Observatório da Indústria Mais RN, não surpreendeu a aprovação do Orçamento do Estado para 2026, pela Assembleia Legislativa, com déficit de R$ 1,5 bilhão.
“O Estado tem um déficit de bilhões e isso tem tirado a capacidade de investimento, não há dúvida”, alertou durante a entrevista. “Há uma série de ajustes necessários para que o Rio Grande do Norte conquiste uma condição mais favorável ao desenvolvimento. Os setores público e privado precisam fazer sua parte. O privado está preparado e a FIERN tem trabalhado nesta direção, a exemplo do Projeto de Meritocracia. Mas precisamos de legislações claras, investimentos em infraestrutura, enfim, um ambiente de negócios para um desenvolvimento com sustentabilidade”, reforçou.
Por isso, acrescentou, é necessária essa reestruturação fiscal. “As medidas são inadiáveis. É preciso dar um basta, frear as despesas. As privatizações são alternativas reais e, com isso, utilizar melhor os recursos disponíveis para recuperar o Estado e não ficar dependente do governo federal”, ressaltou.
E apontou: se forem necessárias medidas urgentes e árduas para esse ajuste, o governante deve adotá-las. “Falo isso em nome da Federação das Indústrias, que representa 3.513 empresas associadas, que possuem 130 mil colaboradores”. Em seguida, acrescentou: “Há uma economia no Rio Grande do Norte que precisa crescer e essas correções fiscais são essenciais para que todos tenham segurança. Quem assumir [o governo] deve fazer os ajustes, ou haverá dificuldades seríssimas”.
Ações de destaque em 2025
Ao longo deste episódio do Podcast Fala Indústria, o presidente da FIERN também destacou as ações e programas da instituição que foram destaque ao longo de 2025. Ele citou a interlocução para enfrentar as implicações do aumento de tarifas de exportações, em agosto deste ano, pelos Estados Unidos. Lembrou que a Federação das Indústrias, em uma ação articulada com a Confederação Nacional da Indústria (CNI), fez uma interlocução nos EUA para mostrar a importância do sal e do pescado potiguar, inclusive no mercado norte-americano.
Roberto Serquiz ressaltou as iniciativas da FIERN ao propor avanços para que sejam instituídos marcos regulatórios no RN, a exemplo da legislação da Parceria Público-Privada, que está em vigor e utilizada para nortear PPPs em fase de edital ou pré-lançamento de editais; e o projeto de lei para definição da Política Industrial, que foi enviado pelo Executivo para apreciação na Assembleia Legislativa. “A lei da Política Industrial será pré-requisito para, com a transição da reforma tributária, definirmos como vamos utilizar melhor os recursos naturais no RN, qualificar a mão de obra, atrair investimentos, ou seja, definir caminhos ao desenvolvimento como política de Estado”, acentuou.
Ele disse que, nesses marcos regulatórios, é essencial a discussão sobre o projeto, que também teve a iniciativa da FIERN, de revisão da lei estadual de licenciamento ambiental. “Precisamos tornar a competitividade regional, nesta área, mais isonômica, e permitir que as indústrias ampliem seus negócios. Além disso, evitar dicotomia com a legislação federal”, alertou. O projeto de revisão da lei ambiental 272 está em discussão na Assembleia Legislativa.
Missão empresarial à China
Ao destacar a missão empresarial coordenada pela FIERN à China, em outubro, ele citou a oportunidade e o efeito multiplicador da experiência de 23 lideranças dos sindicatos filiados à Federação das Indústrias com a participação na Canton Fair, a maior feira industrial do mundo, além das visitas às unidades e centros industriais.
“É a oportunidade de conhecer uma indústria que tem uma série de evoluções competitivas e de inovação e está em avançado estágio de qualidade, padrão e preço, porque tem escala”, disse.
O presidente da FIERN também salientou resultados do Programa de Meritocracia Sindical, “que proporciona orçamento e a condição física e funcional para que os líderes dos sindicatos dos setores industriais possam desenvolver os projetos que fortalecem os setores”. “Essa é a perspectiva e isso aconteceu. Os empresários passam a entender que essa é, efetivamente, sua casa, a Casa da Indústria. A partir disso, houve uma evolução com novas filiações aos sindicatos que representam os setores industriais. Os números mais recentes são de 178 novos associados, mas deve ter ampliado, porque há informações de mais adesões”, citou.
SENAI, SESI e IEL
Ao longo do podcast, o presidente da FIERN ainda destacou as atividades do SENAI, SESI e IEL no Rio Grande do Norte. Ele citou a referência nacional do SENAI, com o Instituto SENAI de Energias Renováveis (ISI-ER), que obteve a primeira licença prévia para a instalação de dois aerogeradores de energia eólica no mar, na costa do município de Areia Branca; e a autorização para o novo curso de graduação da FAETI (Faculdade de Energias Renováveis e Tecnologias Industriais) do SENAI-RN!; o SESI-RN, com as escolas de excelência no Estado e a ampliação da clínica em Natal; e o IEL, com os programas de capacitação, de estágio e, agora, a unidade móvel de inteligência artificial, em parceria com o SESI.
O presidente da FIERN conclui a entrevista com uma mensagem para o ano que está prestes a iniciar: “O mês de dezembro lembra três palavras que precisam estar presentes no dia a dia. Estas palavras se destacam especialmente neste período que antecede o Natal, mas é oportuno lembrarmos para que estejam presentes em todo o ano que vai iniciar: ‘Solidariedade, gratidão e fé'”.
A íntegra do podcast está disponível no canal do YouTube do Sistema FIERN:
Esse podcast é um espaço de diálogo sobre o cenário industrial do Rio Grande do Norte. Apresentado pela jornalista Juliska Azevedo, gerente corporativa de Comunicação do Sistema FIERN, neste episódio ao lado do jornalista Aldemar Freire. Além de ser transmitido nas redes e na rádio Jovem Pan News Natal, o “Fala, Indústria!” é reprisado pela Band TV Natal, com exibição aos sábados.
No canal do YouTube do Sistema FIERN estão disponíveis os episódios anteriores do podcast.