Energia não pode ser apenas mais uma commodity, afirma Léo de Castro, dirigente da CNI

26/03/2025   10h30
Energia não pode ser apenas mais uma commodity, afirma Léo de Castro, dirigente da CNI

Energia não pode ser apenas mais uma commodity, afirma Léo de Castro, dirigente da CNI     Foto: Gabriel Pinheiro

 

O presidente do Conselho de Política Industrial (Copin) da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Léo de Castro, destacou, nesta segunda-feira (24), a importância da transição energética para o setor industrial. Segundo ele, a energia é o caminho para o país se tornar mais competitivo em todas as frentes, não só de custo, como também em sustentabilidade.

 

 


“O Brasil precisa ter a preocupação de não fazer da energia só mais uma commodity. Pelo contrário, a gente tem que trazer a cadeia para cá e criar competitividade para ela”, disse.  


 

O tema foi um dos destaques da primeira reunião do Copin em 2025, que discutiu o futuro da agenda energética para uma indústria competitiva e sustentável.

 

 

Léo de Castro ressaltou que o Brasil tem avançado na agenda energética com ações para ampliar o acesso das indústrias ao Mercado Livre de Energia e diminuir as taxas da Contribuição ao Desenvolvimento Energético (CDE). No entanto, o segmento ainda é um importante desafio e, por isso, a energia foi escolhida como um dos principais temas transversais da CNI para a agenda de 2025.

 

 

Na reunião, o presidente da Associação Brasileira de Grandes Consumidores Industriais de Energia e de Consumidores Livres (ABRACE), Paulo Pedrosa, apresentou um estudo que aponta os caminhos necessários para que a transição energética seja um fator de transformação da sociedade e da economia brasileira.

 

 

Brasil tem potencial para ser hub global de descarbonização

O levantamento da PwC Strategy& destaca que o Brasil tem condições privilegiadas para se tornar um hub global de descarbonização, especialmente diante da matriz elétrica limpa e do potencial para exportação de produtos industriais de baixo carbono. A realização da COP30 no Brasil também se apresenta como uma oportunidade única para firmar acordos internacionais e atrair investimentos para setores industriais sustentáveis.

 

 

O estudo aponta a necessidade de um pacto nacional envolvendo setor público, privado e sociedade civil, com a adoção de medidas estruturais, tais como desburocratização e simplificação tributária; regulação do mercado de carbono e criação de mecanismos de ajuste de fronteira; políticas para eletrificação industrial; redução do custo de capital e estímulo ao financiamento da transição; investimentos em infraestrutura e incentivo às cadeias produtivas nacionais;  e diminuição dos encargos do setor energético para aumentar a competitividade da indústria.

 

 

Caso as medidas propostas sejam implementadas, o impacto sobre a economia nacional pode ser expressivo. O estudo estima um acréscimo de R$ 1 trilhão ao PIB, a criação de 3 milhões de empregos até 2030, um aumento de 10 GWm (gigawatt médio) no consumo elétrico e a redução de 100 milhões de toneladas de CO² na atmosfera.

 

 

“O Brasil está desperdiçando um potencial de energia competitiva. A nossa energia poderia ter 40, 50% a menos de custo se nós não carregássemos nas tarifas de energia custos que não têm mais natureza de energia e que tiram a sua competitividade da energia”, destacou Pedrosa.

 

 

NIB: GTs de adensamento das cadeias produtivas de química, aço e têxtil

O superintendente de Política Industrial da CNI, Fabrício Silveira, apresentou o balanço da execução dos instrumentos do primeiro ano do Programa Nova Indústria Brasil (NIB) e explicou sobre a criação dos grupos de trabalho das cadeias prioritárias da NIB.

 


“A CNI tem propostas de iniciativas detalhadas para três cadeias priorizadas pelo CNDI: química, aço e têxtil, mas também já temos propostas detalhadas para a cadeia da construção civil, que deve se tornar uma nova cadeia prioritária na missão 3”, explicou Fabrício Silveira.  


 

A Copin também contou com a participação de Fábio Pucci, secretário-executivo do Conselho Nacional das Zonas de Processamento de Exportação. Ele explicou a finalidade desse regime e o que oferece para quem pretende investir em uma ZPE, com características sobre segurança jurídica e previsibilidade.

 

 

O consultor de orçamento do Senado Federal Antônio Helder Rebouças apresentou a Agenda Prioritária da Comissão de Assuntos Econômicos da Casa, que norteará a deliberação das pautas nos próximos meses. De acordo com Rebouças, no âmbito que compete o setor industrial, a CAE possui o eixo temático sobre inovação e desenvolvimento de cadeias produtivas de valor agregado, que tem atuado com destaque a projetos relacionados a tecnologia e mineração.