Regulamentos dispersos em mais de 30 órgãos do governo federal, sobreposição de regulamentos técnicos e regulamentação excessiva de itens são as principais dificuldades encontradas pelas indústrias no sistema de garantias da qualidade de produtos e serviços brasileiro. Os dados são da Sondagem Especial: Infraestrutura da Qualidade Industrial, realizada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI).
De acordo com a pesquisa, as principais dificuldades para as empresas se manterem atualizadas em relação às normas técnicas e requisitos técnicos são:
A CNI ouviu 1,7 mil empresas das indústrias extrativa e de transformação. Destas, 704 são pequenas, 589 são médias e 407 são grandes.
A reclamação do setor industrial não é sobre manter os produtos em conformidade com os padrões de qualidade, o que é visto como investimento e parte da atividade empresarial, mas sobre os pontos críticos elencados. É comum, por exemplo, a regulamentação de um produto sem que seja feita uma análise prévia, para identificar se ele representa riscos para o consumidor e para o meio ambiente. A CNI avalia que essa análise é fundamental para reduzir os excessos.
Ainda de acordo com a sondagem, para 65% das empresas entrevistadas, o sistema é considerado oneroso.
Os regulamentos estão dispersos entre diversos órgãos públicos, como Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro), a Agência de Vigilância Sanitária (Anvisa) e o Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), que estabelecem padrões, fiscalizam o cumprimento dessas determinações e multam as empresas que estiverem em desacordo.
Além deles, existem também os padrões privados estabelecidos nacionalmente pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) e, internacionalmente, por outras instituições, como ISO, IEC e ITU.
A consequência dessa dispersão é que apenas 27% das pequenas empresas afirmaram conhecer todas as exigências técnicas e 38% disseram conhecer a maior parte delas, enquanto o conhecimento das grandes empresas chegou a 56% e 32%, respectivamente.
“A pesquisa mostra que as empresas mais impactadas são as pequenas, que têm menos condições de acompanhar e entender as exigências atuais”, afirma a gerente de Estratégia e Competitividade da CNI, a economista Maria Carolina Marques.
Quando perguntadas onde estão informados os requisitos técnicos dos produtos ou serviços prestados por elas, 23% das empresas não souberam ou não quiseram responder, percentual que é maior entre as pequenas indústrias e chega a 32%.
Agência de Notícias da Indústria