Criação de núcleo em Ciência de Serviços é tema de palestra de especialista para nomes do setor produtivo, na FIERN

4/05/2023   14h54

 

Com a presença de dirigentes e representantes de organizações públicas e da iniciativa privada, instituições de ensino e de fomento econômico, a Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Norte (FIERN) sediou palestra do médico e PhD em Ciências da Computação, Professor Fábio Gandour, Ex-Cientista-Chefe da IBM, que abordou o tema ‘A Ciência de Serviços’. O encontro, na Casa da Indústria, sede da FIERN, aconteceu na quarta-feira (3).

 

Um dos principais nomes na área de Ciência de Serviços, Gandour parabenizou a FIERN por promover o debate sobre este tema e antecipou a possibilidade de criação de um Núcleo de Ciência de Serviços no estado sob a coordenação da Federação. “É um caminho novo e a FIERN pode se estabelecer como um ente promotor da indústria de serviços”, declarou.

 

De acordo com o palestrante, há uma demanda de serviços muito grande no Rio Grande do Norte e mesmo no Brasil, sem que haja, até agora, nenhuma instituição que se dedique a esse assunto. “Vejo que há uma enorme oportunidade para isso”, frisou. Fábio Gandour se mostrou animado com o envolvimento no tema por parte dos dirigentes da FIERN e empresários que participaram da reunião. “Fiquei muito satisfeito, principalmente, pelas perguntas relacionadas ao tema”, analisou.

 

O diretor de Inovação da FIERN e presidente da Comissão Temática de Inovação, Ciência e Tecnologia (COINCITEC), Djalma Barbosa da Cunha Júnior, ressaltou que a palestra foi uma grande oportunidade de entender o que é a ciência de serviços e como pode contribuir para o desenvolvimento das empresas. “Uma oportunidade na formação das pessoas e alavancagem dos negócios com o aumento de produtividade e resultados”, comentou.

 

Ele reforçou as palavras do palestrante. “A Federação reúne condições para ser protagonista nesse projeto junto com o IEL”, disse. Djalma Júnior informou que o trabalho já foi iniciado. “Precisamos pegar a metodologia que ele tem e identificar setores em que vamos atuar”, comentou. “Um projeto ousado e inovador no que diz respeito à formação de pessoas”, concluiu Djalma.

 

 

O coordenador do MAIS RN, José Bezerra Marinho, ponderou a respeito da importância da palestra realizada. “Naquele momento, estavam criando condições para desenvolver um núcleo de prestação de um serviço essencial, que é a ciência dos serviços”, disse.

 

Marinho argumentou que “a grande importância da Ciência de Serviços é o fato de colocar o ser humano como centro e insubstituível parte do processo. O que diferencia serviço de produto é exatamente o toque humano que o serviço requer”. Ele destacou a presença de representantes do setor de turismo no encontro. “São os empresários responsáveis pela geração de mais da metade da produção do comércio e serviços no Rio Grande do Norte”.

 

Também participaram da reunião o diretor da FIERN José Garcia da Nóbrega; o superintendente do IEL-RN, Juan Saavedra; o gerente técnico do MAIS RN, Pedro Albuquerque; o diretor de Operações do SENAI, Emerson Batista; a gerente executiva de Saúde e Segurança na Indústria do SESI-RN, Maria Alice Soares de Carvalho.

 

Além deles, o encontro reuniu o presidente da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis (ABIH), Abdon Gosson; o vice-presidente da Unimed, Carlos Alberto Batista; o coordenador da Câmara Empresarial de Turismo da Fecomercio, George Costa; o diretor de estudos da Academia Brasileira de Qualidade, Kleber Nóbrega; a gerente de negócios do Banco do Nordeste, Ivaneide Oliveira, professor Éder, da UnP/Anima; o analista da Unidade de Inovação e Tecnologia do SEBRAE, Michele Trigueiro; o diretor de projetos do Instituto Metrópole Digital (IMD), Professor Jair Leite; Alberto Kastro, da Escola de Leads; e o empresário George Gosson.

 

 

Bate-papo – “A FIERN reúne condições para ser um ente promotor da indústria de serviços”

 O que é ciência de serviços?

É uma nova ciência que não é tão nova. Nasceu na virada do século (1999 para 2000) quando um grupo de empresas no Vale do Silício [nos Estados Unidos] percebeu que a mola propulsora da economia no mundo era e continuaria a ser a prestação de serviços. E que não existia nenhuma instituição de caráter acadêmico que pudesse formar profissional prestadores de serviços, com algumas exceções como hotelaria e hospitalidade. Essas empresas resolveram financiar a formação dessa nova área. Na ocasião, eu era professor visitante na Universidade da California em Berkeley e assumi a liderança na formação dessa nova área. E aí surgiu, há 20 anos, o SSMD – Service Science, Management, Engineering and Design. Esse sistema continua atual e foi isso que a gente trouxe ao abrigo da FIERN a quem agradeço muito.

 

Como vê a importância de a FIERN trazer a ciência de serviços para o debate junto com a iniciativa privada e a academia?

É interessante porque a FIERN é a Federação das Indústrias, mas o estado do Rio Grande do Norte tem um grau de industrialização relativamente pequeno quando comparado com outros estados mesmo aqui na região Nordeste. Portanto, a FIERN tem também essa oportunidade de expandir sua atuação promovendo uma prestação de serviço de qualidade. É, dessa forma, um caminho novo e inovador da FIERN poder se estabelecer como um ente promotor da indústria de serviços.

 

O senhor trabalhou por 28 anos na IBM e chegando a ficar por 10 anos no cargo de cientista-chefe. Como o senhor vê a evolução vivenciada nas últimas décadas? E o que vislumbra para o futuro?

De lá para cá, nesses 28 anos, a tecnologia teve um forte impacto na sociedade predominantemente positivo, mas também com alguns aspectos negativos. Mas evidente deles são as famosas fake news, que é o uso indiscriminado e incontrolado da tecnologia. Tecnologia é boa ou ruim? Ela é o que é. Boa ou ruim será o uso que vamos fazer dela. Portanto, tratemos fazer daqui para frente o melhor uso possível da evolução tecnológica.

 

Em suas apresentações, o senhor aborda os temas inovação, criatividade e tecnologia. De que forma vê uma interação entre essas três áreas?

Eu acredito que essas três áreas se encontram na felicidade do homem. Se a gente conseguir fazer elas convergirem com propriedade, o homem será mais feliz. Pelo menos é a minha crença de um pesquisador aposentado, mas não inativo. Eu continuo me dedicando ao assunto.

 

Qual sua expectativa para a ciência de serviços em Natal e no RN?

Eu saio com uma expectativa ótima. Eu entendo que o estado tem necessidade de receber um conhecimento desse tipo. A FIERN ocupa uma posição privilegiada para ser o hospedeiro desse incentivo. Pela reação das pessoas presentes, fiquei muito satisfeito porque parece que eles entenderam não só pelas manifestações feitas depois no debate, mas, principalmente, pelas perguntas relacionadas ao tema. E o apoio e interesse na criação de um núcleo de ciência de serviços aqui ao abrigo da FIERN para o RN, mas com possibilidade de alcance além de seus limites. Estou feliz com isso.