Artigo – “Insegurança gera incerteza”, por Roberto Serquiz

15/12/2025   10h43

Roberto Serquiz, industrial, Presidente do Sistema FIERN

 

Não podemos admitir um ambiente inseguro para investimentos no Rio Grande do Norte. Somos um Estado com potencialidades que precisa de investidores; que precisa ter um novo sopro de ânimo em sua economia; que precisa de meios de produção para apoiar a vida das pessoas, especialmente, os mais pobres. Por sua vez, a lição de que a responsabilidade deve ser colegiada e de que o consenso democrático tem valor soberano deve contagiar o Rio Grande do Norte, todas as suas instituições, segmentos, regiões.

 

Neste sentido, preocupa-me muito a manifestação recente do Ministério Público Federal (MPF), pedindo a suspensão e nulidade de instrumentos como o Plano Diretor de Natal (Lei Complementar nº 208/2022), a Lei Estadual nº 12.079/2025 e a Lei Municipal nº 7.801/2024. É uma iniciativa que se soma a outras que, sucessivamente, vêm ocorrendo em nosso território, ocasionando uma nociva insegurança jurídica. É preciso ter, inclusive, respeito ao processo democrático de construção dessas normas. O MPF busca rever algo que já foi amplamente discutido, de forma coletiva, aberta, durante anos, envolvendo todas as instâncias da sociedade.

 

O Plano Diretor de Natal, por exemplo, não foi um ato unilateral; foi o resultado de um exaustivo debate técnico e popular, onde diversos pontos de vista foram sopesados para se chegar a um denominador comum que permitisse à cidade crescer de forma ordenada e sustentável. Aliás, tecnologia, inovação são instrumentos que permitem a convivência pacífica entre o respeito ao meio ambiente e o direito ao trabalho (e sobrevivência das pessoas). Confesso-lhes: estou muito angustiado com a iniciativa do MPF que lança uma sombra de incerteza sobre o futuro.

 

Hoje, no Rio Grande do Norte, vivemos um momento crucial onde precisamos, com urgência, assegurar um ambiente seguro para negócios e investimentos. A lição de que a construção do futuro exige consenso e uma responsabilidade colegiada é uma realidade que precisamos não apenas compreender, mas cativar e praticar diariamente em nosso Estado.

 

A Via Costeira, citada no contexto dessas discussões, é um empreendimento consolidado, um patrimônio do nosso turismo e da nossa economia. É algo que precisa ser apoiado, valorizado e ampliado, respeitando-se a sustentabilidade, mas sem as amarras do imobilismo. O ambiente de negócios no Rio Grande do Norte precisa ser atrativo e seguro. Iniciativas que trazem incerteza sobre regras já estabelecidas carregam consigo uma carga pesada de desestímulo e desesperança. Elas paralisam projetos, afugentam investidores e, na ponta final, impedem a geração de emprego e renda para quem mais precisa.

 

Faço, por fim, representando o Sistema FIERN, um apelo à razoabilidade, à moderação e à empatia com quem produz. Precisamos de instituições vigilantes, sim, mas que também compreendam que a segurança jurídica é um pilar da cidadania e do desenvolvimento social. Não podemos transformar o Rio Grande do Norte em um terreno de incertezas. Com regras claras e perenes, diálogo permanente e moderado, conseguiremos consolidar o Rio Grande do Norte como um Estado próspero, de oportunidades, cheio de esperanças que todos nós desejamos.