AES Brasil terá parque operado 100% por mulheres no RN e inicia especialização técnica com o SENAI

15/02/2023   19h50

Especialização em Operação e Manutenção de Parques Eólicos teve aula inaugural nesta quarta-feira (15). Na imagem, alunas do curso com equipes da AES Brasil e do SENAI-RN

 

A AES Brasil, empresa geradora de energia 100% renovável, e o SENAI-RN, principal referência do SENAI no país em educação profissional para o setor, iniciaram nesta quarta-feira (15) a primeira especialização técnica voltada exclusivamente para mulheres, no Rio Grande do Norte, com foco em operação e manutenção de parques eólicos.

 

Durante o evento que marcou a aula inaugural do curso, a CEO da companhia, Clarissa Sadock, anunciou que o Complexo Eólico Cajuína – empreendimento da AES Brasil em construção no estado – será 100% operado com mão de obra feminina.

 

A primeira etapa do complexo tem início de operação previsto para o segundo semestre do ano e a expectativa, segundo Clarissa, é que a equipe seja selecionada entre as 76 especialistas que serão formadas no curso.

 

“Hoje o nosso principal polo de crescimento em geração eólica é no Rio Grande do Norte e, olhando para a nossa capacidade de seguir crescendo, que é o que chamamos de pipeline de projetos, podemos dizer que o maior potencial é também no estado”, disse a executiva.

 

“A princípio, vamos contratar 30 mulheres para operação do nosso novo Complexo. Montamos junto com o SENAI um curso de formação específica, para que possamos selecionar as que mais se enquadram na empresa do ponto de vista da qualidade profissional e se adequam melhor ao nosso estilo. O objetivo também é, claro, deixar um legado aqui, com mais pessoas especializadas para atender a demanda do setor”, acrescentou a CEO.

 

Clarissa Sadock, CEO da AES Brasil, anunciou que complexo eólico que a empresa está construindo no RN será operado só por mulheres

 

ESPECIALIZAÇÃO

O diretor do SENAI-RN e do Instituto SENAI de Inovação em Energias Renováveis (ISI-ER), Rodrigo Mello, citou o projeto como “um marco para o SENAI e um marco para o setor”.

 

A Especialização Técnica em Manutenção e Operação de Parques Eólicos selecionou 76 mulheres com formação em eletrotécnica, mecânica e segurança do trabalho. O processo seletivo recebeu aproximadamente 600 currículos e, devido ao alto nível das candidatas, o número de vagas, que seria originalmente 60, acabou ampliado.

 

As participantes têm entre 19 e 57 anos e são oriundas de 18 municípios do Rio Grande do Norte, incluindo Natal, Parnamirim, Mossoró, São Gonçalo do Amarante, Lajes, Macaíba, Angicos, Assu, Caicó, Canguaretama, Ceará-Mirim, Cerro Corá, Extremoz, Jandaíra, João Câmara, Nísia Floresta, Patu e Serra do Mel.

 

O curso em que embarcaram a partir desta quarta-feira terá 460 horas – o equivalente a aproximadamente seis meses – e será oferecido de forma gratuita, com aulas online (ao vivo) e um encontro presencial.

 

O diretor do SENAI-RN, Rodrigo Mello, citou o projeto como “um marco para o SENAI e um marco para o setor”

 

“O Rio Grande do Norte e o Brasil vivem um momento ímpar no assunto desenvolvimento de energias renováveis. Nós temos, no estado, cerca de 30% da capacidade instalada de tudo o que se produz no Brasil em energia eólica, temos vários parques sendo construídos, incluindo o empreendimento da AES Brasil e nós precisamos aproveitar as oportunidades”, disse Mello. “Esperamos que essa especialização seja a primeira de muitas oportunidades e a expectativa é que ela não só gere mais oportunidades, mas oportunidades de melhor remuneração e melhor qualidade de emprego”, complementou ele.

 

O Programa de Capacitação criado por meio da parceria está alinhado às estratégias da AES Brasil e do SENAI-RN com foco nos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), em prol de avanços em áreas como oferta de educação de qualidade, redução das desigualdades e igualdade de gênero. Também está inserido em esforços relacionados ao Pacto Global de Direitos Humanos, Trabalho, Meio Ambiente e Anticorrupção da Organização das Nações Unidas (ONU), que tem as duas instituições como signatárias.

