O mercado da mobilidade elétrica traz, pelo menos, oito áreas com oportunidades de negócios para o Rio Grande do Norte e o Brasil. Também abre possibilidades de qualificação para profissionais que queiram atender a futuras demandas não só no estado.
As conclusões fazem parte de uma análise do Centro de Tecnologias do Gás e Energias Renováveis (CTGAS-ER), do SENAI-RN, baseada em carências de serviços e fornecedores que o Centro identificou durante o projeto de desenvolvimento do Selvagem Elétrico – o primeiro buggy elétrico concebido no país para uso em regiões com dunas.
O protótipo do veículo foi produzido em parceria com a indústria potiguar de veículos Selvagem como parte do Projeto Verena, que o SENAI-RN e o CTGAS-ER executaram, no Brasil, com a Câmara de Indústria e Comércio da cidade de Trier (EIC Trier), da Alemanha.
O desenvolvimento do buggy foi liderado pelo CTGAS-ER e realizado em parceria com especialistas alemães e a Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN).
Oportunidades
“A manutenção e a montagem de pack de baterias (conjunto de células de bateria) é um mercado que pode ser atendido, assim como, a medida que a frota cresce, serão necessárias pessoas para vender estações de recarga e empresas especializadas em instalação e manutenção dessas estações”, exemplificou o coordenador do projeto de desenvolvimento do buggy, Davinson Rangel, durante apresentação do levantamento.
A análise apresenta as oportunidades de mercado em oito grandes áreas, incluindo Baterias, Eletroposto, Estação de recarga de alta potência, Conversão de veículo a combustão para elétrico, Desenvolvimento de componentes e serviços elétricos, Fabricação e Desenvolvimento de Baterias, Importação e Exportação de componentes, além de Venda de veículos elétricos (veja lista completa no final do texto). “São oportunidades que já estão surgindo e vamos ter demanda para isso”, frisou Rangel.
Na área de capacitação profissional, ele observou que o SENAI-RN está estruturando o primeiro laboratório do Nordeste para formação de profissionais que irão atuar na conversão e reparação de veículos elétricos, projeto que conta com apoio financeiro do Banco do Nordeste.
A previsão é que o curso derivado da iniciativa seja lançado no próximo ano. Outros programas de educação profissional na área também estão em estudo e a equipe da instituição já está se preparando, com formações em campos como “Trabalho em Veículos com Sistemas de Alta Tensão” e “Instalação de eletropostos”.
“São capacitações que nos habilitam a capacitar profissionais na área”, frisou o coordenador, acrescentando que entre as frentes contempladas nesses treinamentos estão “Perigos apresentados por alta tensão, ferramentas e Equipamentos de Proteção Individual (EPI’s) adequados para veículos elétricos, Procedimentos operacionais para desenergização de veículos, Dimensionamento de estação de recarga e Segurança na instalação”.
Os dados foram divulgados no painel “Capacitação e surgimento de novos negócios em mobilidade elétrica”, realizado dentro da programação do Fórum de Energias Renováveis, em Natal. O evento foi promovido pelo Polo de Energias Renováveis do Sebrae-RN com o apoio do SENAI-RN e da Federação das Indústrias do estado (FIERN).
O painel contou com a participação do presidente eleito do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do RN (Crea), Roberto Wagner Costa, e teve mediação do assessor técnico do Sebrae-RN, Edwin Aldrin Januário da Silva.
Segurança
Costa, do Crea, observou que o mercado de veículos elétricos está em expansão e que todo um ecossistema baseado na mobilidade elétrica está por se desenvolver ou se desenvolvendo.
Ele também ressaltou a importância da capacitação em meio ao “mar de oportunidades” que surge, para que seja possível avançar nesse mercado com segurança”. “Porque não é simplesmente pôr o veículo na tomada. Esse é um desafio de engenharia e há normas em discussão. Nós temos de ter cuidado com o tipo de instalação que vamos oferecer aos clientes”.
Segundo dados da Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE), o setor tem batido recordes no Brasil. Apenas de janeiro a outubro, foram emplacados 67.047 veículos eletrificados leves no mercado nacional, um aumento de 73% sobre o mesmo período de 2022 (38.663) e de 36% sobre as vendas totais do ano passado (49.245).
O país já se aproxima dos 200 mil veículos eletrificados leves em circulação, desde o início da série histórica da ABVE (2012). Em outubro, chegou a 193.486.
“O mercado, junto com a venda, vem possibilitando novos negócios e pode trazer outras oportunidades, de oficinas de reciclagem de baterias, até oficinas especializadas em veículos elétricos e outras atividades”, ressaltou Edwin Aldrin Januário da Silva, durante o painel.
Confira, a seguir, as oportunidades levantadas pelo CTGAS-ER:
Manutenção de baterias;
Montagem de pack de baterias.
Vendedores de estação de recarga;
Empresas especializadas em instalação;
Manutenção de estação de recarga.
Empresas especializadas em dimensionamento de estações de recarga de alta potência.
Aplicação para veículos pesados.
Oficinas especializadas em Retrofit
Conversores DC/DC;
Carregadores portáteis e estação de recarga
Inversor e Motor
Display
Veículos elétricos
Baterias Lítio
Baterias de LFP
Bateria de Nióbio (>95%)
Novas tecnologias de baterias
Componentes para montagem de pack de baterias
Baterias
Motor e inversor
Bms
Conversores dc-dc
Estação de recarga
Veículos elétricos
Carros
Patinetes
Motos
Ônibus
Fonte: SENAI CTGAS-ER
Texto e fotos: Renata Moura