
“Eu acredito que o estresse é um dos fatores que mais influencia na incidência dos vários tipos de câncer, inclusive o câncer de mama. O estresse é o fator principal de tudo, tudo gira em torno dele”, disse a enfermeira fundadora e presidente do Grupo Reviver Natal: todos na luta contra o câncer, Ana Tereza Mota, na abertura de palestra realizada pelo Sistema FIERN, nesta quinta-feira (13), na Casa da Indústria. A palestra, que tem o objetivo de conscientizar colaboradoras e colaboradores sobre a prevenção do câncer de mama, é uma das ações da unidade de Recursos Humanos da FIERN, em alusão ao Outubro Rosa.
Sobre estresse como fator de risco, Ana Tereza lembrou também do período de pandemia, em que as pessoas ficaram reclusas em casa e a preocupação com a doença aumentou o estresse em vários casos. Ela explicou que mesmo ainda não havendo estudos que comprovem cientificamente a relação entre pandemia e câncer, há registros de aumento de casos. “Nós observamos que em 2021 e 2022 a incidência de tumores foi muito maior”, complementa a enfermeira.

De modo geral, a prevenção baseia-se no controle dos fatores de risco e no estímulo aos fatores protetores, especificamente aqueles que podem ser mudados com a adoção de hábitos saudáveis, como praticar atividade física, alimentar-se de forma saudável, manter o peso corporal adequado, evitar o consumo de bebidas alcoólicas, amamentar, evitar o uso de hormônios sintéticos, como anticoncepcionais e terapias de reposição hormonal.
Uma forma de prevenção é o autoexame. “O melhor momento de fazer o autoexame é durante o banho. Temos que nos tocar, apalpar, se conhecer, observar, não apenas a mama, mas todo nosso corpo. Temos a obrigação de conhecer nosso corpo”, reforça a enfermeira Ana Tereza Motta.
A gerente de Recursos Humanos da FIERN, Kênia Costa, enfatizou na abertura do evento, que a palestra acontece como uma ação da campanha Outubro Rosa, um movimento internacional de conscientização para o controle do câncer de mama. Para a elas ações devem ser contínuas. “Vamos estimular sempre a prevenção, não apenas neste mês de outubro. Vamos trabalhar mais mensagens preventivas sobre o tema junto à unidade de comunicação”, diz Kênia.

O movimento Outubro Rosa é celebrado anualmente e tem a finalidade de compartilhar informações e promover a conscientização sobre a doença, proporcionar maior acesso aos serviços de diagnóstico e de tratamento e contribuir para a redução da mortalidade.
“A ideia dessa palestra surgiu da necessidade de disseminar a prevenção no âmbito do Sistema FIERN, orientar os colaboradores para se cuidarem, e o Grupo Reviver tem importantes ações nessa área, inclusive itinerantes e expertise para tratar sobre o assunto”, complementa a psicóloga do Sistema FIERN, Alena Araújo.
O Grupo Reviver é uma instituição sem fins lucrativos fundada em 2012 com o objetivo de prestar serviços de saúde para a prevenção do câncer de mama. Atualmente, o Grupo Reviver realiza cerca de 70 exames por dia, de segunda a sexta-feira. “A cada semana nós estamos em um bairro diferente, atendendo uma comunidade diferente”, explica Ana Tereza.

Autoconhecimento e acesso a informação
O câncer de mama é o tipo mais comum entre as mulheres, no Brasil e no mundo, correspondendo a cerca de 25% dos casos novos de câncer a cada ano. Esse percentual é de 29% entre as brasileiras, de acordo com o Reviver. “O câncer de mama é causado pela multiplicação desordenada das células da mama. Esse processo gera células anormais que se multiplicam, formando um tumor. Há vários tipos de câncer de mama. Alguns têm desenvolvimento rápido, enquanto outros crescem mais lentamente. Esses comportamentos distintos se devem às características próprias de cada tumor”, explica Ana Tereza.
O câncer de mama pode apresentar diversos sintomas, mas pode também ser assintomático para muitas mulheres. É importante, portanto, que a mulher conheça bem o seu corpo e possa analisar com frequência qualquer alteração nas mamas e procurar o médico ao notar alguma anormalidade.

São possíveis sinais e sintomas do câncer de mama as alterações no tamanho ou forma da mama; nódulo único e endurecido; vermelhidão, inchaço, calor ou dor na pele da mama; nódulo ou caroço na mama; sensação de massa ou nódulo em uma das mamas; entre outros.
De acordo com a enfermeira o aparecimento dessas anormalidades pode ocorrer de forma isolada ou simultânea. “É importante lembrar que esses sinais nem sempre indicam a presença de um câncer, sendo necessário consultar um médico para ter o correto diagnóstico. “Apenas 20% dos nódulos detectados são malignos”, enfatiza.
O exame clínico das mamas deve ser realizado por médico ou enfermeiro treinado para essa atividade. Podendo ser identificadas alterações e, se necessário, requisitados exames mais específicos, como a mamografia ou raio X.
Tratamento
Existem diversos tipos de tratamento indicados para combater o câncer de mama, que deverá ser definido pelo médico, mediante a análise de todos os exames realizados e pelos dados fornecidos pelo médico patologista, após a realização de biópsia. A paciente deve ser informada sobre as melhores possibilidades de tratamento existentes para o seu caso, mesmo aquelas que não estejam ao alcance da cobertura do plano de saúde ou que não sejam acessíveis gratuitamente via SUS. É direito da paciente questionar e discutir com o médico todas as opções.
A Lei nº 12.732/2.012 estabelece que o paciente com neoplasia maligna tem o direito de se submeter ao primeiro tratamento no SUS no prazo de até 60 dias, a partir da data em que for firmado o diagnóstico em laudo patológico ou, em prazo menor, conforme a necessidade terapêutica do caso.
“É importante reforçar que, para que o prazo da lei seja garantido a todo usuário do SUS, é necessária uma parceria direta dos gestores locais, responsáveis pela organização dos fluxos de atenção; estados e municípios têm autonomia para organizar a rede de atenção oncológica e a regulação dos serviços”, aponta o Grupo Reviver.