A pandemia trouxe grandes desafios para a gestão de equipes e começa a transformar uma atividade que vinha sendo exercida essencialmente de forma presencial: o estágio. Desde o ano passado, se tornou comum realizar entrevistas de contratação de forma virtual e tarefas passaram a ser feitas a distância, sem a necessidade do deslocamento do estagiário até a empresa. Para entender mais sobre o impacto dessas mudanças no processo de contratação e na gestão dos jovens talentos, o Instituto Euvaldo Lodi (IEL) ouviu empresas de todos os portes e instituições de ensino.
O levantamento – feito por meio de 212 entrevistas com profissionais envolvidos no processo de contratação das empresas e gestores das atividades de estágio das universidades – traça um retrato qualitativo das principais mudanças nos estágios nos últimos anos e as expectativas para o futuro pós-pandemia.
De acordo com a pesquisa, a pandemia de Covid-19 acelerou a digitalização de processos e a utilização de ferramentas para o trabalho remoto, por isso as empresas e as universidades apontaram mais pontos positivos do que negativos. Por exemplo, em todas as áreas, a perda do senso de coletividade e convívio pessoal nas empresas foi citado como maior problema.
Entretanto, os benefícios apontados são a otimização do processo de seleção e contratação, que economiza tempo, recursos e custos; e o fim das barreiras geográficas, que possibilita que jovens de outros estados exerçam atividades a distância durante a pandemia.
Com base nisso, a maioria das empresas estuda manter um sistema híbrido, depois que o trabalho a distância para estagiários deixar de ser uma solução criada para a pandemia de Covid-19, com exceção das funções ligadas à produção, chão de fábrica ou pesquisas em laboratórios.
“A Medida Provisória 927, que permitiu o trabalho a distância para estagiários e aprendizes para esse contexto de distanciamento social, mostrou para as empresas que o home office é uma forma viável de trabalho para os jovens profissionais. Os espaços já estão sendo repensados para receber os colaboradores, portanto, os estagiários, tendo acompanhamento de suas atividades, mesmo que remoto, poderão sim aprender e executar suas tarefas”, aponta o superintendente nacional do IEL, Eduardo Vaz.
“O uso das ferramentas de videoconferência veio para suprir dinâmicas tradicionalmente feitas de forma presencial. Acreditamos que, em breve, mudanças na lei do estágio trarão o teletrabalho como possibilidade permanente”, complementa Vaz.

Empresas buscam estagiários com atributos além do conhecimento universitário
Outro ponto abordado na pesquisa é o que as empresas buscam nos estagiários. As instituições de ensino superior ouvidas afirmaram que as experiências exigidas pelas contratantes não são proporcionais ao conhecimento que os estudantes adquirem no ensino superior. Um atributo valorizado são as chamadas soft skills e cursos complementares, como de idiomas, no currículo. Apesar disso, também afirmam que não existe dificuldade para os alunos conseguirem vagas e a maioria das carreiras profissionais têm alta demanda.
“As soft skills são, de fato, diferenciais na hora da contratação e da manutenção dos empregos. Já se tornaram uma realidade no mercado de trabalho. Por isso, as universidades também precisam começar a incentivar que os jovens busquem por cursos que complementem a formação e/ou ainda comecem a pensar em acrescentar aulas que abordem o desenvolvimento de habilidades comportamentais às grades curriculares”, explica Vaz.











