Por que o Rio Grande do Norte é o maior potencial de energia renovável do Brasil

18/07/2022   12h19

 

Ela ilumina nossa casa, nos leva até o trabalho, está presente até nas horas de lazer: as diferentes fontes de energia são essenciais em nossa vida. Mas, nem sempre toda essa comodidade vem de uma fonte energética limpa e o mundo está pagando caro por isso. É que a energia suja não é renovável e sua fonte se esgota com o tempo. Como se isso não bastasse, ela ainda é associada à poluição e é uma das principais causadoras do aquecimento global.

 

Ainda bem que encontramos uma saída com as fontes de energias renováveis, e temos um estado em especial no Brasil que tem potencial de ser protagonista na produção de energia limpa no mundo: o Rio Grande do Norte.

 

O Rio Grande do Norte hoje é considerado o maior potencial eólico do Brasil. Ele está em primeiro lugar em número de potência fiscalizadora (potência mensurada no momento de operação) de aproximadamente 7 GW. Para se ter uma ideia, 1 GW consegue abastecer aproximadamente 3 milhões de pessoas. O consumo total do estado precisa de pouco mais de 1 GW, ou seja, o que sobra, tem potencial de gerar energia para outras 17 milhões de pessoas, o equivalente à população dos estados do Paraná, Espírito Santo e Tocantins juntos.

 

O estado também conta com 218 parques eólicos, sendo o segundo no país em número de parques, e atualmente gera um quarto da energia eólica no Brasil.

 

A Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Norte (FIERN) trabalha para impulsionar a energia limpa no estado. O presidente da FIERN, Amaro Sales de Araújo, explica que a Federação tem atuado em diversas frentes.

 

Amaro Sales, presidente do Sistema FIERN Foto: Moraes Netto

 

 

Uma das iniciativas é a Mais RN, centro de inteligência e planejamento estratégico da economia potiguar, que reúne informações e propostas para criar um ambiente favorável aos negócios e ao empreendedorismo.

 

“O Mais RN acompanha tanto a energia eólica quanto a energia solar do Brasil e Rio Grande do Norte. Monitoramos projetos outorgados e também aqueles futuros, além de acompanhar mês a mês os números do setor, sistematizando e disponibilizando toda essa informação em plataformas digitais, para empresários, investidores, a sociedade como um todo”, afirma. O objetivo é apresentar os resultados e captar recursos para investir no setor.

 

“A energia solar é outro destaque no estado. Possuímos em todo o Brasil 5 GW de operação e, no RN, só em energia solar nós temos 0,1 giga de potência fiscalizada; mais quase 3,5 de potência outorgada em projetos futuros,” reforça.

 

Sales também destaca o Centro de Tecnologia do Gás e Energias Renováveis (CTGAS-ER) e o Instituto de Inovação (ISI-ER) do SENAI-RN: “Esses institutos são hoje a maior referência nacional na área de pesquisa e desenvolvimento de energias renováveis. Em um estudo recente realizado pelo SENAI-RN, por meio do CTGAS-ER, levantou-se que, só de potência, o Rio Grande do Norte e Ceará conseguem gerar perto de 145 gigas, então é, por assim dizer, um mundo à parte offshore que existe de potência”, explica.

 

O Rio Grande do Norte conta com 98 empreendimentos solares, com destaque para os municípios de Areia Branca e Assú

Pesquisa e Inovação em energia renovável são marcas do SENAI-RN

 

SENAI-RN trabalha com pesquisa e produção de energias limpas desde 2004. O Diretor do CTGAS-ER e do ISI-ER, Rodrigo Mello, explica algumas das linhas de pesquisas desenvolvidas pelos institutos: “Nós trabalhamos com diversas fontes de energia renovável, dentre elas, biocombustíveis e combustíveis limpos, como o hidrogênio. Também trabalhamos com biomassa e fontes orgânicas, e agora, nós estamos com uma pesquisa em andamento que é o querosene de aviação a partir de fonte orgânica”, relata

 

Outro fator importante é a oferta e disponibilidade dos serviços energéticos a todo momento, em quantidade suficiente e a preços acessíveis. É o que chamamos de eficiência energética.