 

Thaysa Mota, técnica em mecânica e estudante de engenharia, de 28 anos, destacou, como uma das alunas aprovadas para a especialização, “que espaços e oportunidades como esta são doses de esperança”. “Será um desafio particular para cada uma de nós e cada uma sabe o significado e o tamanho da força de seus sonhos”, disse em um discurso emocionado, em que fez menção a Celina Guimarães, Nísia Floresta e Ana Floriano, mulheres do Rio Grande do Norte que também tiveram trajetórias de pioneirismo e de busca por igualdade. “Elas ilustram nossas raízes e se tornam referência desse poder que traz a força de uma mulher”, frisou Thaysa, complementando: “Sou mãe de duas meninas e, diante das imposições sociais sobre qual deve ser o nosso lugar, busco, diariamente, ensiná-las de que o lugar de uma mulher é onde ela quiser.

 

Thaysa Mota, destacou, como uma das alunas aprovadas para a especialização, “que espaços e oportunidades como esta são doses de esperança”

 

A vice-presidente da Federação das Indústrias do Rio Grande do Norte (FIERN) e presidente do Sindicato de Material e Laminados Plásticos do RN (Sindiplast-RN), Maria da Conceição Tavares, representou o presidente da Federação, Amaro Sales de Araújo no evento e destacou que a iniciativa contribuirá para diminuir as desigualdades existentes no mercado de trabalho, ampliando a presença feminina no setor eólico.  “Esse curso certamente irá gerar mais oportunidades para uma atividade tão promissora”.

 

Secretária Estadual de Mulheres, Juventude, Igualdade Racial e Direitos Humanos, Olga Aguiar representou a governadora Fátima Bezerra na ocasião, frisando a importância de o estado ter mulheres qualificadas com formação técnica para um mercado em franca expansão, como o de energia. “Isto representa a promoção da igualdade de gênero, inclusão e cidadania”, disse Olga.

 

O evento contou com a participação de executivos e executivas da AES Brasil, da Secretaria de Estado do Desenvolvimento Econômico (Sedec), de representantes da equipe de educação profissional do SENAI-RN, da assessora de Mercado e Projetos da instituição, Amora Vieira, que lidera ações relacionadas aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), do Head de ESG da Associação Brasileira de Energia Eólica e Novas Tecnologias (ABEEólica), Felipe Vieira, e da Head da área ambiental da Associação, Daniela Coimbra Swiatec .

 

Maria da Conceição Tavares, vice-presidente da FIERN, afirmou que a iniciativa contribuirá para diminuir as desigualdades existentes no mercado de trabalho

 

INVESTIMENTOS

A AES Brasil nasceu em 1999 como uma empresa de geração de energia 100% renovável, um dos seus grandes diferenciais. O Rio Grande do Norte é um importante polo de crescimento para a Companhia, onde adquiriu e opera os complexos eólicos Salinas, em Areia Branca, e Ventus, em área que abrange os municípios de Macau e Galinhos.

 

O Complexo Eólico Cajuína, no qual tem contratos de autoprodução de energia firmados com BRF e Unipar, teve as obras iniciadas em 2022. É o primeiro, no estado, que está sendo construído pela companhia. O empreendimento está localizado na região dos municípios de Lajes, Angicos, Fernando Pedroza e Pedro Avelino.

 

A primeira fase do Complexo, situado na região do Sertão Central Cabugi, terá 324,5 Megawatts (MW) de capacidade instalada, com 55 aerogeradores; a segunda fase, 370,5 MW. Esses 695 MW do empreendimento se encontram em fase de construção e o complexo, que tem início de operação previsto para 2023, será operado 100% por mulheres.

 

“A equipe vai atuar em atividades de campo, de monitoramento da qualidade, por exemplo, do óleo, de manejo, de manutenção, de acompanhamento da segurança do parque, e tem a atividade de monitoramento também no escritório, que fica ao lado da nossa rede de transmissão e é onde, através dos computadores, dos softwares, nós acompanhamos a qualidade da operação dos aerogeradores”, exemplificou a CEO da empresa, Clarissa Sadock. O Complexo Eólico Cajuína poderá chegar a uma capacidade instalada total de 1,6 Gigawatts (GW)*.

 

*Sujeito a alteração em função de otimizações nos projetos