Hoje o debate sobre o sistema educacional no país, com todos os seus desafios e impactos no desenvolvimento social e econômico, está voltado para o novo Plano Nacional de Educação. O PNE estabelece as diretrizes, metas e estratégias para as políticas educacionais em um período de 10 anos. Encerrada a vigência do plano 2014-2024, começaram as discussões sobre a nova lei.
Para os participantes do Seminário Internacional SESI de Educação, realizado na manhã desta quarta-feira (28) como parte da programação do Festival SESI de Educação, há dois consensos de onde o novo PNE deve partir.
O primeiro é que temos um cenário desolador, com índices alarmantes e a maior parte das metas não alcançadas. O segundo é que precisamos dar uma atenção especial aos jovens, ao ensino médio e à formação para o mundo do trabalho.
“O PNE 2024-2034 vai seguir a lógica do retrovisor ou preparar o país para o desafio desse século? O Plano anterior cumpriu apenas 40% das metas de educação básica. Quais as causas do fracasso? O acesso está garantido, a aprendizagem não”, alertou Maria Helena Guimarães, conselheira do Conselho Estadual de Educação de São Paulo e referência na área no país.
Os números que alertam para a crise na educação
A partir da provocação, ela apresentou dados que mostram a crise do sistema educacional, especialmente nos anos finais da educação básica. De cada 10 alunos que ingressam no ensino médio, apenas 69 concluem os estudos, e sem os níveis de aprendizagem adequados. Antes mesmo de chegar a essa etapa, os estudantes já sofrem com a distorção idade-série.
Segundo Maria Helena, o Brasil tem uma média de 16% dos estudantes no 6º ano com pelo menos dois anos de atraso escolar. Esse é um aluno que, provavelmente, vai contribuir para as altas taxas de evasão no ensino médio. Ela lembrou dos 9 milhões de brasileiros de 18 a 29 anos que não concluíram a última etapa da formação básica.
Para concluir, a conselheira defendeu que, diante desse quadro, as prioridades do novo PNE devem ser a primeira infância, o desenvolvimento de habilidades básicas cognitivas e socioemocionais, a formação dos jovens para o mundo do trabalho e a formação docente. “Precisávamos de mais tempo para ter uma discussão plural e efetiva do novo PNE. E temos que estabelecer poucas metas e que sejam exequíveis”, pontuou.
Formação para o mundo do trabalho
O debate sobre o PNE 2024-2034 puxou outra discussão, a da preparação para o mercado de trabalho. Apenas 22% dos estudantes seguem a trajetória estudantil para o ensino superior, então é indispensável que o jovem que conclui o ensino médio tenha a opção da formação profissional para melhores oportunidades no mundo do trabalho.
Confira as principais declarações dos participantes do Seminário Internacional SESI de Educação:
Rafael Lucchesi, diretor de Desenvolvimento Industrial e Economia da CNI e diretor Superintendente do SESI
“A educação é o principal fator de competitividade de um país e necessita de reflexão de toda a sociedade. No Brasil, a gente acha que vai resolver o problema da participação dos trabalhadores no PIB brasileiro com leis no Congresso, mas é com o aumento da produtividade do trabalho, que vai dar sofisticação para os recursos humanos, para quem vai trabalhar e quem vai empreender no país.”