Rio Grande do Norte terá de qualificar 85.901 trabalhadores para a indústria até 2023

30/09/2019   08h02

 

 

Com o avanço das energias renováveis e do conceito de indústria 4.0, as profissões transversais e ligadas à tecnologia estarão entre as mais buscadas nos próximos cinco anos no Rio Grande do Norte. Neste período, o estado tem o desafio de qualificar 85.901 trabalhadores em ocupações industriais nos níveis superior, técnico, qualificação e aperfeiçoamento. É o que mostra o Mapa do Trabalho Industrial 2019 e 2023, elaborado pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI) e publicado hoje (30).

 

 

O estudo se propõe a subsidiar a oferta de cursos da instituição, como também a apoiar jovens na escolha da profissão e trabalhadores que desejam se recolocar no mercado. As ocupações têm em sua formação conhecimentos de base industrial e por isso são oferecidas pelo SENAI, mas os profissionais podem atuar em qualquer setor da economia.

 

 

Divulgado nesta segunda-feira (30), o Mapa mostra que no topo do ranking por áreas que mais vão demandar a capacitação de profissionais com formação técnica no Rio Grande do Norte estão as chamadas transversais (3.203), ocupações compreendidas como aquelas cujos profissionais estão aptos a trabalhar em qualquer segmento, como técnicos em eletrotécnica e técnicos de controle da produção, pesquisadores e desenvolvimento. Seguido por energia e telecomunicações (2.017), metalomecânica (1.833), construção (1.507) e informática (1.493).

 

 

O diretor regional do SENAI-RN, Emerson da Cunha Batista, analisa que o fato do Rio Grande do Norte ter forte atuação nos segmentos de energias renováveis, com a liderança na geração de energia eólica no país e potencial de crescimento exponencial com a energia solar fotovoltaica reflete no fato de as duas áreas com maior demanda de formação técnica ser a de profissionais transversais e de energia e telecomunicação. Com as ocupações industriais de Técnicos em eletricidade e eletrotécnica e Técnicos em eletrônica liderando a demanda.

 

 

“Com a ascensão da indústria de energias renováveis, seja ela solar ou eólica, no estado, estão ligadas diretamente com essas áreas transversais. Porque não é só a instalação de painel solar fotovoltaico, há toda uma rede ligada que interfere e demanda profissionais qualificados. Construção civil não é apenas levantar prédio, há o estudo da acústica instalada nas paredes, da térmica de ambientes, do uso de sensores na parte elétrica para reduzir ou eliminar fiação”, explica ele.

 

 

Para 2020, o SENAI-RN tem previsão de 31 mil vagas para matrículas em cursos de educação profissional nas mais diversas áreas de atuação. “Tudo isso requer conhecimento, que deve ser começado o quanto antes para que esses profissionais estejam formados, nesses cinco anos, para atender a indústria e demais áreas que vão precisar deles. E começar hoje”, completa. Os cursos técnicos têm carga horária entre 800h e 1.200h (1 ano e 6 meses) e são destinados a alunos matriculados ou egressos do ensino médio.

 

 

 

As áreas com maior demanda por trabalhadores com cursos de qualificação estão confecção e vestuário, metalmecânica – área que deverá ter um acréscimo com a retomada do crescimento econômico -, além de construção, logística e transporte. E entre as ocupações estão operadores de máquinas para costura de peças do vestuário, padeiros e confeiteiros.

 

 

“O SENAI-RN dispõe em suas unidades, em Natal e interior, de cursos que atendem todas as áreas apontadas no mapa. Inclusive com formação e oferta de cursos também por demanda, quando temos listas de espera. Temos cursos nas áreas de construção, confecção, alimentos, panificação, energias, metalmecânica, entre outros, com  padrão de excelência e certificação”, lembra o diretor.

 

 

Já em nível superior, segundo o Mapa, as áreas de gestão, informática e construção serão as que mais vão precisar qualificar profissionais no período de 2019 a 2023,  no estado potiguar.

 

 

Formações estão ligadas às novas tecnologias

Com o advento da quarta revolução industrial, a chamada indústria 4.0, explica o diretor regional do SENAI-RN, Emerson da Cunha Batista, todas as profissões vão precisar de conhecimento sobre tecnologias, seja em pequenas aplicações, como uso de sensores, pequenas automações nos processos de produção, gestão ou eliminação de desperdícios.

 

 

“O uso das novas tecnologias não é somente numa visão futurística da robótica, mas nas pequenas automações também. O pedreiro, hoje, não trabalha só com a colher de pedreiro, ele vai ter que entender e lidar com máquinas, sensores que contam os tijolos que passam na esteira, por exemplo. Ou seja, requer esse conhecimento, a atualização por meio de cursos de formação, qualificação técnica”, explica o diretor.

 

 

No estado, segundo aponta o estudo, há uma forte tendência pelos cursos de aperfeiçoamento (formação continuada) de trabalhadores que já estão empregados. “Esta é uma demanda que nós já atendemos. São profissionais que já estão no mercado de trabalho e buscam se aperfeiçoar na área escolhida. A constância da educação continuada leva a excelência e contribui para a permanência, crescimento ou mesmo recolocação no mercado de trabalho”, disse.

 

 

Neste sentido, Emerson Batista observa que o mercado de trabalho prioriza o profissional que tem excelência na área de atuação. “O ideal é que o trabalhador, em vez de fazer muitos cursos de formação inicial em áreas diversas, ter foco numa área de atuação e realizar todas as qualificações necessárias para se tornar o melhor, o que traz as soluções”, afirma.

 

 

Em parcela menor (27%) no RN, estão aqueles que precisam de capacitação para ingressar no mercado de trabalho (formação inicial). Nesse grupo estão pessoas que vão ocupar tanto novas vagas quanto postos já existentes e que se tornam disponíveis devido a aposentadoria, entre outras razões.

