Primeiro nanossatélite da indústria brasileira é lançado em órbita nos EUA

17/04/2023   11h01

É do Brasil e com selo SENAI. O nanossatélite VCUB1 desenvolvido pela Visiona Tecnologia Espacial, joint-venture entre a Embraer e a Telebras, foi lançado nesse sábado (15) da Base de Lançamento de Vandenberg, na Califórnia, nos Estados Unidos. O VCUB1 é o primeiro satélite de observação da Terra e coleta de dados projetado pela indústria nacional, e deverá demonstrar a capacidade da indústria brasileira de realizar missões espaciais avançadas. O lançamento foi transmitido, em tempo real, pela SpaceX.

 

O nanossatélite foi desenvolvido em parceria com o Instituto SENAI de Inovação em Sistemas Embarcados, de Florianópolis (SC). O principal objetivo da missão é validar a arquitetura do satélite e o seu software embarcado, de forma a poder usá-los em satélites de maior porte. A Visiona implementou, e irá testar no VCUB1, o software que integra o computador de bordo, o cérebro do satélite, incluindo o sistema de controle de órbita e atitude, inédito no país, bem como o sistema de gestão de dados de bordo, que permite o controle de todos os componentes do satélite.

 

“O lançamento do VCUB1 é histórico para a indústria aeroespacial brasileira porque coloca o país em um seleto grupo de nações que dominam todo o processo de desenvolvimento de satélites e nos capacita para voos ainda maiores e o SENAI foi parte importante nessa jornada”, afirma o presidente da Visiona Tecnologia Espacial, João Paulo Campos. “O VCUB1 materializa um esforço de anos para a criação de uma empresa integradora de sistemas espaciais brasileira iniciado com o programa SGDC”, enfatiza.

 

A Terra vista de cima, em detalhes

 

Durante o período do nanossatélite em órbita, a Visiona validará ainda o software de comunicação do satélite, importante para implementação dos serviços finais e para garantir a segurança das comunicações e do controle do satélite, elemento importantíssimo para a nossa soberania no espaço. A missão também permitirá a qualificação no espaço da câmera OPTO 3UCAM, a primeira câmera reflexiva projetada e produzida no Brasil.

 

O projeto possui apoio financeiro da Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial (Embrapii) e do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI). O VCUB1 conta ainda com uma rede de parceiros formada por instituições como o Governo de Santa Catarina, o Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), a Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais (CPRM), o Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA), a Agência Espacial Brasileira (AEB), o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), o Instituto Natureza do Tocantins (Naturatins), a Petrobras Transporte (Transpetro) e a Prefeitura de São José dos Campos, além de empresas da base industrial brasileira como a OPTO, a AMS Kepler, a Metalcard e a Orbital Engenharia, entre outras.

 

Um laboratório no espaço

 

As tecnologias de software de computador de bordo do satélite OBDH (On-Board Data Handling), o Sistema de Controle de Atitude e o de Rádio Definido por Software, criados, testados e validados no âmbito do projeto, são estratégicos.

 

O OBDH, por exemplo, é considerado o cérebro de um satélite, responsável pelo controle dos subsistemas de bordo e a interface com o solo e as operações. Já o sistema responsável pelas funções de navegação, apontamento e controle permite que a câmera seja apontada com precisão para onde se deseja coletar imagens. Na prática, a partir deste projeto a Visiona terá capacidade para projetar e produzir satélites funcionais de vários portes.

 

“O satélite proporcionará importantes avanços para a indústria, agricultura e outros setores da economia e da sociedade brasileira. Os dados e imagens poderão ser utilizados na agricultura de precisão, com o monitoramento de lavouras; controle da base florestal, podendo mapear diferentes tipos de cobertura vegetal, permitindo, por exemplo, distinguir, áreas de pasto, canaviais ou florestas nativas”, ressalta o presidente da Federação das Indústrias de Santa Catarina (FIESC), Mario Cezar de Aguiar.

 

Sobre a missão de lançamento

O lançamento do VCUB1 foi contratado junto a empresa de logística e transporte espacial D-Orbit e foi lançado pelo foguete Falcon 9, dentro da missão Transporter 7, que colocará em órbita diversos pequenos microssatélites e nanossatélites para clientes comerciais e governamentais.

 

Após o lançamento, o VCUB1 deverá ser levado à sua órbita final de forma precisa pelo veículo de transferência orbital ION da D-Orbit e passará por um período de estabilização e testes preliminares. Em seguida, serão realizados os testes de validação das tecnologias embarcadas no satélite, sua missão principal, para que entre em operação definitiva na prestação de serviços de sensoriamento remoto e coleta de dados pela Visiona.