Iniciativa da FIERN auxilia pequenas empresas a utilizarem inteligência artificial

21/08/2025   14h52

Com apoio do Procompi, micro e pequenas empresas usam inteligência artificial para crescer e otimizar processos

 

Quando falamos em Inteligência Artificial (IA), muitos ainda associam a tecnologia apenas a grandes empresas. Mas a realidade mostra que a IA está presente em todos os lugares e que micro, pequenas e médias empresas também podem se beneficiar dela.

 

Um levantamento de 2023 encomendado pela Microsoft à Edelman Comunicação revela que líderes de MPMEs de diferentes setores estão cada vez mais atentos às tecnologias digitais. Segundo o estudo, 74% das empresas já utilizam IA com frequência, e 90% pretendem adotá-la em breve. O dado mostra que a transformação digital não é mais uma tendência distante, mas uma realidade que chega às empresas de todos os portes.

 

No Rio Grande do Norte, por exemplo, uma iniciativa do Programa de Apoio à Competitividade das Micro e Pequenas Indústrias (Procompi), da Federação das Indústrias do Rio Grande do Norte (FIERN), mostra que inovar não depende de grandes orçamentos ou equipes enormes de especialistas. O programa auxilia pequenas empresas a implementar a IA de forma prática, ampliando capacidades humanas, eliminando tarefas repetitivas e permitindo que os colaboradores foquem no que realmente importa: criatividade, estratégia e conexão com clientes. E o melhor, é possível começar sem grandes investimentos.

 

Da teoria à prática: o exemplo do RN

 

Nesta edição, quem compartilha experiências é Alberto Kastro, consultor do Instituto Euvaldo Lodi (IEL-RN) e especialista em IA, responsável pela implantação do Centro de Inovação em IA Aplicada da FIERN. Segundo ele, o trabalho começa de dentro para fora:

 

No RN, a aplicação já chegou a mais de mil empresas atendidas e 100 turmas formadas pelo Centro de Inovação em IA. Pelo Procompi, 15 negócios já participaram e outros 15 estão em processo de adesão ao programa.

 

 

Qual é o primeiro passo para começar a implementar IA em uma empresa que nunca teve contato com o tema?

 

O primeiro passo é iniciar um processo de diagnóstico para entender a maturidade da empresa em relação à inteligência artificial. Se a maturidade for baixa, ou seja, se ninguém nunca acessou um ChatGPT, por exemplo, o processo começa pela conscientização do time. Nesse estágio, ainda não se trata de letramento digital, mas de criar consciência sobre a importância e o potencial da IA.

 

Normalmente, esse trabalho começa pelos líderes: donos, sócios e familiares envolvidos na gestão são reunidos em salas para ampliar a consciência deles e quebrar possíveis objeções. Esse foi o caso no Procompi, projeto que vem apresentando resultados expressivos justamente porque os líderes entenderam a importância da IA e definiram objetivos claros. Com isso, o restante do processo se torna mais simples: quando o líder abraça a ideia, a adesão se espalha naturalmente pela empresa.

 

Após a conscientização, que costuma durar cerca de uma hora, o próximo passo é o letramento digital, que pode envolver a gestão e os colaboradores diretamente. Em empresas maiores, o processo é feito por setores, seguindo um escopo dividido.

 

Um caso prático é de uma colaboradora que era responsável por 17 perfis de Instagram, que passava de 4 a 5 horas diárias para organizar linhas editoriais. Hoje, com a otimização com a IA, ela consegue resolver tudo em apenas 10 minutos por dia, com o auxílio de assistentes virtuais desenvolvidos por ela. Hoje, essa colaboradora se tornou líder de uma equipe de 17 assistentes virtuais. O resultado é que a mentalidade do colaborador muda: tudo que ela pensa agora considera como a IA pode ajudar.

 

Muitos têm medo de que a IA substitua empregos. O que você tem visto na prática?

 

O que percebemos nas empresas, aqui no Rio Grande do Norte, mas também em trabalhos realizados no Ceará e em São Paulo, é que o grande desafio não é a IA, mas a mão de obra qualificada. Não encontrei nenhuma empresa onde a preocupação principal fosse demitir pessoas por causa da tecnologia. O desafio real do empreendedor é manter o crescimento da empresa com profissionais capacitados e que se identifiquem com a cultura organizacional.

 

Quando a IA entra em cena, alguns setores podem ser remodelados. Processos que antes exigiam quatro pessoas podem ser otimizados, mas as pessoas raramente são descartadas; elas são reaproveitadas em outras funções. A tecnologia reestrutura processos e redistribui talentos, sem provocar o apagão de empregos que muitos propagam.

 

É importante destacar que no Brasil contratar continua sendo um processo complexo. A IA, na prática, não traz desemprego, ela muda o modelo de negócio e aumenta a produtividade. Se fosse verdade que 100 ou 200 mil pessoas ficariam desempregadas da noite para o dia, estaríamos diante de um problema social enorme. Isso simplesmente não acontece.

