Seridó se mobiliza contra perda de empregos nas facções

16/09/2017   20h47

 

 

A cidade de São José do Seridó parou neste sábado, 16 de setembro. Em clima de revolta e medo, a população participou de uma Audiência Pública (Confira galeria de fotos no final), no Ginásio Poliesportivo Pedro Laurentino de Medeiros, para manifestar repúdio à decisão do Ministério Público do Trabalho, de multar a Guararapes em R$ 38 milhões.

 

Caso a justiça do trabalho acate a ação civil pública do MPT, não apenas a Guararapes será afetada, mas todas as facções instaladas no Seridó, que atuam em parceria com a empresa, o que representará a perda de cerca de 4 mil empregos oferecidos atualmente em 85 facções espalhadas pela região. Somente em São José funcionam 14 facções.

 

A audiência, inicialmente convocada para a Câmara Municipal, foi realizada no Ginásio da cidade, para poder comportar cerca de 2 mil empreendedores e trabalhadores do setor, mas também microempresários do comércio e serviços, que também serão atingidos caso os empregos nas facções desapareçam.

 

“Se a decisão do MPT for confirmada fecha tudo”, lamenta a empresária Anny Fabíola Nunes, da C. Medeiros, que emprega 460 funcionários em suas 11 facções. Ela afirmou que, para contratar esses trabalhadores, teve que fazer treinamento e investir em máquinas, assim como os demais empreendedores do segmento. “Agora podemos perder todo esse esforço. Será muito grave para o Estado”, acrescentou.

 

Tanto a Guararapes quanto os proprietários das facções apresentam fortes críticas aos argumentos apresentados pelo MPT na ação, utilizando como base a lei da terceirização. Para eles, as alegações do MPT de que as facções estariam sob direto controle da Guararapes são improcedentes.

 

Anny Fabíola garante que o argumento é infundado, especialmente porque grande parte das facções atendem a outras grandes marcas, como a Hering, e possuem até mesmo marcas próprias, como é o caso de sua empresa, C. Medeiros. “Eles precisam entender que por mais que a Guararapes seja o principal cliente de muitas das facções, a maior parte delas possui outros clientes e marcas próprias”, afirmou ela, que considera que existe um direcionamento do MPT contra o grupo Guararapes.

 

A audiência pública no Ginásio teve momentos de muita emoção, com testemunhos dos microempreendedores e funcionários sobre a importância da atividade econômica em suas vidas e na da população em geral, uma vez que a economia de São José do Seridó gira em torno das pequenas empresas do ramo têxtil, as facções, como são conhecidas.

 

Um desses momentos foi protagonizado pela faccionista Daniele Patrícia de Medeiros, da Aliança Têxtil, de São José. Emocionada, ela contou que sua vida deu uma guinada com as facções e que conseguiu sua casa própria graças ao salário que recebe na empresa onde trabalha. Ao final do seu depoimento, ela deu uma camiseta ao governador Robinson Faria, com mensagem em defesa do trabalho, e pediu que ele vestisse a camisa em favor do emprego na região.

 

A Audiência Pública foi encerrada também em clima de emoção, com o Ginásio lotado rezando de mãos dadas um Pai Nosso, pedindo a Deus para preservar os empregos.