
A revisão das tarifas de energia elétrica vai diminuir a competitividade das micro e pequenas empresas potiguares. Este segmento será o mais afetado pelo reajuste de 17,47% anunciado pela Aneel. A avaliação é da gerente da Unidade de Economia e Estatística da Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Norte (FIERN), economista Sandra Barbosa.
A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), responsável pela regulamentação do setor elétrico no país, definiu terça-feira, 17, as novas tarifas a vigorar a partir do dia 22 de abril para a área de concessão da Cosern. O índice médio da Revisão Tarifária anunciado pela Aneel foi de 15,61%. Já índice médio da tarifa de energia elétrica concedido para a indústria, de 17,47%, foi ainda mais alto do que para os consumidores residenciais e comerciais, de 14,88%.
“A primeira coisa que a gente tem que chamar atenção é que o Brasil tem uma das energias mais caras do mundo. Segundo a FIRJAN, a 6ª energia mais cara, 46% acima da média mundial, considerando um ranking de 28 países. Para quem já tem dificuldades de competição no mercado internacional, que está em crise, a situação é preocupante” afirma Sandra Barbosa.
A Revisão Tarifária, processo realizado periodicamente pela Aneel em todas as distribuidoras de energia elétrica do país, leva em consideração mudanças ocorridas nos custos e no mercado das empresas, a eficiência da distribuidora e o volume de investimentos realizados pela concessionária. No Rio Grande do Norte, ela ocorre a cada cinco anos, conforme contrato de concessão, estabelecido entre a Cosern e a União.
De acordo com a economista da FIERN, o impacto será diferenciado de acordo com o porte e segmento de atuação das empresas. “Considerando que estamos em crise desde 2014, e a FIERN faz esse acompanhamento mensalmente através da Sondagem Industrial, já observamos que as médias e grandes empresas já estão conseguindo uma retomada, uma recuperação. Mas a situação das pequenas empresas, aquelas com menos de cinquenta empregados, ainda é muito crítica. É quase um golpe de misericórdia num setor que vem parando de produzir. As empresas não têm condições de repassar para o mercado nem de absorver esse custo; talvez o nível de ociosidade fique ainda mais agudo”, analisa Sandra Barbosa.
O representante da FIERN junto ao Conselho de Consumidores da Cosern e Diretor da Federação das Indústrias, João Lima, assegura que o impacto será sentido em todos os setores da economia. “A energia elétrica representa um custo importante no comércio e na indústria”, destacou. Lima ainda ressaltou que a energia brasileira está entre as mais caras do mundo, e adianta que o repasse do reajuste no custo da produção industrial depende do mercado. “O aumento deve ser absorvido nesse primeiro momento, mas com o tempo será repassado ao consumidor final”, considera.