 

Os empresários que participam de programas de desenvolvimento de produtividade com IA, como os que conduzimos, percebem o impacto real da tecnologia. Todos eles comentam: “Ainda bem que estamos aplicando ferramentas de IA, porque já era um desafio expandir a empresa diante da escassez de pessoas preparadas para o mercado.”

 

Além disso, há outro problema recorrente: a rotatividade de talentos, especialmente entre os mais jovens. Muitos entram e saem rapidamente, em dois ou três meses, buscando novas oportunidades. Assim, quando falamos de desafios na adoção da IA, estamos falando de desafios em recursos humanos. A tecnologia vem como solução para otimizar processos e potencializar pessoas, mas o núcleo da questão continua sendo a formação e a retenção de profissionais qualificados.

 

 

E quais resultados você já viu em empresas que participaram?

 

Um desafio recorrente entre os pequenos empresários era entender métricas de prospecção de oportunidades, leads, tráfego pago, entre outros indicadores de marketing digital. Algo que costuma ser complicado para quem não tem uma equipe especializada. Com os assistentes de IA, conseguiram melhorar significativamente os resultados, tanto em marketing digital quanto na gestão de tráfego pago.

 

O processo de construção desses assistentes permitiu que eles entendessem de forma didática o que precisava ser ajustado. Coisas que poderiam levar anos para aprender ou que ficavam obscuras por causa de agências externas, agora ficaram claras.

 

A grande vantagem é que a IA utilizada, por meio de assistentes de ChatGPT, é simples de usar. Não é necessário criar um software do zero, são poucas etapas para configurar, e qualquer pessoa consegue aprender. Na prática, pelo menos quatro empresas relataram que a gestão de tráfego e de oportunidades mudou completamente graças à aplicação da IA.

 

E olhando para frente, quais tendências você vê para pequenas empresas?

 

Quando o dono do negócio participa de uma consultoria como essa, é muito diferente. No Procompi, por exemplo, o empresário é o idealizador do negócio, o comandante da embarcação. Quando ele participa, vê a inovação acontecendo de perto e começa a querer empreender novos projetos. Já estamos vendo demandas surgindo para a criação de startups, muitas delas voltadas não apenas para resolver problemas da própria empresa, mas de toda a cadeia. É fantástico ver pessoas que nunca imaginaram empreender em inovação de IA agora dizendo: estou querendo fazer isso pra mim.

 

Em um curto período, um ou dois meses, o empreendedor não só aplica a IA, mas sua mente passa a ter novas oportunidades de crescimento. Ele começa com um assistente, entende o processo e já quer modelar algo maior, evoluindo de assistentes para startups, mesmo sem nunca ter pensado nesse conceito antes. Para muitos, abrir uma startup é apenas abrir um novo CNPJ, mas o aprendizado e o insight criado nas imersões e consultorias vão muito além da IA, trazendo conceitos e fundamentos essenciais.

 

O valor percebido pelo empreendedor está exatamente aí: o conhecimento é aplicado de forma prática e clara, captando sua atenção de verdade. Sem essa atenção, não seria possível alcançar os resultados observados. A ideia de empreender, criar novas startups e pensar grande para o Brasil e o mundo surge exatamente desse engajamento direto.

 

 

Quer implantar IA? A FIERN pode te ajudar!

 

Pequenas e médias empresas do Rio Grande do Norte estão descobrindo que inteligência artificial (IA) não é apenas para grandes corporações. Com o apoio do Procompi, em parceria com o Instituto Euvaldo Lodi (IEL-RN) e o Sebrae RN, o estado já conta com ações que ajudam a aplicar IA de forma prática.

 

A iniciativa inclui oficinas e consultorias personalizadas para mapear tarefas repetitivas, criar assistentes digitais e aumentar a produtividade. Com isso, tarefas que antes levavam horas podem ser concluídas em minutos, liberando tempo para que os colaboradores foquem em criatividade, estratégia e conexão com clientes. A ação é coordenada pela Gerência de Inovação e Tecnologia da FIERN, e já beneficiou mais de 30 empresas no estado.

 

Conheça o Procompi!

 

Programa de Apoio à Competitividade das Micro e Pequenas Indústrias (Procompi) é uma iniciativa da Confederação Nacional da Indústria (CNI) e do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), voltada ao fortalecimento das pequenas indústrias brasileiras.

 

Até o final de 2025, estão previstas ações por todo o país em setores como: vestuário, mineração, alimentos e bebidas, sempre com foco em gestão, sustentabilidade, inovação e capacitação técnica.

 

A Ajuda Tá Aqui

 

Esse conteúdo faz parte do quadro mensal A Ajuda Tá Aqui, criado para traduzir ações do Procompi em dicas reais para micros e pequenas empresas. A ideia é mostrar que dá, sim, pra crescer com propósito, com apoio, conhecimento e inspiração de quem já está fazendo.

 

Por: Sara Meneses
Artes: Juliana Bezerra
Da Agência de Notícias da Indústria