Diretor do SENAI-RN apresenta desafios e oportunidades para o hidrogênio em evento da Abimaq

13/03/2023   09h18

Rodrigo Mello participou do Webinar “Hidrogênio Sustentável – Inovação e energias Renováveis”, da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq)

 

 

Desafios e oportunidades para o desenvolvimento da indústria e do mercado de hidrogênio no Brasil foram apresentados pelo diretor do SENAI-RN e do Instituto SENAI de Inovação em Energias Renováveis (ISI-ER), Rodrigo Mello, no Webinar “Hidrogênio Sustentável – Inovação e energias Renováveis”, da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq). 

 

O evento foi transmitido ao vivo no YouTube, com participação de representantes de indústrias, universidades e outras instituições focadas no setor (Clique aqui para assistir).

 

“Essa é uma indústria e um mercado em desenvolvimento no Brasil que realmente merece atenção”, disse Rodrigo Mello. “O assunto está em ebulição no mundo”.

 

A apresentação incluiu um panorama atual e projeções para a matriz elétrica brasileira, “uma matriz extremamente limpa”, segundo Mello, em um cenário de expansão para as fontes renováveis, com uma série de novos parques de geração já aprovados ou em construção.  O diretor apresentou a energia eólica offshore como “a nova fronteira” e chamou de “fantástico” o potencial projetado para o hidrogênio.

 

“Chega a hora de termos a oportunidade de incrementar a balança comercial do Brasil com o assunto energia, que neste momento, no mundo, se não for o principal produto estratégico, certamente é um dos principais produtos estratégicos da humanidade”, disse ele, acrescentando que o país tem, entre outros pontos a seu favor, uma diversidade invejável de fontes de energia e demanda internacional aguçada por essa energia. 

 

O mundo, disse Mello, espera por isso. “E chegou a oportunidade das empresas e da sociedade brasileira se apropriarem de oportunidades de negócio, de geração de riquezas, nesta cadeia, a partir do hidrogênio”. 

 

O Hidrogênio

O hidrogênio renovável, ponto central da apresentação à Abimaq, é um gás menos poluente, obtido como hidrogênio verde – proveniente da eletrólise, um processo físico-químico que utiliza a energia de fontes renováveis como eólica e solar – ou, por exemplo, a partir de matérias-primas orgânicas, como o bioetanol e o glicerol provenientes da produção do biodiesel. São alternativas à produção a partir de gás metano, mais comum hoje e mais poluente. 

 

O hidrogênio verde é o que mais se discute no país e é enxergado como caminho estratégico do Brasil para transportar energia para outros países. “Há oportunidades de negócios, de tecnologia e na balança comercial”, analisa o diretor do SENAI-RN e do ISI-ER.

 

A indústria do setor está em processo de estruturação nacionalmente, e à espera de regulamentação – um dos aspectos abordados pelo diretor no Webinar da Abimaq. “Já estamos de forma acelerada ou na velocidade adequada neste caminho”. 

 

Mello também citou o desenvolvimento tecnológico entre os degraus que o Brasil precisa galgar para impulsionar essa indústria. Hoje, disse ele, “existem mais perguntas do que respostas” nesse campo.

 

A apresentação incluiu também rotas de produção e projeções de custo de produção do hidrogênio, assim como oportunidades para a cadeia de suprimentos e produção de hidrogênio, incluindo compressores, dessalinizadores, eletrolisadores, reservatórios e filtros. “Há muita pergunta sem resposta nesses setores ou com necessidade de melhoria para as respostas que já existem”, pontuou Rodrigo Mello. 

 

Pesquisadores do Instituto SENAI de Inovação em Energias Renováveis, principal referência do SENAI no Brasil em Pesquisa, Desenvolvimento & Inovação (PD&I) com foco em energia eólica, solar e sustentabilidade,  estudam e executam projetos envolvendo rotas alternativas de produção de hidrogênio – aquelas que não geram emissão de carbono no processo industrial – há mais de 10 anos. Em um dos projetos atuais, o hidrogênio é um dos insumos para a produção de combustível sustentável de aviação.

 

Educação

No campo da educação, a Cooperação Brasil-Alemanha para o Desenvolvimento Sustentável, por meio da GIZ (sigla em alemão para Deutsche Gesellschaft für Internationale Zusammenarbeit) e o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI), com apoio do Ministério de Minas e Energia (MME), assinaram, no ano passado, um acordo pioneiro para a criação do primeiro Centro de Excelência em Hidrogênio Verde no Centro de Tecnologias do Gás e Energias Renováveis (CTGAS-ER), do SENAI-RN, em Natal (RN), e de mais cinco “Hubs” regionais de educação e treinamento no Ceará, Paraná, Bahia, São Paulo e Santa Catarina. 

 

Com a parceria, coordenada pelo CTGAS-ER, o SENAI vai oferecer formação profissional em relação às bases técnicas de produção, armazenamento, transporte e aplicação do hidrogênio verde por meio de cursos profissionalizantes, capacitações técnicas, especializações e intercâmbio de conhecimento entre especialistas do Brasil e da Alemanha. 

 

“Estamos desenvolvendo os caminhos de formação de mão de obra para o setor de hidrogênio, quais são os perfis que vão trabalhar no chão de fábrica, quais os itinerários formativos, a estrutura laboratorial. Tudo isso nós entregaremos ao final deste ano aos governos do Brasil e da Alemanha a partir do nosso centro no Rio Grande do Norte, do CTGAS-ER e do ISI-ER.

 

Mello citou o desenvolvimento tecnológico entre os degraus que o Brasil precisa galgar para impulsionar a indústria do hidrogênio

 

“Mapa da mina”

Alberto Machado, diretor de Energia da Abimaq, ressaltou que o objetivo do Webinar foi “abrir a visão de que há recursos no Brasil, principalmente para apoio às atividades de pesquisa e desenvolvimento, além de ferramentas de formação de pessoal na área”. 

 

A intenção, observou ele, era “mostrar o mapa da mina, de como as empresas podem participar e ter acesso” a esse segmento. 

 

O presidente do Conselho de Mercado de Hidrogênio da Abimaq, Marcelo Veneroso, destacou que o hidrogênio é uma oportunidade para a indústria de máquinas e equipamentos. 

 

“É um segmento que está se abrindo com oportunidades tanto de negócios como de novas rotas para as nossas indústrias, uma vez que vem com o desafio tecnológico, com desafio de logística e com diversos outros que farão com que nossas empresas trabalhem muito no sentido de inovação e revisão de processos para ganhar o mercado e conquistar novos ambientes de negócio”, disse ele.

 

O vice-presidente do Conselho, Idarilho Gonçalves Nascimento Neto, avaliou o hidrogênio como “tema empolgante”, que tem experimentado avanços distintos, em diferentes países, de acordo com a necessidade energética”. “É um setor que transpassa horizontalmente distintos segmentos industriais”, observou ainda, sobre as oportunidades enxergadas no horizonte no Brasil. 

 

A Abimaq representa um mercado de 1.800 empresas fabricantes de máquinas e equipamentos, das quais 1.700 são associadas à entidade. As demais, segundo o diretor de Energia, participam via Sindicato de Máquinas e Equipamentos.