 

Rodrigo Mello explica que o Brasil tem destaque em segurança energética, e em especial, no Rio Grande do Norte. “Com esse Brasil continental, nós temos uma possibilidade imensa de ampliar a nossa geração a partir das fontes eólica e solar. Temos uma fronteira grande que se apresenta para o Brasil na área de energia eólica offshore, que é a energia eólica gerada no mar”, confirma.

 

 

Do Rio Grande do Norte para o Brasil

 

Para dar conta de tanta demanda no setor de energias renováveis, é preciso ter mão de obra. Para isso, o SENAI-RN, em parcerias com empresas do setor, tem realizado cursos de capacitação profissional em todo o país.
Uma das últimas turmas formadas foi fruto da colaboração do SENAI-RN com a Elera Renováveis, que promoveu o curso de iniciativa do Programa de Investimento Social e Complexo Solar Fotovoltaico de Janaúba, em Minas Gerais.

 

Eles receberam o certificado do SENAI de capacitação profissional, reconhecido em todo o Brasil. Graças a isso os convidados interessados foram convidados a participar do processo seletivo das equipes de montagem de rastreadores solares, uma ferramenta de última geração que potencializa a performance do Complexo Solar Janaúba.

 

O Complexo Solar Fotovoltaico de Janaúba está em fase de implantação e terá uma capacidade de gerar 1,2W, energia suficiente para abastecer 4,1 milhões de pessoas, o equivalente a Manaus e Curitiba juntas. A conclusão da obra está prevista para 2023.

 

A iniciativa formou 88 alunos do Curso de Iniciação Profissional em Instalação de Sistema Fotovoltaico, dos quais 75% dos alunos são mulheres

 

Outra empresa que faz parcerias com o SENAI-RN é a EDP Renováveis. Ela promoveu o programa “Keep it Local Solar”, coordenado pelo SENAI, que oferece curso de formação em Instalação de Sistemas Fotovoltaicos, atualmente desenvolvido no município de Lajes, RN.

 

É uma iniciativa que busca impulsionar a empregabilidade em zonas rurais e contribuir para a formação e criação de emprego, com a intenção de evitar que as pessoas deixem a zona rural. O programa oferece 25 bolsas totalmente gratuitas.

 

A EDP Renováveis é a quarta maior produtora mundial de energia eólica, presente em 26 mercados internacionais, e voltou os olhos para o Brasil e para o Rio Grande do Norte por reconhecer o potencial renovável no estado. É lá que a empresa concentra o maior número de empreendimentos eólicos e já tem projetos no estado superiores a 1 GW de potência instalada.

 

 

 

Os desafios para se implementar a energia limpa no país

 

A energia renovável é um sistema interligado e depende de infraestrutura. Alguns dos desafios são o deslocamento para implementar e transportar essa energia.

 

A FIERN vem trabalhando frente à órgãos governamentais para a criação de leis e para trazer segurança jurídica aos investimentos: “estamos dialogando com o CONEMA, o Conselho Estadual do Meio Ambiente do Rio Grande do Norte sobre uma nova proposta normativa. Esperamos que isso traga regras claras e parâmetros competitivos regionais”, afirma o presidente da FIERN, Amaro Sales de Araújo.

 

Há ainda gargalos para efetivar os offshore no Brasil, pois não existe regulamentação do setor. Sobre a energia vinda das torres no mar, a FIERN acompanha um projeto que cria um marco regulatório para o processo dessas usinas “Ainda está na fase de discussão no Congresso, mas abrange diretamente o nosso estado, já que o maior potencial offshore hoje é Rio Grande do Norte e Ceará”, comenta Sales.

 

O diretor regional do SENAI-RN, Rodrigo Mello, reforça que o Rio Grande do Norte se destaca no potencial de geração da chamada energia verde por sua localização na esquina do continente e próximo à linha do Equador. “Para se ter energia limpa, não basta ter dinheiro e tecnologia para produzir, é preciso ter as condições ambientais. E nós somos um dos melhores ambientes do mundo para se produzir essa energia na maior diversidade de matriz possível”, conclui.

 

Offshore, energia solar fotovoltaica que está prevista em futuros parques eólicos no mar, é a grande força para impulsionar a indústria verde no país

 

Por: Judith Aragão

Foto: Miguel Ângelo
Da Agência de Notícias da Indústria