Diretor do SENAI-RN e do ISI-ER destaca ‘oportunidades a mais’ com eólicas offshore

30/11/2023   15h47

Apresentação foi realizada durante Workshop sobre a Margem Equatorial, no ciclo de debates Geopolíticas – Petróleo e Transição Energética

 

O Brasil tem muito o que crescer com a intensa demanda mundial por energia e não pode deixar de pensar em “oportunidades a mais” que existem com o potencial de produção desse insumo concentrado em estados da região Nordeste, diz o diretor do SENAI do Rio Grande do Norte e do Instituto SENAI de Inovação em Energias Renováveis (ISI-ER), Rodrigo Mello.

 

“Há oportunidade de criação de uma indústria de alta tecnologia, de incremento da pauta de exportações do país como um grande fornecedor internacional de energia limpa e de contribuição dessa indústria para a diminuição das desigualdades regionais”, acrescentou ele, durante a apresentação “Energia eólica offshore no litoral do RN e as perspectivas de H2”, realizada na Universidade Federal do Rio Grande do Norte.

 

As análises integraram o ciclo de debates Geopolíticas – Petróleo e Transição Energética, promovido pela Federação Brasileira de Geólogos (Febrageo) e a Associação Profissional de Geólogos do Rio Grande do Norte (Agern), em parceria com a UFRN e a Universidade Federal Rural do Semi-Árido (UFERSA). O evento reuniu especialistas, representantes de empresas, do setor público, pesquisadores e estudantes, em uma série de discussões sobre temas como Margem Equatorial, economia do mar, planejamento costeiro e marinho.

 

Rodrigo Mello destacou, na abertura da programação, que “as grandes ondas de crescimento do Brasil se deram com a participação dos geólogos” e que “o mercado está extremamente aquecido no Rio Grande do Norte com a participação de novos atores na atividade do petróleo e o retorno da Petrobras, na perspectiva de exploração da Margem Equatorial”. 

 

O diretor do SENAI também participou da abertura da programação, quando destacou o aquecimento do mercado na esteira da atividade de óleo e gás e de investimentos para a transição energética

 

“O Brasil aparece no cenário mundial como um dos grandes supridores potenciais de energia e não pode abrir mão desta fonte de riqueza que ora aparece na Margem Equatorial, uma região que infelizmente coincide com os mais baixos IDHs (Índices de Desenvolvimento Humano) do país”, observou ele. 

 

“Nós, enquanto União, não podemos abrir mão da geração dessa riqueza. Não podemos abrir mão da exploração do óleo e gás nessa região atendendo a todas as exigências da sociedade, e procurando as soluções para que a exploração seja devida e a implantação da mais nova fronteira energética, que é a energia eólica do offshore, também se efetive”, complementou ainda.

 

Oportunidades

O diretor apresentou a capacidade de produção de energia eólica do Brasil como “espetacular”. Também detalhou que 85% da energia elétrica do país é renovável e que há muito a evoluir ainda com energia limpa. “Ainda há um uso intensivo de petróleo e derivados, um uso de gás natural importante…então é possível a gente evoluir muito ainda em substituição de fontes de energia e isso pode e deve se dar muito a partir da energia eólica do offshore”, frisou. 

 

A regulamentação do setor, um bom desenvolvimento tecnológico, o alcance da competitividade e de escala para que a atividade possa contribuir com a transição energética foram listados por ele entre os desafios nesse contexto. “No SENAI, nós temos vários trabalhos voltados a isso”, disse o diretor, dando exemplos de projetos na área como a BRAVO – Boia Remota de Avaliação de Ventos Offshore – tecnologia desenvolvida de forma inédita no Brasil para prospecções ligadas à energia eólica offshore, em uma parceria do ISI-ER com a Petrobras. 

 

Mello também ressaltou que o SENAI do Rio Grande do Norte foi a primeira instituição do país a realizar estudos sobre o potencial da energia eólica no mar, “quando ninguém nem falava no offshore”. “Foi o SENAI do Rio Grande do Norte que começou a tratar desse assunto no Brasil”.

 

Para o executivo, “é preciso pensar em oportunidades que existem, porém, para além do levantamento de dados. Mas pensando toda a cadeia de suprimentos para que a energia chegue em nossas casas – e a outros países”. 

 

“Essa energia”, complementou ainda, “provavelmente será exportada diretamente como hidrogênio ou a partir de algum combustível produzido com o hidrogênio”

 

No contexto internacional, a demanda por energia limpa cresce e é impulsionada por compromissos ambientais que diversas nações assumiram para reduzir emissões de gases do efeito estufa, tornando a possibilidade de exportação da chamada “energia dos ventos” promissora para o mercado brasileiro.

 

“O país conta com uma capacidade espetacular de produção de energia no offshore (com futuros parques eólicos no mar), fora o que já produz no onshore (em terra), numa perspectiva de Brasil tropical, gigantesco, de Norte a Sul podendo ampliar a produção de energia limpa também a partir da fonte solar e da produção de biomassa, com a agricultura comercial mais competitiva do mundo”.

 

A apresentação do diretor foi realizada em uma das frentes da programação do Geopolíticas, o “Workshop Margem Equatorial”. Glênio Correia Jr, coordenador de Parcerias e Portfólio em Eólicas Offshore da Petrobras, e Marcelo Soares, pesquisador e professor associado do Instituto de Ciências do Mar (Labomar), da Universidade Federal do Ceará (UFC), também participaram.

 

Texto e fotos: Renata Moura