Comissão de Energias Renováveis da FIERN debate impactos do curtailment na economia potiguar

13/11/2025   11h02

 

Os cortes de geração de energia por fontes eólica e solar no Rio Grande do Norte foram tema de reunião da Comissão Temática de Energias Renováveis da FIERN (COERE), realizada nesta quarta-feira (12), na Casa da Indústria. O curtailment, que pode ser traduzido como “restrição”, refere-se à limitação da geração de energia imposta a usinas mesmo quando há condições ideais de vento ou sol, devido a gargalos na rede de transmissão. A medida gera impactos principalmente para o setor de geração elétrica, mas reflete em toda a cadeia econômica.

 

O presidente da COERE, Sérgio Azevedo, ressalta que é necessário buscar soluções que equilibre o cenário, levando em conta a geração centralizada e geração distribuída. “Temos um problema que interfere no cenário econômico do RN e precisamos de um debate técnico para buscar o equilíbrio para a atividade de geração de energia.”

 

“Na linha de buscarmos soluções, a produção e utilização de bateria bem como a instalação de data centers, para consumo da energia sobressalente, são estratégias a serem consideradas. Os cortes impactam toda a economia do Rio Grande do Norte na medida em que afastam novos investidores que gerariam emprego, renda e arrecadação para o estado”, completa Azevedo.

 

O diretor-presidente do Centro Estratégico em Recursos Naturais e Energias (Cerne), Darlan Santos, apresentou dados do curtailment no estado e na região Nor-
deste, principal impactada nos cortes. “Os números da ANEEL [Agência Nacional de Energia Elétrica] mostram que 30,6% do potencial de geração de energia no Rio Grande do Norte foi restrito no mês de outubro, o que equivale a 6,14 terawatts por hora. A região Nordeste continua como a região mais afetada, com 90% dos cortes, e o RN está no topo da lista, com mais de 40% dos cortes da região”, apontou.

 

Representantes do mercado de geração distribuída e da geração eólica também falaram sobre o cenário de curtailment. Carlos Evangelista, presidente da Associação Brasileira de Geração Distribuída (ABGD), e Paulo Morais, representante da ABGD no RN, destacaram que a descentralização não atua em antagonismo à geração centralizada, mas supre uma demanda de mercado e segue uma tendência mundial em diversas atividades.

 

Já Natália Caldeira, gerente regulatória da Associação Brasileira de Energia Eólica Onshore e Offshore e Novas Tecnologias (ABEEólica), abordou desafios operacionais e de regulamentação para o setor.

 

O licenciamento ambiental do setor também foi tema na reunião. O diretor técnico do Instituto de Desenvolvimento Sustentável e Meio Ambiente do RN (Idema), Thales Dantas, listou diversas ações realizadas pelo órgão ao longo do ano. “Publicamos uma orientação técnica para licença de alteração para parques eólicos e fotovoltaicos, o que abarca também produção de baterias, enquanto o Conema [Conselho Estadual de Meio Ambiente] não consegue se debruçar sobre uma regulamentação para as atividades. Também fortalecemos a equipe de licenciamento em energias renováveis e soluções inovadoras, além de aprimorar as carreiras com o primeiro concurso do órgão.”

 

 

Índice de confiança

O economista do Observatório da Indústria Mais RN, João Lucas Dias, apresentou dados do Índice de Confiança das Energias Renováveis (ICER), termômetro da confiança do setor no estado. O número chegou ao patamar de 52,5, ainda demonstrando confiança, mas registrando queda pela 4ª vez seguida.

 

Entre os principais fatores para a queda da confiança do setor, estão a instabilidade regulatória, a expansão desordenada da geração distribuída, falta de infraestrutura de transmissão e distribuição, além dos curtailments recorrentes ao longo do ano.

 

Semelhante ao Índice de Confiança do Empresário Industrial (ICEI), que mede a confiança do empresariado da indústria mês a mês, o ICER é um termômetro da área de energias renováveis no estado. Medido trimestralmente, o índice trará a confiança dos representantes da COERE nesse setor.