Além da técnica: as novas competências profissionais que movimentam a indústria 4.0

5/06/2025   09h44

Empresas buscam mais do que conhecimento técnico, e habilidades comportamentais contribuem como diferencial entre os jovens profissionais

 

 

Em um mundo cada vez mais veloz, conectado e tecnológico, não basta saber operar máquinas ou dominar softwares. A Indústria 4.0 exige dos jovens um conjunto de habilidades que ultrapassam o conhecimento técnico, são as chamadas competências do futuro.

 

Segundo o relatório “Future of Jobs”, do Fórum Econômico Mundial, 39% das habilidades exigidas pelos empregadores mudarão até 2030. E o impacto já pode ser constatado por quem quer uma vaga nesse mercado.

 

Para a superintendente do Instituto Euvaldo Lodi (IEL), Sarah Saldanha, esse dado sinaliza que não basta formar jovens para o presente, é preciso prepará-los para um futuro em constante reinvenção.

 

“O IEL acompanha essas tendências de perto e trabalha para antecipar demandas, formando profissionais com mentalidade ágil, capacidade de adaptação e senso crítico”, expôs Saldanha.

 

Já o head de Educação e Carreira do IEL GO, Dadson Moraes, destaca que o Brasil enfrenta desafios significativos na preparação da força de trabalho para os requisitos da indústria 4.0. “Em comparação com países mais industrializados, como Alemanha, Japão e Coreia do Sul, o Brasil ainda apresenta lacunas em áreas como educação técnica, digitalização de processos e integração entre indústria e academia”, contou.

 

Para ele as áreas que serão mais impactadas pela automação e pela inteligência artificial nos próximos anos são aquelas que envolvem tarefas repetitivas, análise de grandes volumes de dados e decisões baseadas em padrões. “Ao mesmo tempo, surgirão novas oportunidades em setores que exigem criatividade, pensamento crítico, empatia e habilidades tecnológicas avançadas”, apontou Dadson.

 

Habilidades comportamentais e emocionais fazem a diferença

 

As chamadas soft skills, ou habilidades socioemocionais, ganharam protagonismo nos últimos tempos. Mais do que ter as hard skills, que moldam o currículo profissional, contar com qualidades como: comunicação clara, empatia e pensamento crítico são diferenciais que podem garantir uma boa oportunidade. “Saber operar uma nova tecnologia é importante, mas saber trabalhar em equipe, liderar projetos e resolver conflitos é o que diferencia os profissionais que crescem na carreira”, explicou Sarah.

 

 

Leonardo Wedderhoff Herrmann, bolsista pelo IEL Paraná (PR) na Biotrop, em Curitiba, é um exemplo dessa transformação.

 

 

“A primeira habilidade que eu destacaria é a comunicação, pois estamos diariamente articulando ações e trocando informações, precisamos o tempo todo interagir com as equipes da fábrica”, afirmou Herrmann.

 

 

O bolsista destacou a organização e padronização como habilidades que precisou desenvolver para conquistar a vaga. Além disso, considera para o mercado, e principalmente para a atuação na indústria 4.0, características indispensáveis como: velocidade, multidisciplinaridade e autonomia.

 

 

“O mundo está em constante desenvolvimento, num ritmo muito acelerado, e quem não se atualiza com certeza acaba ficando para trás em questão de rendimento, de ferramentas que podem ser utilizadas e de produtos mais adequados para o mercado e ações de sustentabilidade”, apontou Leonardo.

 

 

Aprendizado gera habilidade!

 

Dadson Moraes contou que a formação de jovens talentos para o cargo de auxiliar administrativo é uma ação estratégica feita pelo IEL GO atualmente, já que é necessário um equilíbrio entre as habilidades técnicas e socioemocionais.

 

 

“Muitas empresas enfrentam dificuldades em encontrar jovens profissionais dessa área que cheguem ao mercado com o preparo necessário para lidar com os desafios cotidianos do ambiente corporativo”, afirmou Moraes.

 

 

Além dessas habilidades, a mentalidade de aprendizado contínuo, o lifelong learning, é uma exigência da nova era. A motivação para investir em cursos e experiência práticas são decisivas para ocupar um espaço na indústria 4.0.

 

“Quando você entra em contato com um livro didático clássico ou com a aula de um professor que nunca esteve numa planta produtiva, as situações, os equipamentos, as propostas e os problemas são bem ‘ideais’, e na prática existem muito mais desafios que não são escritos nos livros. Então, um curso atual e uma experiência prática real são essenciais para preparar a pessoa para uma situação de mercado de trabalho, e fazem muita diferença na hora de iniciar e manter um emprego”, explicou o bolsista Leonardo.

 

 

O IEL, nesse contexto, aparece como um importante aliado, com a oferta de cursos e programas que conectam teoria à realidade industrial, e auxilia a desenvolver habilidades que os jovens realmente vão usar.

 

 

Leonardo cita que já realizou cursos obrigatórios oferecidos pelo IEL como treinamento de segurança do trabalho e Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD); além de cursos facultativos, direcionados para o desenvolvimento de habilidades, como a administração do tempo, planejamento a partir de mapas mentais e design thinking.

 

 

Em 2023, o Brasil bateu recorde com mais de 600 mil jovens aprendizes contratados. Esse número mostra que há espaço, e necessidade, para formar talentos preparados para o novo cenário. Enquanto o Mapa do Trabalho Industrial 2025-2027 prevê a demanda de 14 milhões de profissionais qualificados, cabe aos jovens buscar o equilíbrio entre técnica, comportamento e visão digital.

 

Sarah detalha que o IEL entende que desenvolver essas competências é essencial para formar líderes que irão conduzir a transformação digital e cultural da indústria brasileira.

 

 

“Estar disposto a aprender de forma constante é o que garante competitividade e empregabilidade em um cenário de transformação acelerada, como o que já estamos vivenciando”, disse.

 

 

Para o Head de Educação e Carreira do IEL GO no que diz especialmente sobre a seleção de talentos, a exemplo de aprendizes e estagiários, que muitas vezes não possuem experiência anterior, as empresas avaliam a capacidade de aprender, se adaptar, colaborar e evoluir. “O IEL tem se destacado ao propor iniciativas estratégicas para acelerar o desenvolvimento de talentos e preparar jovens para esse novo cenário industrial”, finalizou Dadson.

 

 

Essa é a nova cara do profissional do futuro: técnico, sim, mas também humano. Quem quiser se destacar precisa mais do que um bom currículo, precisa se conhecer, se desenvolver e nunca parar de aprender.

 

 

Agência de Notícias da Indústria