Roberto Serquiz, industrial, Presidente do Sistema FIERN
O Presidente Donald Trump, dos EUA, tarifou exageradamente as exportações brasileiras. Duro golpe contra a economia nacional. E, o pior, sem razoável motivação.
Passamos a viver momentos de muitas preocupações. Desde que foi divulgado o aumento da tarifa passamos a conversar continuamente com os principais setores da indústria que exportam e estamos em contato permanente também com a Confederação Nacional da Indústria (CNI). Precisamos sair, urgentemente, do embate político e construirmos uma discussão técnica que encontre uma solução para esse impasse, que é prejudicial para diversos setores industriais do Rio Grande do Norte, principalmente o sal, a pesca e as balas e caramelos.
Já alertamos: a medida adotada pelos Estados Unidos trará consequências significativas para setores estratégicos da economia potiguar. Além de pressionar a inflação, o cenário afeta diretamente o emprego e o ambiente de investimentos no Estado. A indústria salineira, por exemplo, exporta cerca de 600 mil toneladas por ano para os EUA e emprega aproximadamente 4,5 mil pessoas no Rio Grande do Norte. Já a pesca oceânica, sobretudo, de atum gera cerca de 1 mil empregos diretos e 4 mil indiretos e tem quase a totalidade de sua produção voltada para exportação aos EUA. Caso não tenhamos uma solução rápida, o quadro atual – da economia nacional, aqui incluída obviamente a economia potiguar – será marcado pelos males da inflação, do desemprego, do aumento de juros e do desânimo de investimentos.
Estávamos caminhando bem. Dados levantados pelo Observatório da Indústria Mais RN mostram que, no primeiro semestre de 2025, o Rio Grande do Norte registrou US$ 67,1 milhões de exportação para os Estados Unidos, uma alta de 120% em comparação com o mesmo período de 2024, algo que será fortemente interrompido.
É preciso se olhar a questão do ponto de vista técnico, próprio da economia. É um erro, no momento delicado em que o país se encontra, recorrer-se à política como caminho de solução. Não estamos em um ambiente adequado para medir forças. A diplomacia é necessária para se evitar prejuízos maiores. O que está em jogo é a economia do país, consequentemente, a qualidade de vida, o emprego das pessoas, a manutenção de algumas atividades econômicas.
O quadro em geral, portanto, não é algo simples. Exige intervenções rápidas e um tratamento diplomático inteligente para que, em breve, tenhamos soluções que superem o impasse e facilitem a continuidade da relação bilateral entre os dois Países – que vinha sendo, particularmente, benéfica para o Rio Grande do Norte.