 

 

CONHEÇA AS DEMANDAS DE CADA ÁREA:

 

Em formação técnica no Rio Grande do Norte, as áreas transversais; energia e telecomunicações; metalmecânica; construção; e informática são as que mais irão precisar de profissionais capacitados nos próximos cinco anos.

 

Áreas com maior demanda por formação – Técnicos

Áreas Demanda 2019-2023
Transversais 3.203
Energia e telecomunicações 2.107
Metalmecânica 1.833
Construção 1.507
Informática 1.493

 

 

Algumas profissões transversais permitem ao profissional exercer funções em quase todas as áreas e setores econômicos. O estudo mostra as dez ocupações que mais exigirão formação entre 2019-2023. Técnicos em eletricidade e eletrotécnica e Técnicos em eletrônica lideram a lista no Rio Grande do Norte. “São profissionais com qualificação que pode ser aplicada em qualquer área, na indústria, na construção, nos parques eólicos, em diversos campos”, explica Emerson Batista.

 

 

Ocupações industriais com maior demanda por formação dentro e fora da indústria – Técnicos

Ocupações Profissionais a serem qualificados  
Técnicos em eletricidade e eletrotécnica 1.111
Técnicos em eletrônica 1.007
Coloristas 951
Técnicos em operação e monitoração de computadores 806
Técnicos de planejamento e controle de produção 769
Técnicos de controle da produção 739
Técnicos mecânicos na fabricação e montagem de máquinas, sistemas e instrumentos 708
Técnicos de desenvolvimento de sistemas e aplicações 688
Supervisores da construção civil 579
Técnicos em telecomunicações 541

 

 

 

Já os cursos de qualificação são indicados a jovens ou profissionais, com escolaridade variável de acordo com o exercício da ocupação, e buscam desenvolver novas competências e capacidades profissionais. Ao final, o aluno recebe um certificado de conclusão. As áreas com maior demanda por trabalhadores com nível de qualificação, de acordo com o Mapa do Trabalho Industrial 2019-2023 serão:

 

 

Áreas com maior demanda por formação – Qualificação (+200h)

Áreas Demanda 2019-2023
Confecção e vestuário 6.249
Metalmecânica 3.859
Alimentos 3.766
Energia e telecomunicações 1.798
Têxtil 1.615

 

 

Áreas com maior demanda por formação – Qualificação (-200h)

Áreas Demanda 2019-2023
Construção 12.325
Logística e transporte 7.024
Transversais 6.226
Metalmecânica 2.772
Alimentos 2.717

 

 

Segundo o Mapa, entre as ocupações que exigem cursos de qualificação e que mais vão demandar profissionais capacitados estão operadores de máquinas para costura de peças do vestuário, padeiros e confeiteiros:

 

 

Ocupações industriais com maior demanda por formação dentro e fora da indústria – Qualificação (+200h)

Ocupações Profissionais a serem qualificados  
Operadores de máquinas para costura de peças do vestuário 5.745
Padeiros, confeiteiros e afins 1.569
Operadores de instalações de captação, tratamento e distribuição de água 1.449
Mecânicos de manutenção de veículos automotores 1.217
Trabalhadores polivalentes das indústrias têxteis 1.217
Mecânicos de manutenção de máquinas industriais 1.208
Trabalhadores de instalações elétricas 946
Trabalhadores na fabricação e conservação de alimentos 901
Instaladores e reparadores de linhas e cabos elétricos, telefônicos e de comunicação de dados 851
Eletricistas de manutenção eletroeletrônica 768

 

 

Ocupações industriais com maior demanda por formação dentro e fora da indústria – Qualificação (-200h)

Ocupações Profissionais a serem qualificados  
Ajudantes de obras civis 4.993
Motoristas de veículos de cargas em geral 4.843
Alimentadores de linhas de produção 4.258
Trabalhadores de estruturas de alvenaria 3.139
Trabalhadores de embalagem e de etiquetagem 1.959
Trabalhadores operacionais de conservação de vias permanentes (exceto trilhos) 1.412
Trabalhadores da mecanização agrícola 1.349
Trabalhadores da preparação da confecção de roupas 1.209
Apontadores e conferentes 1.170
Trabalhadores da fabricação de cerâmica estrutural para construção 1.152

 

 

METODOLOGIA

O Mapa do Trabalho Industrial é elaborado a partir de cenários que estimam o comportamento da economia brasileira e dos seus setores; projeta o impacto sobre o mercado de trabalho e estima a demanda por formação profissional industrial (formação inicial e continuada). As projeções e estimativas são desagregadas no campo geográfico, setorial e ocupacional, e servem como parâmetro para o planejamento da oferta de cursos do SENAI.

 

 

Na opinião do diretor-geral do SENAI, Rafael Lucchesi, conhecer as necessidades do mercado é fundamental para o planejamento da oferta de formação profissional. “O SENAI é referência em educação profissional porque está alinhado com as necessidades da indústria e mantém seus cursos atualizados com o que existe de mais avançado em termos de tecnologia”, explica.

 

 

A instituição possui o Modelo SENAI de Prospecção, que permite prever quais serão as tecnologias utilizadas no ambiente de trabalho em um horizonte de cinco a dez anos. A metodologia já foi transferida a instituições de mais de 20 países na América do Sul e no Caribe. O método foi apontado ainda pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) e pela Organização Internacional do Trabalho (OIT) como exemplo de experiência bem sucedida na identificação da formação profissional alinhada às necessidades futuras das empresas.

 

Confira na íntegra o Mapa do Trabalho Industrial do RN 2019-2023 

 

Por Sara Vasconcelos, jornalista Unicom/FIERN